A
cantora fala sobre abraçar a positividade, quando ela finalmente parou de
passar sua própria maquiagem e porque ela estaria “morta sem a música.”
Assim
que atendo a ligação posso perceber que ela está sorrindo. A joie de vivre de Gwen Stefani – seja transmitida através
de um single arrasador ou de um batom vermelho eletrizante – radia de sua voz
telefônica também. Recém saída de um ensaio fotográfico para seu novo projeto
como embaixadora global da marca Revlon,
Stefani me conta sobre sua “simple kind
of life.“
Como é ser a nova embaixadora para
Revlon?É muito empolgante. Estar
neste ponto em minha vida e isso acontecer – você nunca acredita, mas então sua
carreira vai progredindo, você pensa que já está grata, mas então começa a
ficar mais tenso quando você começa a se questionar. Tipo, ‘como eles podem me
querer agora?’
Qual foi sua reação quando isso foi
oferecido para você?
Eu
fiquei tipo ‘você está falando sério!?’ Porque nunca pensei que alguma coisa
dessas aconteceria comigo. Sabe? Eu sou de Anaheim, Califórnia. Sou apenas uma
garota normal! Mas também acho que eles são muito espertos, porque eu amo
maquiagem. Então é genuíno e real.
E como você se identifica com a
campanha?
A
campanha “escolha amor” é tão de acordo com a positividade e o momento em que
estou em minha vida. É uma combinação perfeita. E eu amo, amo gravar campanhas.
Eu pude trabalhar com a Revlon nesta semana por três dias seguidos e gravar
três comerciais nos quais falo sobre escolher amor. Então é um cruzamento entre
algo que amo, que é a maquiagem, e também em ser positiva e pensar, ‘OK, vou
passar essa mensagem para mim mesma’. E isso é algo em que eu trabalhei muito,
muito nos últimos anos na minha vida pessoal, então é empolgante.
Você se considera uma pessoa positiva?
Eu
sempre fui uma pessoa positiva – ingenuamente – e acho que no passar dos anos
houve uma certa tensão, sabe? Houve um período – e eu falei muito sobre isso no
ano e meio passado – que fiquei um pouco pra baixo e perdi parte da minha
confiança. Minha voz interior começou a soar um pouco malvada, mas através de
amor, música e espiritualidade eu me puxei para fora daquele poço. Tem sido uma
vida incrível e cheia de bênçãos desde então.
Com certeza. Qual era seu
relacionamento ou associação com a Revlon antes disso, você tem lembrança de
usar produtos específicos da Revlon?
Tenho.
Eu era aquela sonhadora que ficava na farmácia enquanto minha mãe fazia
compras, sentada naqueles corredores, literalmente no chão, experimentando cada
coisa que tinham na prateleira, o que é totalmente estranho agora que pensei
sobre isso – mas eu não conseguia evitar! E mesmo quando adolescente eu me
tornei muito, muito obcecada com cabelos e maquiagens da antiga Hollywood. Eu
simplesmente amava tanto aquela estética retrô, que a adaptei no meu visual,
você sabe, desde uma idade muito nova.
Você se lembra quando começou a usar
maquiagem?
Eu
me lembro de ver James Dean e Marilyn Monroe em alguns filmes antigos – tipo,
não juntos, mas separadamente – e então subir na minha bicicleta e correr até a
loja de posters a algumas quadras de distância. Eu comprei quantos posters
deles eu consegui e cobri todo meu quarto com eles de papel de parede. Eu
passava horas analisando seus rostos e pensando, ‘Como eles criaram essa
maquiagem? Como fizeram esse penteado?’
Você teve algum mentor te ajudando com
isso, tipo, você conhecia algum maquiador?
Não.
Eu estava mesmo em uma banda só com garotos; eu não tinha ninguém. Fiz meu próprio
caminho. Eu tinha uma amiga chamada Amy Hunter e a mãe dela tinha um monte de
maquiagem. Então eu a forçava a dizer para a mãe que deixasse a gente brincar
com a maquiagem dela, e aí eu passava na Amy. Ela não passava em mim; eu fazia
em mim mesma e nela.
