Strange Little Birds, o 6º álbum de estúdio da banda Garbage e o segundo trabalho independente do grupo após Not Your Kind of People (2012) chegou
às lojas no dia 10 de Junho de 2016 como uma mudança no horizonte do quarteto,
apostando em um rock vigoroso e na adição de elementos eletrônicos para criar
uma ambientação moderna na lamentação e sofrimento das composições, embora as
letras se percam por vezes pelo excesso de clichê adolescente.
Impulsionado
pelo lançamento do single "Empty"
no mês de Abril, Strange Little Birds
inicia com "Sometimes" com
dramaticidade até a entrada sinistra nos versos; "às vezes eu sei que não é sua culpa, mas eu te culpo mesmo assim…",
diz a letra cheia de insegurança e tormento, cantada na íntegra do mesmo jeito;
"Empty" já traz mais
ferocidade, embora mantenha a frustração da protagonista em seus
questionamentos íntimos e sua batalha pessoal.
"Blackout" possui uma linha de baixo
atrativa e uma guitarra que parece acender repentinamente no meio do apagão em
versos envolventes. A chegada do refrão alcança uma interessante estrutura
musical, mas seu terceiro arco se perde no meio da escuridão até voltar com
energia no mesmo atrativo refrão de antes; "If I Lost You" inicia com uma boa batida e um fundo enigmático,
só deixando a desejar na dependência emocional da letra; "há vezes quando eu te vejo conversando com
outras meninas… (que) eu me sinto insegura…", diz em uma melodia
suave.
"Night Drive Loneliness" fala sobre
a solidão da protagonista em noites onde o arrependimento por certos atos fica
cada vez mais evidente. A voz melosa parece viajar nos sons futuristas enquanto
a lamentação dos versos tenta suprir emoções perdidas ao longo do processo;
"Even Though Our Love Is Doomed"
é bem similar à anterior, mas possui mais energia musical e uma letra mais
profunda: "Por que matamos as coisas
que mais amamos?", se pergunta a vocalista, antes de questionar se o
amado poderia lhe amar por aquilo que ela se tornou.
"Magnetized" é uma sensação de
paralisia em função de como um sentimento por alguém pode influenciar sua mente
e corpo. A entrada da banda gera um belo ritmo de rock eletrônico e combina com
a fantasia da composição; "We Never
Tell" é mais energética e menos poética, mas ganha destaque com a
união dos instrumentos e carrega nos ombros um coro que parece querer definir
um novo caminho para seguir sem se preocupar com o que passou (nas músicas
anteriores), revelando em "So We Can
Stay Alive" uma conversa informal com o ouvinte, começando com a
indagação: "Imagine isso: nós
fazermos a coisas certas…", abre o verso antes da ambientação crescer
exponencialmente até a guitarra parecer destoar com algumas arranhadas menos
envolventes. Mas a canção é longa e tem tempo para enfatizar os bons elementos
várias vezes antes do seu desfecho.
"Teaching Little Fingers to Play"
mostra uma mente que justifica certas escolhas ruins pela juventude, porém
encara o presente com a consciência de um ser crescido, sem ninguém para
consertar alguns erros. A melodia é envolvente, até mais do que a
instrumentação, levando o ouvinte em sintonia para o desfecho do álbum em
"Amends", uma música com ar
de mistério que avança em seu ritmo como se estivesse desbravando suas virtudes
em uma natureza virgem. Há uma explosão sonora em sua metade final, como gritos
de imposição de alguém já determinado a encarar seus desafios com uma mente
mudada e amadurecida.