NOTA 7.0
A
espera foi longa. Desde 2012, ao lançar o álbum “Unapologetic“, Rihanna
tem trabalhado em seu oitavo álbum de estúdio, e boa parte destes quase quatro
anos foram passados com o silêncio absoluto da artista sobre o material. Os fãs
o intitularam de “R8”, e por um
tempo parecia que este seria o título de fato, devido à grande repercussão de
rumores e desespero envolvendo o disco.
Algumas
prévias foram divulgadas no início de 2014, e finalmente no final daquele ano
os seguidores e admiradores da barbadiana tiveram um gostinho do que estava por
vir. “FourFiveSeconds (feat. Kanye West, Paul McCartney)“, envolvendo os monstros da música Paul McCartney e Kanye West, chegou a alcançar o top 3 de singles americano, mas não
fez o sucesso esperado pela equipe da artista.
Uma
bagunça seguiu a música de trabalho; sem previsões, a estrela pop manteve os
fãs no escuro, e então lançou a polêmica “Bitch
Better Have My Money“. Apesar de acertar com os seguidores mais fiéis, a
canção não vingou entre o público geral, falhando em chegar ao top 10 dos
Estados Unidos ou outros mercados influentes no mundo. Foram precisos mais
alguns meses de silêncio, a descrença da Navy, piadas na internet e rumores
intermináveis para que o material fosse anunciado de fato.
Finalmente,
na segunda metade de 2015, “ANTi”
foi anunciado, e lançado de surpresa através da plataforma de streaming Tidal em 28 de janeiro de 2016, sem
nenhuma das faixas reveladas anteriormente.
O
disco já começa em alta, com participação de SZA, na dançante “Consideration“.
“James Joint” tem a cara da cantora;
ousada e franca, enquanto “Kiss it Better”
transporta o ouvinte direto aos bailes dos anos 80 – facilmente uma das músicas
mais bonitas do CD e também de sua carreira.
Chegamos
então a “Work (Feat. Drake)“, a tão especulada parceria com Drake, que foi liberada um dia antes do
lançamento do disco completo como o carro-chefe.
Dançante,
a canção não agradou tanto a imprensa e a crítica internacional, mas não
podemos esquecer do “fator Rihanna”:
se tem algo que a artista saber fazer, é sucesso. “Desperado” traz o ouvinte de volta ao tema mais frequente do disco;
o amor e suas dificuldades. “Sentados na
velha Monte Carlo, nós dois tivemos nossos corações partidos…” é um dos
trechos mais sinceros do LP.
“Woo” retorna à balada com a ajuda de Travis Scott, que emprestou a voz para
os refrões mesmo sem ser creditado. “Needed
Me” mostra uma Rihanna orgulhosa
e confiante, enquanto “Yeah, I said it“,
produzida por Timbaland, é bastante
sensual.
A
cantora então nos introduz à segunda parte do material com a longa (mas nunca
cansativa) “Same Ol’ Mistakes“, um
cover bem trabalhado do Tame Impala.
A partir daí, a artista prova que realmente se empenhou em criar um trabalho “clássico”, como havia dito em
entrevistas no passado. A sonoridade dá um salto; instrumentalmente, todas as
faixas até o final do disco são mais ricas, e liricamente também. “Never Ending“, embalada por um riff de
violão, é absolutamente linda, e sua sucessora, “Love On The Brain“, não fica muito atrás, trazendo alguns dos
melhores vocais da carreira da barbadiana.
O
álbum é encerrado, então, com a curta balada “Higher“, sobre não ter certeza sobre a veracidade de seus
sentimentos – o único defeito desta é estar comprimida em apenas dois minutos
-, e a triste-mas-linda “Close to You“,
uma daquelas que partem seu coração mas te deixam querendo mais.
Pode-se
dizer que Rihanna realmente quis
trazer ao mundo um trabalho bem pensado, que possa viver para sempre entre as
coleções de amantes de música, não apenas entre o catálogo de seus fãs. O
futuro da artista nas paradas de sucesso é incerto, mas uma coisa ficou clara:
a barbadiana cresceu, amadureceu, e estes três anos e pouco de espera realmente
valeram a pena.