quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Gwen Stefani é o mais novo rosto da Revlon!

A cantora fala sobre abraçar a positividade, quando ela finalmente parou de passar sua própria maquiagem e porque ela estaria “morta sem a música.”

Assim que atendo a ligação posso perceber que ela está sorrindo. A joie de vivre de Gwen Stefani – seja transmitida através de um single arrasador ou de um batom vermelho eletrizante – radia de sua voz telefônica também. Recém saída de um ensaio fotográfico para seu novo projeto como embaixadora global da marca Revlon, Stefani me conta sobre sua “simple kind of life.“


Como é ser a nova embaixadora para Revlon?É muito empolgante. Estar neste ponto em minha vida e isso acontecer – você nunca acredita, mas então sua carreira vai progredindo, você pensa que já está grata, mas então começa a ficar mais tenso quando você começa a se questionar. Tipo, ‘como eles podem me querer agora?’

Qual foi sua reação quando isso foi oferecido para você?
Eu fiquei tipo ‘você está falando sério!?’ Porque nunca pensei que alguma coisa dessas aconteceria comigo. Sabe? Eu sou de Anaheim, Califórnia. Sou apenas uma garota normal! Mas também acho que eles são muito espertos, porque eu amo maquiagem. Então é genuíno e real.

E como você se identifica com a campanha?
A campanha “escolha amor” é tão de acordo com a positividade e o momento em que estou em minha vida. É uma combinação perfeita. E eu amo, amo gravar campanhas. Eu pude trabalhar com a Revlon nesta semana por três dias seguidos e gravar três comerciais nos quais falo sobre escolher amor. Então é um cruzamento entre algo que amo, que é a maquiagem, e também em ser positiva e pensar, ‘OK, vou passar essa mensagem para mim mesma’. E isso é algo em que eu trabalhei muito, muito nos últimos anos na minha vida pessoal, então é empolgante.

Você se considera uma pessoa positiva?
Eu sempre fui uma pessoa positiva – ingenuamente – e acho que no passar dos anos houve uma certa tensão, sabe? Houve um período – e eu falei muito sobre isso no ano e meio passado – que fiquei um pouco pra baixo e perdi parte da minha confiança. Minha voz interior começou a soar um pouco malvada, mas através de amor, música e espiritualidade eu me puxei para fora daquele poço. Tem sido uma vida incrível e cheia de bênçãos desde então.

Com certeza. Qual era seu relacionamento ou associação com a Revlon antes disso, você tem lembrança de usar produtos específicos da Revlon?
Tenho. Eu era aquela sonhadora que ficava na farmácia enquanto minha mãe fazia compras, sentada naqueles corredores, literalmente no chão, experimentando cada coisa que tinham na prateleira, o que é totalmente estranho agora que pensei sobre isso – mas eu não conseguia evitar! E mesmo quando adolescente eu me tornei muito, muito obcecada com cabelos e maquiagens da antiga Hollywood. Eu simplesmente amava tanto aquela estética retrô, que a adaptei no meu visual, você sabe, desde uma idade muito nova.

Você se lembra quando começou a usar maquiagem?
Eu me lembro de ver James Dean e Marilyn Monroe em alguns filmes antigos – tipo, não juntos, mas separadamente – e então subir na minha bicicleta e correr até a loja de posters a algumas quadras de distância. Eu comprei quantos posters deles eu consegui e cobri todo meu quarto com eles de papel de parede. Eu passava horas analisando seus rostos e pensando, ‘Como eles criaram essa maquiagem? Como fizeram esse penteado?’

Você teve algum mentor te ajudando com isso, tipo, você conhecia algum maquiador?
Não. Eu estava mesmo em uma banda só com garotos; eu não tinha ninguém. Fiz meu próprio caminho. Eu tinha uma amiga chamada Amy Hunter e a mãe dela tinha um monte de maquiagem. Então eu a forçava a dizer para a mãe que deixasse a gente brincar com a maquiagem dela, e aí eu passava na Amy. Ela não passava em mim; eu fazia em mim mesma e nela.

E você sempre fez sua própria maquiagem no início de No Doubt?
Eu fiz minha própria maquiagem provavelmente até meus álbuns solo [Love. Angel. Music. Baby foi lançado em 2004]. Ainda passo minha própria maquiagem na turnê. Adoro o ritual de passar maquiagem, é um processo que eu realmente amo.

Então, a referência de Marilyn Monroe que você mencionou mais cedo – é dali que seus lábios vermelhos característicos surgiram?
É, acho que sim. Mas eu costumava assistir a I Love Lucy e a cada programa do [canal de TV] Turner Classic Movies. Não sei porque, mas sabe quando você fica obcecado por algo? Acho que era meu destino. Quem diria que eu seria reconhecida por isso e influenciaria as pessoas? É difícil de acreditar, mas muito incrível.

