Com
o intuito de continuar expandindo seu universo na televisão, a DC resolveu ir além de Arrow e Flash para introduzir uma heroína em um universo paralelo: Kara
Zor-El (Melissa Benoist), mais
conhecida como Supergirl. Kara é
prima de Superman e foi enviada à
Terra para cuidar do ainda bebê Kal-El. No entanto, sua viagem teve um grande
contratempo e ela acabou presa por diversos anos em uma região no espaço onde o
tempo não passava. Com 13 anos de idade, chegou ao planeta Terra e foi adotada
pela família Danvers, mantendo seus poderes em segredo por 12 anos, até o dia
em que decidiu que era hora de usá-los para fazer o bem. Ainda criança, recebeu
a visita do já adulto Superman (ele
aparece de relance no primeiro episódio, sem mostrar o rosto).
Mas
apesar da necessidade da agenda feminista ser colocada em prática, sua primeira
aparição pública ao salvar passageiros em uma queda de avião gera comentários
dos quais contradiz esta abordagem: durante a cena, uma moça diz: “Dá para acreditar? É uma (heroína) mulher”,
como se jamais houvesse nenhum tipo de mulher neste universo para ser
considerada como tal. Sem contar a ênfase exagerada da mídia em um universo
onde o Superman já é uma realidade
(e tratado de forma deselegante pelos produtores em suas participações nada
especiais). Além disso, a introdução de James Olsen (Mehcad Brooks) na série subitamente como a pessoa responsável por
decidir o futuro de Kara soa forçado e tira também o livre-arbítrio da heroína.
Brooks não deixa a desejar nas atuações, mas seu personagem e sua relação
artificial e sem química com a Supergirl
são elementos que atrasam a trama e poderiam ser revistos pelos produtores. Por
sorte, Melissa Benoist está bem
caracterizada e à vontade na personagem, sendo o ponto alto da série por seu
carisma.
Como
funcionária de uma editora de jornal chamada CatCo (assim como Clark, Kara
também trabalha regularmente escondendo sua identidade), Kara é assistente da
chefe da empresa, Cat Grant (Calista
Flockhart). Cat é quem decide dar à nova heroína de National City o
codinome “Supergirl”, mais uma vez
indo em contra a vontade própria de Kara (ao qual queria ser chamada de “Superwoman”). Por outro lado, é
inegável a importância de Cat no desenrolar da trama, especialmente por sua
personalidade e humor, sendo uma acertada mentora para a protagonista. Na
empresa, Kara também conhece Winn (Jeremy
Jordan), colega de trabalho que mais tarde, como parceiro, elabora o
uniforme da heroína, com uma capa à prova de balas e de fogo, mas não de
kriptonita — elemento abordado desde o início para introduzir a vilã da série:
a própria tia de Kara. A atração de Winn por Kara fica evidente, mas após ser
"rejeitado" por ela, sua
presença demora para alavancar até conseguir ser "amigo" de novo da colega em cenas desnecessárias.
No
meio do desenvolvimento, "vilões da semana" (imigrantes alienígenas
vindos do espaço) surgem como ameaças e Kara precisa enfrentá-los com a ajuda
do Governo. Mas com pouco aprofundamento em cada um, a série mostra seu tom
teen de ser, apostando em um público alvo bem diferente de outras séries de
super-heróis enquanto caminha seus episódios de forma inconsistente, se
apoiando em uma personagem carismática e ao mesmo tempo insegura até seu
progresso no fim da temporada, onde mostrou sua força. O crossover de Flash, por exemplo, trouxe um ânimo
maior ao seriado, principalmente pela química entre Kara e Barry Allen. Agindo
como parceiros improváveis (Barry chegou ao universo de Kara por acidente em
uma de suas viagens no tempo), ambos criaram uma interessante ligação mesmo em
pouco tempo e garantiram um episódio ("Worlds Finest”) agradável. Mas não foi o suficiente para
engrandecer o fraco roteiro, desperdiçando o series finale com ameaças banais e
soluções repletas de clichês, mesmo com a mensagem de esperança estando
presente como nos quadrinhos.
A
primeira temporada de Supergirl
estreou no dia 26 de Outubro de 2015 na emissora CBS e se encerrou no dia 18 de Abril de 2016, contendo 20
episódios.