A
revista Glamour elegeu Gwen Stefani como a “Mulher do Ano” de 2016! A cantora
estrelou a capa da edição de dezembro e, claro, concedeu uma entrevista. No dia
14, à 1AM no horário de Brasília, haverá um evento de premiação, Women of the Year Awards 2016, do qual
Gwen deve participar.
Confira
a matéria traduzida abaixo:
Gwen Stefani: “Sinto
como se tivesse acordado neste ano”
Gwen Stefani tem feito música desde 1987, há muito tempo, quando ela
era apenas uma adolescente “rata-de-shopping” no sul da Califórnia que decidiu
criar uma banda de ska, No Doubt,
com seu irmão. Todos sabemos o que aconteceu em seguida: Stefani liderou o
grupo à glória pop e então moldou sua própria categoria como artista solo,
vendendo mais de 30 milhões de álbuns no total.
A
vencedora de Grammys também se estendeu à moda, dando glamour a guarda-roupas
no mundo todo com sua linha de roupas L.A.M.B.
E mesmo com seu incrível sucesso, Stefani, como todos nós, duvida de suas
habilidades às vezes. Sentada em um sofá em um estúdio de fotos de Los Angeles,
ela relembra que, quando começou a aconselhar cantores no The Voice há algumas temporadas,
“Eu tinha que falar sobre
minha história e tentar convencer as pessoas sobre o quão boa eu sou. E eu
pensava, ‘Pera aí – sim, eu fiz isso, eu fiz aquilo. Uau!’ Isso me deu toda uma
confiança. Ajudou-me a escrever novamente e a reconhecer meu dom.”
Esse
aumento na confiança deu origem a uma série de novos marcos para Stefani: Seu
triunfante álbum solo This Is What the
Truth Feels Like, o primeiro dela em uma década, sem contar que é seu
primeiro a estrear na primeira posição. Ela o compôs no despertar do divórcio
do marido de longa data Gavin Rossdale,
transformando um coração partido em uma sequência de agitadas músicas pop do
tipo “se acabar de dançar”. Armada
com esses hits, Stefani saiu neste verão [inverno no Brasil] em sua primeira
grande turnê em anos (seus três meninos – Kingston,
10; Zuma, 8; e Apollo, 2 – juntaram-se a ela na estrada). Nesse meio tempo, ela supervisionou
a expansão de seu império da moda com duas novas coleções de óculos e uma linha
de roupas infantis de alta qualidade. E, como todo mundo sabe, ela também encontrou um novo amor: Blake Shelton, a estrela do country que
conheceu no The Voice. Em maio, os
dois cantaram sua música country, Go
Ahead and Break My Heart – a primeira tentativa de Stefani no gênero – no
programa, levando fãs a implorarem por um álbum completo de duetos.
Mas
a melhor coisa sobre Gwen Stefani é
que essa mulher faz as coisas do seu jeito – sempre, todo ano, toda década. Ela
torceu o nariz para restrições da sociedade depositadas nas mulheres
(lamentando, “Eu
estou por aqui!” na canção de 1995, Just A Girl). Ela defendeu a excentricidade com sua moda peculiar.
E ao escrever música intransigente, incluindo suas novas canções melancólicas,
ela mostrou a todos nós como despertar a força através da auto-expressão. “Às vezes, para
acordar novamente na vida, você precisa passar por algo muito ruim, momentos
difíceis,” ela diz. “Eu sinto como se
tivesse acordado neste ano.” A Mulher do Ano da Glamour reflete sobre 2016 – e o futuro – aqui.
Glamour: Vamos começar com seus destaques recentes. Seu novo álbum
estreou em primeiro lugar. Sua linha de moda está expandindo. Seu trabalho no
The Voice lhe introduziu a uma audiência completamente nova e a um novo amor,
Blake Shelton. Estou esquecendo de algo?
Gwen Stefani: Eu
tive a chance de sair em turnê! Eu nunca pensei que isto fosse acontecer
novamente.
Glamour: Por que não?
