segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sobre a bunda (considerações sobre o universo da poupança)... Por MarcosV DeMorais

Drummond chamou-a de duas luas. E a bunda ficou também assunto de verso, quando terreno seu era calçadão, praia e fio dental. O fio dental na verdade foi a revolução francesa da bunda. Feito exclusivamente para a bunda, ajudou-a libertar-se, para que se mostrasse toda, avantajada, sensual, de responsa. E foi-se logo embora o tempo que a bunda vivia de baixo de sete anáguas e tantos saiões. A bunda trocou tudo isso, serelepíssima, pela calça jeans justa, marcando-lhe o contorno; e pela mini-saia, provocando meio mundo num movimento de sobe e desce, sensualizando a popa. A bunda simplesmente se tornou o máximo. Primeiro passo para a consagração.

Intelectualizou-se logo-logo como nome de revista, porque os caras só pensavam na bunda. Bundas foi nome de revista e matéria de uma edição inteira. Dizia a turma do Pasquim, que fazia a revista Bundas: você verá bundas na Caras, mas  jamais verá caras na Bundas.  E tocaram a traçar uma tipologia das bundas. Tudo enriquecido com ilustração para tornar fácil identificar um tipo delas por aí a fora. Basta ver uma bunda, que já se sabe, sem erro, de que tipo se fala. Mas há também por aí o Guia Ilustrado das bundas, mais atualizado, esse só se vendo, e são elas, enumeradas, classificadas e catalogadas em categorias tipológicas que correspondem bem ao que se vê e imagina. Tem a mole, a caída, a tábua, a siliconada, a grande, a photoshopada ou virtual, a saúva, a pequena e a empinada.

Bunda também é nome próprio. Nome de um detetive que tinha uma tão, mais tão avantajada, que caiu como codinome, Jaime Bunda, o detetive, também nome do romance do qual é personagem, de autoria do escritor angolano Pepetela (no Brasil saiu pela editora Record). Um livraço, e não pense que para comportar o tamanho da bunda, mas pela qualidade da história, que descamba para a crítica da herança colonial portuguesa na África. E de bunda se pode dizer mais, em consulta a Cascudo, um pasquinista, Sérgio Augusto, reuniu os mais de trocentos nomes que a bunda pode ter: poupança, fon-fon, bumbum, nádegas, assento, traseiro, busanfa, derriere (esse afrancesado), são alguns deles. Contou mais de 140 formas diferentes de se dizer bunda. Outros apostam que se pode chegar há mais de duzentas formas, o que prova que a bunda é coisa comentada, falada e dita, e de tantas maneiras.

A bunda é inesquecível. Falacíssima. É bem coisa de brasileiro. Não que os outros não a tenham. Apesar de bundas iguais as nossas não serem vistas em canto nenhum – tanto que as mulatas brasileiras vivem no topo do ranking. Por aqui a bunda é reverenciada, adorada, é até paixão nacional, formando palanque com a praia, a cerveja e o futebol. Até ganhar atributos de fruto, ganhou; pois o que é a mulher melancia senão uma popozuda que a natureza assim fez na formatação peso e tamanho de uma melancia? Ou quem sabe o silicone e a prótese ajudaram... e há também as similares menos avantajadas: pêra, uva, maça,  um desbunde que é uma verdadeira salada tropical.

Por MarcosV DeMorais

15 comentários:

  1. Esse Marcos Vinícius DeMorais só pode está na secura para fazer uma coisa tão indecente dessa. Vou dar uns endereços de bordeis aqui de João Pessoa para ele.

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  2. AMEI A CRÔNICA. QUERO MUITO CONHECER O AUTOR SÓ PELO NOME CHICK.

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  3. Uma Crônica sobre bunda?! Acho que ele poderia escrever algo mais interessante do que tal besteira.

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  4. Certa dia meu pai levantou o jornal e disse: "meu filho, levanta essa bunda da cadeira e faça alguma coisa!". Foram suas últimas palavras para mim, pois ele morreu de overdose três horas depois. Isso marcou minha vida. Por isso que ao ler essa crônica eu chorei.

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  5. Na verdade, é tudo uma questão evolucionária: a Razão Cintura-Quadril.

    É uma medida que além de indicar, com uma alta probabilidade de acerto, a possibilidade da pessoa ser saudável, também é reflexo da quantidade de hormônio feminino que ela possui.

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  6. Já vi que ninguém entende nada de bunda, tampouco de uma sociologia da bunda, patrimônio nacional! Inspirou até Niemeyer a projetar Brasília...uns neófitos...

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  7. Curti muito esse lance de bunda. Eu gosto muito de bunda. Já tomei até Postafem e Buclina para deixar a minha grande.

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  8. CARO Marcos Vinícius DeMorais VOCÊ FOI MUITO FODA EM ESCOLHER LOGO ESSE TEMA PARA INICIAR SUA INCURSSÃO NO PONTO ZERO. ME AMARRO NESSE TIPO DE TEXTO E RI MUITO COM MEUS AMIGOS AQUI EM SAMPA QUANDO ENTREI NA PÁGINA HOJE MAIS CEDO.

    PARABÉNS MEU IRMÃO! É DESSE TIPO DE COISA QUE O POVO GOSTA. BUNDA, MAS SEM VULGARIDADE.

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  9. Bunda é realmente um vício nacional.. mas prefirom muito mais peitos.

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  10. Gostei bastante do glúteo texto. Hoje em dia fala-se que, quem não tem bunda é um desbundado, no passado era sinônimo de porra louca, fui orgulhosamente um desbundado. Lá em Portugal apelidaram a maravilhosa bunda de cu; isso mesmo ¨CU¨, é costume deles pedirem para os menores tirar o cu do assento e ceder o lugar pros mais velhos. É um país aonde a boa educação manda ceder o cu desde pequenino, pois.

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  11. JA DIZ O DITADO POPULAR: BUNDA É COMO DESGRAÇA, SÓ PRESTA GRANDE KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

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  12. Se eu encontrar esse cara aqui por Mossoró, juro que beijo a bunda dele.

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  13. Um cronista tão maravilhoso feito você, não deveria se limitar apenas a um trabalho nesse blog. Queremos mais!!

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  14. kkkkkk Você foi FUNDO no seu proposito. Quero ler mais.. dessa vez algo masculino.

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  15. Tenho horror a mulher perfeitinha.
    Sabe aquele tipo que faz escova toda manhã, tá sempre na moda e é tão sorridente que parece garota-propaganda de processo de clareamento dentário?
    E, só pra piorar, tem a bunda dura!? Pois então, mulheres assim são um porre. Pior: são brochantes. Sou louco? Então tá, mas posso provar a minha tese. Interessados?

    Adorei o texto. Deveria escrever mais.

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