Após
o debut irregular em Pablo Honey
(1993), o Radiohead volta em seu 2º
álbum de estúdio, The Bends, com
mais criatividade e eleva seu conceito musical com elementos mais acessíveis ao
público, embora se martirize excessivamente nas letras. Lançado no dia 13 de
Março de 1995 e com produção de John
Leckie, este trabalho conta com 5 singles, com destaque para "Fake Plastic Trees", possivelmente
a melhor composição do grupo britânico.
Em
sua abertura espacial, "Planet Telex"
é um claro alento à disposição sonora da banda; "todos estamos quebrados…", salienta Yorke com sua mente
girando em um mundo desnorteado; "The
Bends", a faixa-título, retorna ao plano tradicional enquanto
questiona: "Para onde vamos daqui?",
em mudanças repentinas de altos e baixos na instrumentação, novamente falando
sobre seu lugar no mundo, comparando sua terra com um "mar de medo".
O
belo riff acústico de "High and Dry"
antecede a melodia agradável cantada por Yorke, ao qual se eleva suavemente no
refrão: "Não me deixe mal, não me
deixe sozinho…", pede em um ambiente acolhedor até a guitarra ganhar
notoriedade com um solo bem introduzido por Jonny Greenwood nesta peça bem elaborada; continuando com a
elevação artística, "Fake Plastic
Trees" entra em cena para conquistar de vez o ouvinte com seu charme
no violão e sua melodia doce com toques de romantismo. Sua construção bem
definida, com uma letra que deixa em evidência a falta de autenticidade no
mundo, se guia até um clímax intenso para logo voltar ao estado inicial
reluzente, se consagrando como a melhor peça do disco e do grupo.
"Bones" tenta colocar sentimentos
nos ossos do ouvinte com sua forte presença instrumental; "não quero ser um inválido destruído…",
diz o protagonista na canção mais pesada do álbum, contrapondo com "(Nice Dream)" em seu suspiro
nos raios de sol, deleitado o viajante em sonhos puros que fazem alusão aos
anjos celestiais até a guitarra entrar com fervor em sua reticência organizada.
"Just" entra em uma ambientação
demasiada grunge e destoa do restante do disco com ataques pessoais e uma letra
por vezes desagradável; "My Iron
Lung" utiliza alguns elementos da faixa anterior, mas é mais acessível
em seus primeiros arcos, com solos controlados na guitarra e melodia que tenta
alcançar uma nota única no topo, mas seu terceiro movimento retorna com a
instrumentação afligida e desmonta a conexão com o ouvinte.
"Bullet Proof… I Wish I Was" mostra
a fragilidade emocional do viajante solitário; "eu desejaria ser à prova de balas…", revela em melodias
aprazíveis, guiada por um ritmo lento e conjurado dos instrumentos em sua
autêntica abertura sentimental, também embalada pelo belo clima de romance em
"Black Star" com sua letra
profunda na compreensão do amor, acendendo o ritmo com a grande combinação de
bateria e guitarra em seus encontros programados decrescentes, sendo uma peça
rara no disco, ao qual dá continuidade ao mesmo conceito musical em "Sulk" em seus versos, embora aqui a
guitarra exagere em sua dimensão.
Como
libertação emocional, "Street Spirit
(Fade Out)" surge de modo icônico com seu arpejo, como se entrasse em
um túnel escuro de lamentação para extrair do sofrimento as lições mais
valiosas de cura interna. É definitivamente a canção mais lúgubre da banda,
especialmente com a constância que Yorke dá no refrão, sem quebras, poetizando
um estado de espírito assolado pelo tempo; mas também é uma reconquista para
quem enfrenta a obscuridade e encontra luz no fim do caminho, sendo capaz de
levar o ouvinte ao seu renascimento.
Os
9 álbuns de estúdio do Radiohead: Pablo Honey (1993), The Bends (1995), OK Computer (1997), Kid A (2000),
Amnesiac (2001), Hail to the Thief (2003), In Rainbows (2007), The King of Limbs (2011) e A Moon Shaped Pool (2016).