Conhece
o “True Blue”, disco da Madonna de 1986? Ontem, dia 30 de
junho, ele era lançado 30 anos atrás. O álbum já começa icônico por conta da
capa, feita pelo lendário Herb Ritts,
fotógrafo de moda de altíssimo nível que amava fazer fotos p&b (alguns anos
depois, era ele que assumiria a direção do vídeo de “Cherish”, do álbum “Like a
Prayer”, aquele com Madonna na
praia com os “sereios”).
Mas
não foi só por isso que “True Blue”
foi um marco na carreira da cantora. Na época, nos anos 80, Madonna tinha bombado e estourado por
conta do álbum de estreia, que tinha “Holiday”,
“Borderline” e “Lucky Star”, e depois por conta do “Like a Virgin”, que dispensa comentários.
Era
uma artista nova, iniciante. Será que ela conseguiria dar sequência ao sucesso?
Era só uma moda passageira ou era uma artista que veio para ficar?
Respostas
para essas perguntas: “True Blue”
foi o álbum de estúdio mais vendido da rainha do pop até hoje, com 24 milhões
de cópias vendidas. O disco está na lista dos 50 álbuns mais vendidos, em 45º
lugar, atrás da coletânea “Immaculate
Collection”, com 30 milhões de cópias, em 25º lugar.
Todos os singles foram parar no top 5 da
Billboard
Em
“True Blue”, todas as músicas
lançadas como single entraram no top cinco da Billboard Hot 100. Três deles, “Live
to Tell”, “Papa Don’t Preach” e “Open Your Heart”, foram parar em
primeiro lugar nas paradas. Na mesma época, Madonna também se consagrava como artista pop internacional
gigantesca com a turnê “Who’s That Girl
Tour”.
A
capa de Herb Ritts trazia a cantora
toda loira platinada, mega sexy, com o cabelo curtinho e completamente
irreconhecível, de perfil.
É
uma das imagens mais marcantes da história da música. A mudança no look chocou
e deu o que falar na época. Antes, Madonna
usava aqueles cabelões meio esvoaçados castanhos que praticamente toda artista
usava nos anos 80.
Era o início da “rainha da reinvenção”
Foi
nesta época que ela começou a ser reconhecida como uma artista que sabia se
reinventar, que brincava com a opinião pública, que provocava, que nunca
entregava o mesmo de sempre. Não só visualmente. Afinal, “True Blue” é totalmente diferente dos álbuns anteriores. Não só por
ser mega romântico e mega feminino, mas também por trazer elementos da música
clássica para o pop (o violino de “Papa
Don’t Preach” é um exemplo).
Era
a jogada de Madonna para conquistar
uma audiência mais madura e que exigia mais qualidade de sua música pop, que
até então era conhecida por “Material
Girl” e “Like a Virgin”.
A
voz fininha e bobinha da Madonna nas
músicas cheias de ironia anteriores foi trocada por um timbre mais grave
(lembro que isso deixou minha tia frustradíssima na época, gente).
Na
época, Madonna estava apaixonada e
tinha acabado de se casar com Sean Penn.
Por isso o disco fala de decepções amorosas (“Live to Tell”), de amor à primeira vista (“True Blue”) e também diversão (“Where’s
The Party”).
Era
também a primeira vez que Madonna
flertava com a música latina em “La Isla
Bonita”.
E os clipes, minha gente… E os clipes?
Não
acho que o “True Blue” seja uma dos
melhores discos dela. As músicas foram todas escritas e produzidas em parceria
com os dois colaboradores, Stephen Bray
e Patrick Leonard, e algumas são bem
estranhas, como “Jimmy Jimmy”, “White Heat”, “Love Makes the World Go ‘Round”.
Não
é um trabalho muito autoral e o disco não fecha muito bem como um todo, não é
nem um pouco redondinho.
Mas
é um bom álbum em que Madonna tenta
algo novo com a ajuda de amigos e acaba acertando em cheio na magnífica “Papa Don’t Preach”, na balada lindíssima
“Live to Tell”, na divertidíssima “Where’s the Party” e na fofa girlie “True Blue”.
O
grande trunfo da rainha do pop nesse terceiro disco foi conseguir se manter no
topo, se reinventar, mostrar que consegue entregar um som mais maduro, mais
hinos pop e provar que ainda tem ambição para muito mais.
“True Blue” traz uma Madonna apaixonada, romântica, amável,
que flerta com os trabalhos anteriores sem se repetir. Trinta anos atrás, esse
era apenas o começo de um trajetória impecável na música pop.