GS: Por ser uma mãe – tipo, eu acho que
extrapolei. Minha linha do tempo é bizarra: eu fiquei grávida do Kingston, meu
mais velho, na turnê de Love. Angel. Music. Baby. Fiquei em turnê até os quatro
meses e meio de gestação. Dei a luz. Fui para o estúdio, fiz o The Sweet
Escape. Saí novamente em turnê quando ele tinha oito meses. Quando voltei para
casa, fiquei grávida do meu menino do meio, Zuma. Saí em turnê com o No Doubt
quando ele tinha quatro meses e, quando voltei para casa, não me senti bem.
Havia muita coisa acontecendo.
Glamour: E então você teve seu terceiro filho, Apollo. Como
entrar em turnê se tornou manejável novamente?
GS: [Desta vez] Eu precisava sair em turnê
pelo meu próprio triunfo! Para ser igual ao Rocky no topo das escadas, tipo,
“Eu acabei de fazer três shows seguidos. Eu estou assim mentalmente e
fisicamente saudável, forte, e eu consigo fazer isso com três garotos em um
ônibus de turnê!” E eu o fiz!
Glamour: A vida na estrada ainda é tão divertida para você como era
no começo?
GS: Sim. E é incrível com os meninos. Eu achei
que eles iriam querer sair e, sabe, ir à Disney. Mas todos eles queriam ficar
no local, trabalhando. Meu filho do meio, Zuma, literalmente trabalhou todas as
noites: Ele tinha uma lanterna e me levava para dentro e para fora do palco, e
abria a cortina quando eu passava correndo para trocar de figurino.
Glamour: Seu pequeno roadie.
GS: Em um determinado momento, eu perguntei
para ele, “Você quer vir fazer uma reverência no final com a gente?” Ele
realmente queria. Ele fez uma vez e foi como, “É, eu fico nervoso no palco –
Não vou mais fazer isso!” Mas ele amou ficar nos bastidores.
Glamour: Falando em troca de figurinos, vamos falar de L.A.M.B.
Existe há mais de uma década agora. Como você se interessou em moda pela
primeira vez?
GS: Está no meu sangue! Minha mãe sempre fazia
roupas para mim. A gente ia a uma loja de fábrica, escolhia modelos, e era um
processo criativo. Eu ouvi muito esta palavra na juventude: criativa… Você
devia ter visto meu quarto. Era um chiqueiro com uma máquina de costura. Eu
pegava coisas e então as mudava. Alterava. Minha mãe me ajudava… Ao mesmo
tempo, eu era muito ingênua. Não sabia nada sobre moda vivendo em Orange
County. Eu só sabia dela através da música, como bandas de ska se vestiam.
Glamour: No início do No Doubt, você tinha um visual bem
masculino, e você zombava de restrições de gênero em músicas como Just A Girl
[“Sou apenas uma garota, pequenina eu, bem, não me deixe sair da sua vista /
Oh, eu sou só uma garota, toda bonita e pequena, então não me deixe ter nenhum
direito”]. Parece que parte subjetiva da forma que você se vestia rejeitava
como uma mulher “deveria” se apresentar para o mundo.
GS: As pessoas me falam, “Você é uma rebelde
punk,” isso ou aquilo, mas eu não era isso quando estava crescendo. Eu era na
verdade uma garota super-protegida e conservadora. Porém, provavelmente havia
uma parte de mim que pensava, “Por que tenho que ser assim?” Porque quando você
descobre sua sexualidade – tipo, quando você é pequena, você não a percebe. Aí
de repente você está andando na rua e leva um assovio. E pensa, “Ah, eu tenho
esse poder que eu não sabia.” E também descobre que você é um tipo de presa. E
fica, tipo, “Espera, isso é confuso.” Então eu escrevi Just A Girl, e acho que
essa música ainda é relevante hoje em dia. Há limites postos nas mulheres, mas
por que eles existem?
Glamour: Chegando mais perto, quando você pensa no ano passado,
como o classifica no percurso de sua vida?
GS: Surpreendente. Eu não compreendo minha
jornada. É tão doida. Mas uma coisa que aprendi foi que a vida é isso. Todos
temos que passar por tempos difíceis. Tragédias. Elas são entregues a nós para
ver o que vamos fazer com elas. Como podemos dar em troca? Como podemos
melhorar quando temos esses desafios?