Acho que é uma combinação natural porque, como mencionou antes, você é conhecida como uma garota da maquiagem. E você tem uma aparência que é muito reconhecível, e se manteve a isso. Há quanto tempo você diria que usa o batom vermelho e o delineador preto?
Quero dizer… no ensino médio eu curtia bastante parecer bem moderninha; eu usei os lábios congelados por um tempo. Então minha avó me deu aqueles tubos de batom no Natal – sabe quais? Eles tinham cinco ou seis cores de batom e eram quase como uma bengala doce? Havia um tom bordô nele. E eu me lembro de me sentar em meu Honda Prelude que comprei por dois mil dólares, olhar no espelho retrovisor e passar. Não enquanto estava dirigindo – eu estava provavelmente no estacionamento. E pensei, tipo, ‘Uau! Nossa, isso ficou bom, garota. Você vai usar isso pelo resto de sua vida.’ E naquela época parecia um pouco rebelde porque nem todo mundo estava usando.

Certo. Lábios totalmente pintados não estavam muito na moda naquela época…
Naquela época, uma das primeiras cores que eu costumava usar – e eu a usei na campanha, o que é bizarro – é um rosa. Não é bem o que eles usavam nos anos 90, mas era como fúcsia. Tem como um pouquinho de roxo nele. Então isso era bem na moda, naquele tempo.

Mais alguém em seu círculo social usava os lábios pintados?
Não. Em meu pequeno, estranho mundo, meus pais eram muito rigorosos e eu estava em uma banda com meu irmão e meus amigos, e eu ia para a escola e era muito passiva. Então, como você falou, é estranho quando eu olho para trás e percebo que não havia outra garota em minha volta. Crescendo em Anaheim, a única influência que tive veio da vizinhança hispânica. As garotas naquela comunidade pintavam seus rostos como o estilo Chola. Elas usavam batons bem escuros e muito pó facial. Elas tinham cílios muito grossos porque nunca tiravam o rímel. Eu me lembro de vê-las aplicando sua maquiagem na aula e pensar que estavam perfeitas, como lindas bonecas. Sempre fui atraída por isso.

Agora que os anos 90 estão de volta na moda e beleza, como você se sente sabendo que foi uma dessas influenciadoras? Como se sente agora ao ver as pessoas adotarem algumas dessas tendências novamente?
Acho demais. É incrível ter qualquer tipo de efeito em alguém, ainda mais fazer parte de uma tendência. É um grande elogio quando você se vê em outra pessoa. Sei que durante aquela época eu estava experimentando muitas coisas em diversos níveis. Estava nos meus vinte e poucos anos e é aí quando você realmente começa a se avaliar. E acho que quando obtive sucesso no primeiro álbum, senti muita pressão para evoluir. Eu estava evoluindo porque pude viajar o mundo pela primeira vez – eu vi como as garotas passavam maquiagem em Londres, Japão e Israel, então havia muita experimentação. Eu olho de volta para isso e me constranjo um pouco, mas, ao mesmo tempo, sei exatamente quem era aquela garota e porque eu estava fazendo isso. Eu me diverti, e é incrível ver a evolução. Aquele período foi como uma transformação… Não uma transformação, mas um período de crescimento.

Com certeza, e se você não tivesse experimentado essas coisas, mesmo que se constranja, pelo menos você se aventurou, certo?
Sim, sinto que, quando olho para trás, gostaria que tivesse tido mais ajuda. Eu queria que tivesse conhecido algumas das pessoas que conheci mais tarde e que me ajudaram a refinar meu visual. Mas acho que se isso tivesse acontecido, não seria o que você falou – eu não teria influenciado as pessoas.

Você mencionou mais cedo a conexão entre música e beleza, você poderia falar um pouco sobre como essa relação está agora para você?
A música para mim é algo que nunca nem imaginei que faria parte, mas ela se tornou em uma parte muito grande da minha vida. Ela me curou nesse ano; eu estaria morta sem a música. E então sair em turnê e ver como ela ajudou pessoas que eu não conheço – essa relação – essa troca de amor através da música, é algo que nem consigo tentar compreender. Sou tão abençoada por isso. É tão poderoso e não é algo que eu posso ligar e desligar. Eu nem sei se conseguiria escrever uma canção agora! Quero dizer, claro que provavelmente conseguiria, mas é algo tão mágico quando acontece. Acho que maquiagem, moda e beleza são mesmo uma recompensa disso. Quando estou me preparando para subir no palco, é como uma pintura de guerra: ‘Esta é quem eu vou me tornar bem aqui, e vou lá fora compartilhar esta versão de mim’ – mas eu preciso me apresentar assim. É como Halloween, entrar no papel, mas o personagem é outro lado seu. E eu faço isso todo santo dia sem falhar. Eu acordo de manhã e faço.

Mas às vezes fico brava comigo mesma porque eu gosto muito disso e acabo perdendo tempo. Como ontem. Eu estava me arrumando e sabia que iria fazer os lábios claros, mas queria experimentar cílios postiços também. Então eu comecei cortando uns cílios e os colocando individualmente. E isso leva tempo, entende o que estou falando? Mas eu tinha essa ideia na cabeça. Usei dois tipos diferentes de tiras e pensei ‘Aí sim, isso ficou muito bom, boa ideia Gwen Stefani.’ Então eu até recebi elogio pelos meus cílios por uma mulher no elevador. Eu falei para ela que eram falsos e ela disse, “Eu sei, mas eles estão ótimos porque são todos diferentes.” Meu ponto é que eu faço experimentos doidos. Amo experimentar e transformar. Não sei o que vou fazer hoje ainda, mas sei que quando eu sair do telefone com você, vou fazer as unhas e colocar uma maquiagem.