Como
sinalizou o EP com quatro músicas lançado nas plataformas digitais em 24 de
março deste ano de 2016, Joelma faz
do trivial primeiro álbum solo um porta-voz dos sentimentos magoados da cantora
paraense por conta da ruidosa separação do guitarrista Chimbinha, em 2015.
Joelma - o álbum lançado em 29 de abril via Universal Music - bate na
tecla da sofrência ao longo da maioria das 14 músicas do disco. As letras
versam - com obviedade - sobre amor, dor e superação.
Balada
banal, formatada de acordo com o molde do cancioneiro brega da década de 1980, Tarde demais (Louro Santos e Waldecy
Moreno) exemplifica o chororô que dá o tom do disco e expõe os limites vocais
da cantora. Fica claro que Joelma
está mandando recados para o ex-marido nas letras de músicas como Se vira aí (Cecília Nena e Zel Moreira),
Chora não, coração (Marcibrom), Game over (Edilson Moreno e Glayse
Dominguez) e A página virou (Abimael
Gomes e Léo Gomes), sendo que as duas últimas têm ao menos um ritmo mais
quente, condizente com a superação pregada nos versos.
Musicalmente,
o álbum Joelma patina em batida
sonoridade tecnopopbrega, pautada pelos teclados de Povinho, arranjador e coprodutor do disco. Há, claro, ecos do som
da Banda Calypso. Admiradores da
sonoridade vivaz da Banda Calypso
vão se identificar com a levada de Voando
pro Pará (Valter Serraria, Isac Maraial, Chrystian Lima e Nik Oliveira),
pálido painel turístico do Estado do Norte do Brasil.
Cantada
em espanhol, a estilizada rumba Pa'lante
(César Lemos, Karla Aponte e Jorge L. Piloto) também exemplifica a animação
presente na segunda metade do disco. É uma faixa direcionada ao mercado
fonográfico formado pelos países de língua hispânica, assim como Te quiero (Gianko Gómez, Luiz Henrique
Mejia e César Lemos), outra música cantada em espanhol. No fim, Tua face (Joelma) e a melodiosa canção O amor de Deus (Michael Sullivan e
Carlos Colla) - gravada com adesões dos filhos de Joelma, Yago Mendes
(violão) e Yasmin Mendes (voz) -
cumprem a missão religiosa de fazer a pregação da artista evangélica. Mas nem o
amor de Deus salva o CD...