Ela
foi a musa de Drácula e de Edward Mãos de Tesoura e estrela de
diversas grandes produções do cinema nos anos 1990, mas seu último grande papel
foi em 1999, com "Garota
Interrompida", filme que revelou Angelina
Jolie.
De
lá para cá, no entanto, Winona Ryder
parece ter sofrido da mesma "maldição"
que sua personagem em "Cisne Negro":
a bailarina decadente que tem que ceder seu lugar sob os holofotes para as
novas estrelas — impossível não imaginar o paralelo que o diretor Darren Aronofski fez entre ela e Natalie Portman, a protagonista do
filme.
Tivesse
Portman sido estrela nos anos 1980 e 1990, e Winona nos anos 1990 e 2000, a
inversão de papéis talvez tivesse sido a mesma. Devido a seu tipo físico, ambas
as atrizes sempre interpretaram personagens mais jovens que elas, bastante
sensíveis e, em alguns casos, à beira da loucura.
Agora,
Winona está de volta como estrela da nova série de terror/suspense da Netflix "Stranger Things" — criada pelos irmãos Mark e Ross Duffer e
lançada no dia 15 de julho. Esta é sua primeira série de TV como protagonista.
Durante
uma entrevista por telefone feita na semana passada, a atriz falou de como
fazer 40 anos foi libertador em termos de escolha de papéis.
"Eu tive muita sorte. Desde que cheguei aos
40, foi meio que libertador para mim. Finalmente consegui um papel de acordo
com minha idade. Por alguma razão, durante meus 30 eu tinha dificuldade em
fazer esse tipo de papel porque as pessoas sempre associaram meu trabalho a
papéis que fiz quando era muito jovem. E, vocês sabem, conforme você envelhece,
quer fazer coisas diferentes e não ficar se repetindo", analisa.
No
entanto, sua personagem Joyce não é necessariamente algo que fuja totalmente ao
repertório de Winona.
Mãe
de um garoto que fora abduzido por criaturas desconhecidas, ela fica obcecada
por encontrar o garoto e vai se descolando da realidade.
Passada
no ano de 1982 e ambientada em uma pequena cidade do interior americano, "Stranger Things" tem em sua
direção de arte e em seu estilo de narrativa um tanto "noir"
semelhanças com "Twin Peaks",
da David Lynch — série cuja
ressurreição já está em curso pelo canal Showtime.
Obviamente
que a população da cidade passa a ver com estranheza o comportamento de Joyce —
assim como sua Mina, em "Drácula de
Bram Stoker" ou sua Susanna em "Garota Interrompida". E mesmo Winona Ryder, a atriz, já deu motivos para ter sua sanidade posta
em xeque, especialmente quando veio a público sua cleptomania ou, ainda,
durante esta entrevista, quando a reportagem perguntou a ela qual a relevância
dos anos 1980 para a história contada em "Stranger Things". Ela começa a falar sobre teorias
conspiratórias.
"Definitivamente há algo de muito diferente
naquele tempo. Obviamente, eu hesito em usar a palavra 'inocente', porque havia
coisas terríveis acontecendo no mundo [nos anos 1980], como o apartheid, a
corrupção no governo Reagan etc. E esta série tem um elemento muito importante
que são as teorias conspiratórias, nas quais eu acredito piamente",
diz a atriz.
Embora
pareça um pouco descompensada ao misturar diversas ideias numa mesma narrativa
e de repetir constantemente a muleta linguística "you know" a cada frase (o equivalente ao "tipo assim" no português), a
construção de sua personagem não é ilógica.
O
que acontece com minha personagem é o pior pesadelo de qualquer pai. Fiquei
pensando nisto depois dos atentados de Orlando. Chorei o dia todo. Não saber
onde está seu filho e não tê-lo por perto é inimaginável