Tá
todo mundo indo embora? É isso mesmo? Esse 2016 é mesmo o pior ano. No dia do
Natal, George Michael se vai… Eu mal
consigo acreditar.
A
imprensa britânica disse que ele morreu pacificamente aos 53 anos em sua casa.
É muita informação para processar. Ele estava doente? Ninguém esperava por
isso. É chocante e inesperado como a morte de Bowie, como a morte de Prince.
Do nada, os meus ídolos
se vão… Isso é horrível.
A
minha memória mais forte e emocionante de George
Michael é do clipe de “Freedom!’90”,
que marcou minha adolescência assim como muitos outros clipes de Bowie, Prince, Madonna, Michael Jackson.
Era
o auge da MTV. Era o auge da música
pop. Era a coisa mais legal do mundo. Éramos eu Viviane Nunes, Wender
Franklin, Clayton Marinho, Bruno Rossi, Viviane Brito, Dany-l Oliveira
e Ariane Michelle no famoso “quartinho”
dos fundos da minha casa.
O
clipe de “Freedom” era um absurdo, um
afronto de tão cool, de tão fashion. A faixa era do álbum “Listen Without Prejudice Vol. 1″, o segundo disco da carreira solo
dele. Um primor!
Ele
tinha acabado de lançar o primeiro disco “Faith”
em 87 e o sucesso foi absurdo (de vendas, de críticas, sucesso mundial).
Todo
mundo esperava pelo mesmo sucesso no segundo disco e George Michael virou a mesa, fez algo totalmente diferente no disco
seguinte e pediu para todo mundo ouvir sem preconceito, como dizia o título do
álbum.
George Michael não aparecia no clipe. No lugar dele, quem cantava a
letra, dublando do jeito mais sexy possível, eram as principais modelos dos
anos 90.
Antes
de Gisele ser chamada de ubermodel,
existiam as supermodels Naomi Campbell,
Cindy Crawford, Linda Evangelista e Christy
Turlington.
Eram
elas que apareciam no clipe, enquanto inúmeras music boxes e violões explodiam
ao ritmo da música. Era o George Michael
pondo fogo nos itens que apareciam no clipe de “Faith”, seu primeiro grande sucesso em carreira solo, do primeiro
disco (veja no clipe abaixo).
São tantas, tantas,
tantas músicas boas… Tantas referências incríveis.
Elton John chegou a reconhecer George Michael como um dos grandes compositores da música pop. Os
dois chegaram a gravar juntos o sucesso “Don’t
Let the Sun Go Down on Me” (veja o clipe aqui).
Foi
ali, nos anos 90, com o estouro de “Freedom!
’90”, com a ajuda de minha tia e da MTV
Brasil que voltei para conhecer o trabalho de George Michael. Foi ali que conheci o Wham!, seu primeira banda, que tem os hits absurdos “Careless Whisper” e “Wake Me Up (Before You Go)”.
George Michael era um
dos meus ídolos!!
Eu
comprava tudo que meu dinheiro dava na época. Eu acompanhava tudo. Morri de
tristeza quando ele veio ao Rock in Rio
e eu não tinha dinheiro para ir. Lembro dele super popstar com cabelo raspado e
brinco, óculos escuros e terninho cantando, todo misterioso.
Eu
cheguei a pensar em raspar a cabeça nos anos 90 porque ele me deu essa coragem.
Mas não podia, ainda era um pré-adolescente. Eu queria ser cool que nem ele.
Queria ter a coragem de usar o brinco com aquela cruz pendurada, que voltou a
ser moda anos atrás (um amigo meu usou recentemente e eu só lembrava de George Michael quando via).
George veio antes de
Adele, Amy e Sam Smith
Muitos
anos antes de Adele, Sam Smith e Amy Winehouse, era George
Michael o cantor e artista pop britânico que fazia o apaixonado e o
entendido do soul criado pelos EUA.
Era
ele antes quem sofria de amor, quem compunha as letras mais incríveis sobre o
tema (é só escutar “One More Try”
para entender).
Não
muito tempo atrás, chegou até a cantar uma versão de “As” do Stevie Wonder com
a Mary J Blige.
Com
o estouro de “Freedom! ’90”, George
ganhou um acústico MTV com os melhores sucessos de sua carreira e mostrou que
sabia cantar e fazer bonito sem as batidas eletrônicas. Levou de novo o soul
para a sua música com uns backing vocals formado por cantores negros
poderosíssimos e fez um dos programas mais incríveis desse gênero na MTV.
Madonna o chamou de diva
antes dele se assumir gay
Em
1989, na MTV, só dava ele, Madonna, Janet Jackson, R.E.M, Michael Jackson, Aerosmith e LL Cool J na
MTV. Eram esses os artistas mais
relevantes que traziam os melhores clipes.
Lembro
que George Michael chegou a ganhar
um “video vanguard” na época e Madonna foi
quem apresentou o prêmio para ele.
Sabendo
antes de Deus e o mundo que ele era gay, a rainha do pop o chamou de diva e
ainda estalou os dedos no ar antes de dar o prêmio para ele:
Calma. Deixa eu falar um
pouco mais…
Depois
de muitos sucessos, George Michael
deu um descanso nos anos 2000. Só voltou a aparecer na mídia com alguns
escândalos idiotas (o que se chamava de escândalo na época hoje não é nada
demais).
O
cantor chegou a ser preso por fazer “banheirão” com outros homens no Hyde Park.
Foi pego no flagra por policiais. Acabou se assumindo gay. Voltou a fazer
sucesso.
Na
época, escreveu a música “Outside” e
fez um clipe maravilhoso. Começava com musiquinha de filme pornô, umas pessoas
no banheiro se amando até que uma policial chegava e flagrava todo mundo.
Na
letra da música, a palavra “Outside”
era não só uma alusão à sair do armário, mas também a fazer sexo lá fora, se
amar ao ar livre.
“Eu acho que cansei do sofá, da mesa da
cozinha, vamos lá fora na luz do sol”, cantava George na música. O clipe
mostrava pessoas se pegando em vários lugares ao ar livre. George se vestiu de
policial e fez a coreografia mais gay desde Village People.
Ídolo, ídolo, ídolo…
Mais
um que se vai. Mais um popstar que não se vê hoje em dia, um talento raro, um
astro criado numa época em que era necessária a ironia, a provocação. Ele e Madonna davam isso aos montes.
Eu
podia ficar falando do George Michael
o resto do ano e o 2017 inteiro. São tantas coisas incríveis. Eu mal falei do
que ele fez pelo Queen quando Freddie Mercury morreu. Melhor
vocalista que o Queen teve desde a
morte de Freddie.
Um
exemplo:
O Reino Unido está,
certamente, de luto.
Eu
queria estar em Londres, cantando com todo mundo que irá fazer homenagem para
ele. “Father Figure”, “Careless Whisper”, “One More
Try”, “A Differente Corner”, “Too Funky”, “Fastlove”, “Faith”, “I Want Your Sex”…
Como
era lindo, como cantava, como era talentoso… Hoje é um dia triste para mim.
Essa coisa de ídolo morrer é triste pra caralho.
Vamos
continuar relembrando o talento dele aqui no Ponto Zzero. Vamos tentar não ficar tristes? Ainda tem muito
popstar talentoso vivo no meio de nós.
E
quem é estrela como George Michael
foi, nada criado por ele se apaga.