segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Agora é o George Michael que se vai?

Tá todo mundo indo embora? É isso mesmo? Esse 2016 é mesmo o pior ano. No dia do Natal, George Michael se vai… Eu mal consigo acreditar.

A imprensa britânica disse que ele morreu pacificamente aos 53 anos em sua casa. É muita informação para processar. Ele estava doente? Ninguém esperava por isso. É chocante e inesperado como a morte de Bowie, como a morte de Prince.

Do nada, os meus ídolos se vão… Isso é horrível.

A minha memória mais forte e emocionante de George Michael é do clipe de “Freedom!’90”, que marcou minha adolescência assim como muitos outros clipes de Bowie, Prince, Madonna, Michael Jackson.

Era o auge da MTV. Era o auge da música pop. Era a coisa mais legal do mundo. Éramos eu Viviane Nunes, Wender Franklin, Clayton Marinho, Bruno Rossi, Viviane Brito, Dany-l Oliveira e Ariane Michelle no famoso “quartinho” dos fundos da minha casa.

O clipe de “Freedom” era um absurdo, um afronto de tão cool, de tão fashion. A faixa era do álbum “Listen Without Prejudice Vol. 1″, o segundo disco da carreira solo dele. Um primor!
Ele tinha acabado de lançar o primeiro disco “Faith” em 87 e o sucesso foi absurdo (de vendas, de críticas, sucesso mundial).

Todo mundo esperava pelo mesmo sucesso no segundo disco e George Michael virou a mesa, fez algo totalmente diferente no disco seguinte e pediu para todo mundo ouvir sem preconceito, como dizia o título do álbum.

George Michael não aparecia no clipe. No lugar dele, quem cantava a letra, dublando do jeito mais sexy possível, eram as principais modelos dos anos 90.


Antes de Gisele ser chamada de ubermodel, existiam as supermodels Naomi Campbell, Cindy Crawford, Linda Evangelista e Christy Turlington.

Eram elas que apareciam no clipe, enquanto inúmeras music boxes e violões explodiam ao ritmo da música. Era o George Michael pondo fogo nos itens que apareciam no clipe de “Faith”, seu primeiro grande sucesso em carreira solo, do primeiro disco (veja no clipe abaixo).


São tantas, tantas, tantas músicas boas… Tantas referências incríveis.

Elton John chegou a reconhecer George Michael como um dos grandes compositores da música pop. Os dois chegaram a gravar juntos o sucesso “Don’t Let the Sun Go Down on Me” (veja o clipe aqui).

Foi ali, nos anos 90, com o estouro de “Freedom! ’90”, com a ajuda de minha tia e da MTV Brasil que voltei para conhecer o trabalho de George Michael. Foi ali que conheci o Wham!, seu primeira banda, que tem os hits absurdos “Careless Whisper” e “Wake Me Up (Before You Go)”.

George Michael era um dos meus ídolos!!

Eu comprava tudo que meu dinheiro dava na época. Eu acompanhava tudo. Morri de tristeza quando ele veio ao Rock in Rio e eu não tinha dinheiro para ir. Lembro dele super popstar com cabelo raspado e brinco, óculos escuros e terninho cantando, todo misterioso.

Eu cheguei a pensar em raspar a cabeça nos anos 90 porque ele me deu essa coragem. Mas não podia, ainda era um pré-adolescente. Eu queria ser cool que nem ele. Queria ter a coragem de usar o brinco com aquela cruz pendurada, que voltou a ser moda anos atrás (um amigo meu usou recentemente e eu só lembrava de George Michael quando via).


George veio antes de Adele, Amy e Sam Smith

Muitos anos antes de Adele, Sam Smith e Amy Winehouse, era George Michael o cantor e artista pop britânico que fazia o apaixonado e o entendido do soul criado pelos EUA.

Era ele antes quem sofria de amor, quem compunha as letras mais incríveis sobre o tema (é só escutar “One More Try” para entender).

Não muito tempo atrás, chegou até a cantar uma versão de “As” do Stevie Wonder com a Mary J Blige.

Com o estouro de “Freedom! ’90”, George ganhou um acústico MTV com os melhores sucessos de sua carreira e mostrou que sabia cantar e fazer bonito sem as batidas eletrônicas. Levou de novo o soul para a sua música com uns backing vocals formado por cantores negros poderosíssimos e fez um dos programas mais incríveis desse gênero na MTV.

Madonna o chamou de diva antes dele se assumir gay

Em 1989, na MTV, só dava ele, Madonna, Janet Jackson, R.E.M, Michael Jackson, Aerosmith e LL Cool J na MTV. Eram esses os artistas mais relevantes que traziam os melhores clipes.

Lembro que George Michael chegou a ganhar um “video vanguard” na época e Madonna foi quem apresentou o prêmio para ele.

Sabendo antes de Deus e o mundo que ele era gay, a rainha do pop o chamou de diva e ainda estalou os dedos no ar antes de dar o prêmio para ele:


Calma. Deixa eu falar um pouco mais…

Depois de muitos sucessos, George Michael deu um descanso nos anos 2000. Só voltou a aparecer na mídia com alguns escândalos idiotas (o que se chamava de escândalo na época hoje não é nada demais).

O cantor chegou a ser preso por fazer “banheirão” com outros homens no Hyde Park. Foi pego no flagra por policiais. Acabou se assumindo gay. Voltou a fazer sucesso.

Na época, escreveu a música “Outside” e fez um clipe maravilhoso. Começava com musiquinha de filme pornô, umas pessoas no banheiro se amando até que uma policial chegava e flagrava todo mundo.

Na letra da música, a palavra “Outside” era não só uma alusão à sair do armário, mas também a fazer sexo lá fora, se amar ao ar livre.

Eu acho que cansei do sofá, da mesa da cozinha, vamos lá fora na luz do sol”, cantava George na música. O clipe mostrava pessoas se pegando em vários lugares ao ar livre. George se vestiu de policial e fez a coreografia mais gay desde Village People.


Ídolo, ídolo, ídolo…

Mais um que se vai. Mais um popstar que não se vê hoje em dia, um talento raro, um astro criado numa época em que era necessária a ironia, a provocação. Ele e Madonna davam isso aos montes.

Eu podia ficar falando do George Michael o resto do ano e o 2017 inteiro. São tantas coisas incríveis. Eu mal falei do que ele fez pelo Queen quando Freddie Mercury morreu. Melhor vocalista que o Queen teve desde a morte de Freddie.

Um exemplo:

O Reino Unido está, certamente, de luto.

Eu queria estar em Londres, cantando com todo mundo que irá fazer homenagem para ele. Father Figure”, “Careless Whisper”, “One More Try”, “A Differente Corner”, “Too Funky”, “Fastlove”, “Faith”, “I Want Your Sex”…

Como era lindo, como cantava, como era talentoso… Hoje é um dia triste para mim. Essa coisa de ídolo morrer é triste pra caralho.


Vamos continuar relembrando o talento dele aqui no Ponto Zzero. Vamos tentar não ficar tristes? Ainda tem muito popstar talentoso vivo no meio de nós.

E quem é estrela como George Michael foi, nada criado por ele se apaga.
Que Natal mais triste…