sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Single Review: Fergie e sua viagem turbulenta ao redor do globo em 'L.A. Love (La La)'

A Duquesa do Pop Fergie começou seu reinando transformando o Black Eyed Peas em algo mais mainstream ao introduzir sua feminilidade ao então trio. Depois, explorando a música sozinha, fez com que o "The Dutchess" se tornasse um clássico do gênero com cinco hits internacionais ("London Bridge", "Fergalicious", "Glamorous", "Big Girls Don't Cry" e "Clumsy"). Apesar de parecer ter sido ontem, foi em 2006, oito anos atrás. Já podemos nos sentir velhos. De lá pra cá a musa continuou com o Black Eyed Peas e deu o ar da graça em "A Little Party Never Killed Nobody (All We Got)" ano passado, single extraído da trilha sonora de "O Grande Gatsby". Os rumores para um segundo álbum só aumentaram, até que ela confirmou que estava em estúdio e que esse próximo material veria a luz do dia.

Chegamos então de "L.A. Love (La La)". O debut single do álbum, com o titulo especulado como "Love Now Cry Later" (a inscrição na mão da capa do single), é, estranhamente, um híbrido de rap com pop, fórmula explorada com maestria atualmente por Iggy Azalea. A comparação se torna ainda mais óbvia quando os vocais de Fergie em alguns momentos soarem absurdamente iguais com o de Iggy Iggz (os "Uuuuh" são idênticos).


Com esse balanceamento entre o rap e o pop, seria óbvio apontarmos que a loira se sairia melhor com o pop, porém é o extremo oposto que acontece. Os versos em rap são infinitamente superiores ao refrão pop. Enquanto os versos são soltos, com um instrumental que lembra o velho Black Eyed Peas do "Monkey Business", o refrão é repetitivo à exaustão e bem pobre liricamente: é uma lista com várias cidades aleatórias cantadas com vocais autotunados sem muita graça, que acabam por prejudicar a canção, afinal, o refrão é a alma do todo.

Essa bagunça não-tão-organizada foi produzida pelo DJ Mustard, produtor de hinos como "No Mediocre" do T.I. com (olha ela de novo) Iggy Azalea e "2 On" da Tinashe com Schoolboy Q. Como podemos notar, sua vibe é mais voltada para o urban, por isso ele se sai tão bem na parte rap da canção e derrapa na pop, trazendo algo batido e até genérico.

Mesmo com esse problema, Fergie conseguiu dosar seu single trazendo algo atual - a fórmula de "Fancy" - sem se distanciar da sua sonoridade original - "L.A. Love (La La)" nos remete à "Glamorous", por exemplo, tanto em sua letra/conceito quanto em alguns acordes. Ganha pontos por soar completamente despretensiosa, feita para agraciar seus fãs que estão quase há uma década esperando seu retorno. Esperamos que no álbum tenha faixas superiores - não que "L.A. Love (La La)" seja ruim, mas depois de algum tempo em análise, deixando o hype passar e vendo o que Fergie já fez, sabemos que ela pode bem mais.