O
cantor britânico David Bowie morreu
neste domingo (10), aos 69 anos, anunciou um comunicado em sua página oficial
no Facebook. Ele lutava contra um câncer havia 18 meses. O filho do artista
também confirmou a informação para a rede de TV britânica BBC.
"David Bowie morreu em paz hoje cercado por
sua família após uma corajosa batalha de 18 meses com câncer. Enquanto muitos
de vocês vão compartilhar essa perda, nós pedimos que respeitem a privacidade
da família durante o seu tempo de luto", diz o comunicado publicado na
rede social.
O
artista se manteve longe dos holofotes desde que passou por uma cirurgia
cardíaca da emergência em 2004. Sua última performance ao vivo foi em um show
de caridade em Nova York em 2006.
Bowie
comemorou seu aniversário de 69 anos no dia 8 de janeiro com o lançamento do
álbum "Blackstar", o 25º e
o mais recente trabalho de uma longa carreira. O disco tem recebido críticas
positivas.
Carreira
David Robert Jones nasceu no bairro londrino de Brixton e começou a tocar
saxofone aos 13 anos.
Abandonou
a escola na adolescência e saltou à fama em 1969 com "Space Oddity", uma mítica balada sobre a história de Major Tom, um astronauta que se perde
no espaço.
Em 1972, lançou "The rise and fall of Ziggy Stardust and the
spiders from Mars". Esse venerado
disco, no qual relata a inverossímil história do personagem Ziggy Stardust, um extraterrestre
bissexual e andrógino que virou estrela do rock, mostrou duas das obsessões do
cantor: o teatro japonês kabuki e a ficção científica.
Entre seus maiores sucessos
estão "Let's Dance", "Space Oddity", "Heroes", "Under Pressure", "Rebel,
Rebel", "Life on Mars"
e "Suffragette City".
Durante
os anos 70, a profundidade intelectual de seu trabalho, sua particular voz e a
originalidade que impressionava todos seus projetos o transformou em um dos
professores do glam rock.
Ele
também construiu uma carreira de ator com o papel de um alienígena em busca de
ajuda para seu planeta em "O homem
que caiu na terra" (1976), de Nicolas
Roeg. Bowie fez uma temporada de três meses como "O homem elefante", na Broadway, na década de 1980.
Provocador,
enigmático e inovador, o britânico construiu uma das corridas mais veneradas e
imitadas da caprichosa indústria do espetáculo, que lhe colocou no pedestal das
lendas da música.
Entre
suas múltiplas habilidades destacaram-se suas facetas como ator, produtor
fonográfico ou arranjador, mas também venerado como ícone da moda por sua
tendência a provocar com seus enfeites e a brincar com sua imagem.
Em
2006, o cantor anunciou que tiraria um ano sabático e muitos de seus fãs
choraram uma prolongada ausência que valeram todos os tipo de rumores sobre sua
saúde.
Esse
"retiro" musical foi quebrado apenas com alguma colaboração
esporádica e pontual como sua aparição por surpresa em um concerto de David Gilmour (Pink Floyd) no Royal Albert Hall de Londres em 2006 ou sua
colaboração no álbum de canções de Tom
Waits que publicou em 2008 a atriz americana Scarlett Johansson.
Há
três anos, o músico britânico escolheu o dia de seu aniversário para romper a
"seca" com a música "Where
Are We Now?". A canção avivou uma chama que alguns consideravam
vacilante.
Dois
meses mais tarde, um novo álbum com tons de rock, "The Next Day", confirmou o retorno em plena forma do influente
e camaleônico artista. O disco produzido pelo veterano Tony Viscontti, seu homem de confiança, conquistou a crítica.
Entre
seus últimos projetos, destaca-se a música que acompanha os créditos da série
de televisão franco-britânica "The
Last Panthers", uma comédia musical ou algumas contribuições, como no
último álbum do The Arcade Fire.
Em
"Blackstar", representado
por uma misteriosa estrela negra de cinco pontas, a bateria e o saxofone
compartilham o protagonismo com a inconfundível voz de Bowie.
O
artista se diverte esticando e desestruturando suas músicas, que superam
amplamente o formato padrão de três ou quatro minutos. Também há ressonâncias
com seus trabalhos anteriores, como o clássico "Low" (1977) ou "Black
Tie White Noise" (1993), que relançou Bowie após os difíceis anos 1980.
Seu
magnetismo e inesgotável puxão comercial fizeram com que o museu londrino
"Victoria & Albert"
lhe dedicasse uma ampla exposição, na qual foi explorada sua influente carreira
mediante 300 objetos selecionados de entre mais de 7 mil, como alguns de seus
extravagantes atavios e instrumentos.
A
influência de Bowie, que vendeu aproximadamente 136 milhões de discos no mundo
todo, é detectada em artistas de todo tipo, como Marilyn Manson, Boy George
e Groove Armada.
Bowie
estava casado desde 1992 com a modelo somali
Iman, com quem teve uma filha, Alexandria
Zahra "Lexi" Jones, e antes havia tido outro filho, Duncan Jones, fruto de um primeiro
casamento com Angela Bowie.