“Sempre
me sinto melhor com algo duro entre minhas pernas”. Foi assim que Madonna, com seu humor afiado e posicionada
em frente ao pedestal do microfone, iniciou seu discurso no “Women In Music”, da Billboard na noite desta sexta-feira
(9).
“Estou de frente de vocês como um capacho.
Quero dizer, como uma entertainer feminina. Obrigada por reconhecer minha
habilidade de continuar minha carreira por 34 anos lidando contra o sexismo e
misoginia e bullying constante e abuso implacável”, continuou ao receber o
troféu de “Mulher do Ano”.
A
escolha de Madonna para o prêmio em
2016 não é surpresa se você acompanhou o que ela fez na “Rebel Heart Tour”: ela é a cantora feminina que mais arrecadou com
shows este ano.
Madonna continuou o agradecimento lembrando de quando ela era
adolescente e se mudou para Nova York. “As
pessoas morriam de AIDS. Não era seguro ser gay. Não era legal ser associada à
comunidade gay. Era 1979 e Nova York era um lugar assustador. No meu primeiro
ano, me apontaram uma arma, fui estuprada em um terraço com uma faca no meu
pescoço e meu apartamento foi arrombado tantas vezes que eu desisti de trancar
a porta”, comentou.
A
cantora também falou sobre o que é ser uma mulher nos dias de hoje. “Se você é garota, tem que jogar o jogo. Você
tem permissão para ser bonita, fofa e sexy, mas não se mostre muito esperta. Não
dê sua opinião fora do que esperam de você. Você tem permissão para ser objeto
dos homens e se vestir como uma vagabunda, mas não assuma a vagabunda em você.
E não, repito, não compartilhe suas fantasias sexuais com o mundo. Seja o que
os homens querem que você seja. E finalmente, não envelheça. Porque envelhecer
é pecado. Você será criticada e difamada e definitivamente não tocará na rádio”,
cutucou.
“Eu fui posta de lado”, disse sobre o
período que se divorciou do ator Sean
Penn. “Por um tempo não fui considerada
uma ameaça. Anos depois, divorciada e solteira – desculpa Sean – eu fiz meu
álbum ‘Erotica’ e o livro ‘Sex’ foi lançado. Lembro de ser manchete em todos os
jornais e revistas. Tudo o que eu lia era prejudicial. Fui chamada de vadia e
bruxa. Uma manchete me comparava a Satanás. Eu disse ‘peraí, o Prince não está
andando de salto alto e batom com sua bunda aparecendo?’. Sim, ele estava, mas
ele era homem”, desabafou.
“Acho que a coisa mais controversa que eu já
fiz é estar aqui este tempo todo. Tupac se foi. Prince se foi. Whitney se foi.
Amy Winehouse se foi. David Bowie se foi, mas eu ainda estou aqui. Sou uma das
sortudas e todos os dias eu conto minhas bênçãos”, disse completando que
receber o prêmio tem mais a ver com a oportunidade de estar diante de todos
para agradecer.
“Não apenas às pessoas
que me amam e me apoiam, mas aos que duvidaram e a todos que me mandaram pro
inferno e disseram que eu não poderia, não faria e eu não deveria. Sua
resistência me fez forte, me fez trabalhar mais, a lutadora que sou hoje. Me
fez a mulher que sou hoje. Então obrigada”.