A
voz tranquila podia até disfarçar à primeira vista, mas Thiago Braz travava uma guerra constante contra sua mente. Bem
antes desta noite, o medo de fracassar vinha sendo a maior armadilha, na qual
ele caiu algumas vezes. Mas quis o destino que a confiança viesse no momento e
no local certos, justo diante da maior pressão de toda sua vida. Aquele menino
inseguro, abandonado na infância pela mãe, acabou acolhido de forma calorosa
pela torcida do Engenhão. Foi mágico ver o jovem de Marília superando o sarrafo
como se estivesse respondendo a quem duvidou.
Enterrou todos os fantasmas e se reinventou saltando impressionantes
6,03m para levar a medalha de ouro, com direito a novo recorde olímpico.
A
conquista teve doses extras de emoção. O ouro só viria se o brasileiro passasse
de seis metros, algo que nunca havia alcançado. Mas ele conseguiu ser o
primeiro atleta do continente a fazê-lo, na segunda tentativa. Viu o até então
campeão olímpico e recordista mundial indoor, o francês Renaud Lavillenie, errar duas vezes os 6,03m e uma os 6,08m, já no
tudo ou nada. Sucumbiu com cara de espanto, levou a prata com 5,98m e reclamou
das vaias da torcida. O bronze ficou com o americano Sam Kendricks, com 5,85m.
- Agradeço muito a Deus por tudo, por esse
momento. É uma oportunidade incrível. As pessoas acreditaram em mim, estavam do
meu lado me apoiando. Poder completar uma prova com recorde pessoal e recorde
olímpico, ganhando medalha de ouro... É inexplicável - comemorou.