“Gwen prova que a juventude é um estado
mental. Ela é curiosa. Ela fica mais doce com o tempo. E ela continua a mudar o
cenário.” – Pharrell Williams
Glamour: Ao ler o que você falou sobre seu divórcio, algo em
particular ficou marcado em mim: Você usou a palavra “envergonhada” bastante.
Por que a vergonha entrou em equação para você?
GS: Eu acho que você não encontrará uma pessoa
que não tenha dado certo no casamento que não vá se sentir dessa forma. A
intenção de se casar são os votos, certo? Você quer se dedicar completamente
para que seja um sucesso. E tudo que eu tive para me inspirar foi o grande
sucesso dos meus pais: Eles acabaram de fazer seu 50º aniversário. Eu tive que
me esforçar muito no casamento, o tempo todo, como todo mundo, mas o nosso era
mais difícil, quando se acrescenta que somos de países diferentes, ambos no
mundo da música e celebridades. [O casamento] era a única coisa que eu não
queria falhar. As pessoas podem falar o que quiserem de mim… E não me afeto
tanto. Mas não queria que pensassem que eu era um fracasso. Não há nada
estranho em como eu me senti.
Glamour: Você se referiu a esse período como vários meses de
“inferno” e “tortura.”
GS: [Ri e concorda.] Mas quer saber? Estou em
um estado diferente agora, [e] isso é o passado para mim. Estou em um estado
tão novo. É tudo sobre o futuro para mim. Não somente o futuro – mas o momento
de agora. Tipo, eu sou a Mulher do Ano, bem aqui neste sofá!
Glamour: Isso mesmo! No tema sobre viver no momento, você disse
que o processo de composição do novo álbum salvou sua vida. Como isso a salvou?
GS: Isso me livrou daquele sentimento de
desesperança. Quando eu estava no estúdio para o This Is What The Truth Feels
Like, era como, “Eu preciso estar aqui neste momento. Este é o único lugar em
que me sinto bem. Não importa o que vai resultar disso, em relação a minha
carreira – isso não é sobre um hit. É sobre salvar minha vida.” E foi
interessante, porque eu sei que você vai me perguntar sobre o Blake, mas
encontrar alguém que estava passando pela mesma exata experiência? [Shelton se
divorciou da cantora country Miranda Lambert aproximadamente no mesmo período.]
Isso foi uma inspiração. Ele foi um amigo para mim quando eu precisava de um.
Um presente inesperado. E isso se tornou uma inspiração para a composição.
Glamour: Por fora, seu relacionamento parece uma situação de
opostos se atraindo. Você é pop; ele é country. Você tem um império da moda;
ele tem um rancho em Oklahoma. É como uma sinopse de série de comédia.
GS: São definitivamente duas culturas diferentes.
Mas há várias semelhanças em coisas que amamos e nossas morais. Mas é muito
divertido quando você pode aprender sobre tantas coisas novas e compartilhar
essas diferenças.
Glamour: Por exemplo?
GS: Eu aprendi muito sobre música country com
ele… Mas meu primeiro show de todos foi [da cantora folk/country] Emmylou
Harris. Meus pais me buscaram das escoteiras para ir a esse show.
Glamour: Você descreveu seu sucesso como uma faca de dois gumes.
Você falou há vários meses que em um certo ponto, você ficou tão famosa que se
sentiu presa pelo sucesso, e que sentiu como se devesse para todos. Você ainda
acha que deve algo para todo mundo?
GS: Não, eu me livrei disso. Eu tive que,
porque senão eu não conseguiria fazer nada. Graças a Deus que posso fazer o que
eu faço; não há meios de contar o quão agradecida eu sou.
Glamour: Você pensa sobre seu legado? A marca que vai deixar?
GS: Não, isso é ridículo. Quando penso em um
legado, eu penso no legado de ser uma mãe. Quando você é pai ou mãe, você só
pensa tipo, “Deus, espero que eles gostem de mim quando crescerem.” Eu espero
que tenha feito um bom trabalho. Espero que eles sejam felizes. No momento em
que você fica grávida, você é torturada pelo medo de não fazer direito. Mas
estou em paz com isso agora. Estou tentando estar presente, sem pensar ou me
preocupar sobre o passado ou o futuro. Isso é uma grande perda de tempo, sabe?