quarta-feira, 20 de julho de 2016

“Make Me”: hit ou apenas mais uma faixa esquecível?

Basta uma fração de segundo para se formar a primeira impressão sobre algo ou alguém. Com o tempo de uma piscada de olho, o nosso cérebro constrói imagens difíceis de serem desmanteladas. Com isso, eu te pergunto: como o seu cérebro processou o novo single da Britney Spears, ‘Make Me’? A música bateu em sua cabeça e se transformou em um dos grandes hits deste ano? Ou te deixou com uma pulga atrás da orelha sobre o que ela está preparando para o nono disco de sua carreira? Esta música pode ser o resgaste do que ela sabe fazer de melhor: hits.

A cantora dominou as paradas no final dos anos 1990 e também na década seguinte com álbuns clássicos que foram cravados na história do pop como ‘…Baby One More Time’, ‘Oops!… I Did It Again’, ‘Britney’, ‘In The Zone’. Na época não tinha cantora ou boyband que pudesse ofuscar seus lançamentos. A princesinha do pop era onipresente no primeiro lugar dos discos mais vendidos (ainda vendiam CDs naquela época) e primeiro lugar cativo na MTV por conta dos seus clipes cinematográficos (ainda não tinha YouTube). Sendo assim, quando temos o anúncio de qualquer disco, turnê ou música de Britney Spears, é gerada uma GRANDE expectativa.

Os dois registros que temos do #B9, seja lá qual for o nome do novo disco dela, têm uma produção consistente e inserção de novos nomes para trazer cenários diferentes em suas composições. Estas preocupações são super louváveis, afinal, a cantora já tem duas décadas de carreira no music business.

Make Me’ tem um refrão pegajoso, uma base meio rock e uma cadência gostosa de ouvir. Eu não entendi muito bem a escolha de G-Eazy no featuring desta faixa. Spears tem um bom tamanho para rejeitar parcerias que chegam de sua gravadora ou do produtor que está com ela. O trabalho do músico é, digamos, medíocre. A nova safra do rap norte-americano atravessa uma fase de ouro e escolher algum nome mais relevante não seria uma tarefa difícil: Mac Miller, Chance the Rapper, ASAP Rocky, Clams Cassino, Vince Staples. A música é um grande avanço após o lançamento de ‘Pretty Girls’, que tem a participação de Iggy Azelea. Um ponto positivo é que a faixa não envolta em toneladas de autotune, fator que já ouvimos muito em seus trabalhos. Claro, tem um pouquinho ali para dar um balanço, mas a voz baixa e sussurros são, digamos, mais naturais.

Se a música fez bem para o ouvido de alguns, podemos colocar a culpa em Matthew James Burns, mais conhecido como Burns. Ele é protegido de duas figuras sinistras da música eletrônica atual Calvin Harris e deadmau5, além de ser conhecido por colaborar com alguns nomes como Marina and the Diamonds e Ellie Goulding. Para quem quiser acompanhar mais de perto o trabalho de Burns, ele mantém um Soundcloud atualizado com suas últimas produções e remixes bem interessantes como este de ‘Work‘. Novos ares, um bom caminho para quem quer inovar.


Britney Spears está lapidando as suas novas músicas há cerca de dois anos em estúdio e parece estar disposta a causar uma impressão melhor do que ‘Britney Jean’, lançado em 2013. O oitavo disco de sua carreira poderia ter sido muito bem dois singles certeiros: ‘Work Bitch’ e ‘Perfume’. O resto do disco não chega ser ruim, mas passa bem longe da qualidade que esperamos de alguém que tem o cargo de princesa do pop, não? Basta dar uma olhadinha nos charts da Billboard neste período e ver que Britney Spears foi desbancada por alguns nomes como Taylor Swift, Katy Perry, Selena Gomez

Com o lançamento de ‘Make Me’, eu acabei sendo empurrado para outros lançamentos de Britney Spears e constatei que o hiato de entre ‘In the Zone’ e ‘Blackout’ foi um divisor de águas na vida dela. Todos nós sabemos que a cantora passou por uma grande crise neste período. A imagem dela com a cabeça raspada tentando acertar os paparazzi com seu guarda-chuva ainda é muito forte. A ex-atriz mirim do Clube do Mickey foi capa de diversos tabloides com uma sucessão interminável de dramas pessoais, atitudes descontroladas e ameaças suicidas. Deste período barra que ela passou, ‘Blackout’ e ‘Circus’ são discos que foram bem. Ambos possuem letras pegajosas, hits incontestáveis e a Britney que todos querem ver. Já os dois últimos trabalhos de estúdio ‘Femme Fatale’ e ‘Britney Jean’ não demonstram a mesma força.

Eu já tinha colocado o novo disco da Britney em outra avaliação quando saiu o sofrível single com a Iggy Azelea, mas, com ‘Make Me’, a cantora parece estar disposta a retomar o seu posto. Lembra do papo da primeira impressão é a que fica? Vamos ver o que o nono disco da Britney vai causar.