quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Jota Quest refaz a comunhão com o público que canta junto hits da banda

O subtítulo do primeiro projeto acústico do grupo Jota Quest, Músicas para cantar junto, explicita a conexão da banda mineira com o chamado grande público. Muitas vezes alvo de preconceito por parte dos críticos musicais, justamente por ter construído ao longo de 22 anos uma obra pop e popular decalcada da soul music norte-americana, o Jota Quest pode até ser acusado de preguiça artística por estar pondo no mercado fonográfico mais um projeto em que recicla o repertório da banda. Mas a acusação seria injusta.

É fato que a discografia do grupo andou redundante nos anos 2000, com excesso de registros ao vivo de shows. Só que o recém-lançado CD/DVD Acústico Jota Quest – Músicas para cantar junto (Sony Music, 2017) vem ao mundo após dois álbuns de músicas inteiramente inéditas, Funky funky boom boom (2013) e Pancadélico (2015), que se impuseram como os melhores da irregular obra fonográfica do grupo. Foi com o fôlego renovado que o Jota Quest partiu para a primeira gravação ao vivo de formato acústico, orquestrada sob a produção de Liminha.

Sempre procurando manter o groove, a banda requisitou um trio de metais e enquadrou os principais sucessos nesse formato que andava meio em desuso, mas que já turbinou, na década de 1990 e nos 2000, carreiras em declínio. No caso do Jota Quest, que se mantém em cena sem perda da popularidade, o acústico tem como principal característica a transposição das músicas da guitarra para o violão de Marco Túlio Lara. Marcio Buzelin também explora sons menos elétricos nos teclados ao passo que PJ faz o mesmo no toque do baixo. Paulinho Fonseca suaviza a marcação da bateria para que as músicas da banda se afinem com o clima mais ameno, quase de luau, de projetos acústicos.

O que permanece é o inegável apelo pop do repertório do Jota Quest, reiterado nas inéditas A vida e outras histórias (Marco Túlio Lara, Tibless, Simões e Leoni), Morrer de amor (Alexandre Carlo) e Você precisa de alguém (Marcelo Falcão). Na gravação dessa música, o Jota Quest se junta ao autor da composição, Marcelo Falcão, conhecido por ser a voz do grupo carioca O Rappa. Com o detalhe de que é Falcão que se conecta com o universo do Jota Quest, e não o contrário.

Já a participação de Milton Nascimento em O sol (Antônio Júlio Nastácia, 2003) dá brilho especial a uma música já tantas vezes gravada pelo grupo em registros ao vivo. Sem falar que a simples presença de Milton, maior nome da música associada ao estado de Minas Gerais, por si só já enobrece o acústico do Jota Quest.

Enfim, por mais que seja (outro) passo retroativo da banda, a gravação ao vivo feita em maio, na cidade de São Paulo (SP), celebra e refaz a comunhão do Jota Quest com o público, dando tempo para a banda arquitetar um álbum de músicas inéditas que, espera-se, venha à altura dos recentes Funky funky boom boom e Pancadélico. Por ora, o que temos para hoje – e para os próximos meses – é um punhado de músicas para cantar junto no clima habitualmente celebrativo e retrospectivo dos acústicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário