quarta-feira, 29 de junho de 2016

Crítica | Garbage - Strange Little Birds

Strange Little Birds, o 6º álbum de estúdio da banda Garbage e o segundo trabalho independente do grupo após Not Your Kind of People (2012) chegou às lojas no dia 10 de Junho de 2016 como uma mudança no horizonte do quarteto, apostando em um rock vigoroso e na adição de elementos eletrônicos para criar uma ambientação moderna na lamentação e sofrimento das composições, embora as letras se percam por vezes pelo excesso de clichê adolescente.

Impulsionado pelo lançamento do single "Empty" no mês de Abril, Strange Little Birds inicia com "Sometimes" com dramaticidade até a entrada sinistra nos versos; "às vezes eu sei que não é sua culpa, mas eu te culpo mesmo assim…", diz a letra cheia de insegurança e tormento, cantada na íntegra do mesmo jeito; "Empty" já traz mais ferocidade, embora mantenha a frustração da protagonista em seus questionamentos íntimos e sua batalha pessoal.


"Blackout" possui uma linha de baixo atrativa e uma guitarra que parece acender repentinamente no meio do apagão em versos envolventes. A chegada do refrão alcança uma interessante estrutura musical, mas seu terceiro arco se perde no meio da escuridão até voltar com energia no mesmo atrativo refrão de antes; "If I Lost You" inicia com uma boa batida e um fundo enigmático, só deixando a desejar na dependência emocional da letra; "há vezes quando eu te vejo conversando com outras meninas… (que) eu me sinto insegura…", diz em uma melodia suave.

"Night Drive Loneliness" fala sobre a solidão da protagonista em noites onde o arrependimento por certos atos fica cada vez mais evidente. A voz melosa parece viajar nos sons futuristas enquanto a lamentação dos versos tenta suprir emoções perdidas ao longo do processo; "Even Though Our Love Is Doomed" é bem similar à anterior, mas possui mais energia musical e uma letra mais profunda: "Por que matamos as coisas que mais amamos?", se pergunta a vocalista, antes de questionar se o amado poderia lhe amar por aquilo que ela se tornou.

"Magnetized" é uma sensação de paralisia em função de como um sentimento por alguém pode influenciar sua mente e corpo. A entrada da banda gera um belo ritmo de rock eletrônico e combina com a fantasia da composição; "We Never Tell" é mais energética e menos poética, mas ganha destaque com a união dos instrumentos e carrega nos ombros um coro que parece querer definir um novo caminho para seguir sem se preocupar com o que passou (nas músicas anteriores), revelando em "So We Can Stay Alive" uma conversa informal com o ouvinte, começando com a indagação: "Imagine isso: nós fazermos a coisas certas…", abre o verso antes da ambientação crescer exponencialmente até a guitarra parecer destoar com algumas arranhadas menos envolventes. Mas a canção é longa e tem tempo para enfatizar os bons elementos várias vezes antes do seu desfecho.

"Teaching Little Fingers to Play" mostra uma mente que justifica certas escolhas ruins pela juventude, porém encara o presente com a consciência de um ser crescido, sem ninguém para consertar alguns erros. A melodia é envolvente, até mais do que a instrumentação, levando o ouvinte em sintonia para o desfecho do álbum em "Amends", uma música com ar de mistério que avança em seu ritmo como se estivesse desbravando suas virtudes em uma natureza virgem. Há uma explosão sonora em sua metade final, como gritos de imposição de alguém já determinado a encarar seus desafios com uma mente mudada e amadurecida.