E você sempre fez sua própria
maquiagem no início de No Doubt?
Eu
fiz minha própria maquiagem provavelmente até meus álbuns solo [Love. Angel.
Music. Baby foi lançado em 2004]. Ainda passo minha própria maquiagem na turnê.
Adoro o ritual de passar maquiagem, é um processo que eu realmente amo.
Então, a referência de Marilyn Monroe
que você mencionou mais cedo – é dali que seus lábios vermelhos característicos
surgiram?
É,
acho que sim. Mas eu costumava assistir a I Love Lucy e a cada programa do [canal
de TV] Turner Classic Movies. Não sei porque, mas sabe quando você fica
obcecado por algo? Acho que era meu destino. Quem diria que eu seria
reconhecida por isso e influenciaria as pessoas? É difícil de acreditar, mas
muito incrível.
Acho que é uma combinação natural
porque, como mencionou antes, você é conhecida como uma garota da maquiagem. E
você tem uma aparência que é muito reconhecível, e se manteve a isso. Há quanto
tempo você diria que usa o batom vermelho e o delineador preto?
Quero
dizer… no ensino médio eu curtia bastante parecer bem moderninha; eu usei os
lábios congelados por um tempo. Então minha avó me deu aqueles tubos de batom
no Natal – sabe quais? Eles tinham cinco ou seis cores de batom e eram quase
como uma bengala doce? Havia um tom bordô nele. E eu me lembro de me sentar em
meu Honda Prelude que comprei por dois mil dólares, olhar no espelho retrovisor
e passar. Não enquanto estava dirigindo – eu estava provavelmente no
estacionamento. E pensei, tipo, ‘Uau! Nossa, isso ficou bom, garota. Você vai
usar isso pelo resto de sua vida.’ E naquela época parecia um pouco rebelde
porque nem todo mundo estava usando.
Certo. Lábios totalmente pintados não
estavam muito na moda naquela época…
Naquela
época, uma das primeiras cores que eu costumava usar – e eu a usei na campanha,
o que é bizarro – é um rosa. Não é bem o que eles usavam nos anos 90, mas era
como fúcsia. Tem como um pouquinho de roxo nele. Então isso era bem na moda,
naquele tempo.
Mais alguém em seu círculo social
usava os lábios pintados?
Não.
Em meu pequeno, estranho mundo, meus pais eram muito rigorosos e eu estava em
uma banda com meu irmão e meus amigos, e eu ia para a escola e era muito
passiva. Então, como você falou, é estranho quando eu olho para trás e percebo
que não havia outra garota em minha volta. Crescendo em Anaheim, a única
influência que tive veio da vizinhança hispânica. As garotas naquela comunidade
pintavam seus rostos como o estilo Chola. Elas usavam batons bem escuros e
muito pó facial. Elas tinham cílios muito grossos porque nunca tiravam o rímel.
Eu me lembro de vê-las aplicando sua maquiagem na aula e pensar que estavam
perfeitas, como lindas bonecas. Sempre fui atraída por isso.
Agora que os anos 90 estão de volta na
moda e beleza, como você se sente sabendo que foi uma dessas influenciadoras?
Como se sente agora ao ver as pessoas adotarem algumas dessas tendências
novamente?
Acho
demais. É incrível ter qualquer tipo de efeito em alguém, ainda mais fazer
parte de uma tendência. É um grande elogio quando você se vê em outra pessoa.
Sei que durante aquela época eu estava experimentando muitas coisas em diversos
níveis. Estava nos meus vinte e poucos anos e é aí quando você realmente começa
a se avaliar. E acho que quando obtive sucesso no primeiro álbum, senti muita
pressão para evoluir. Eu estava evoluindo porque pude viajar o mundo pela
primeira vez – eu vi como as garotas passavam maquiagem em Londres, Japão e
Israel, então havia muita experimentação. Eu olho de volta para isso e me constranjo
um pouco, mas, ao mesmo tempo, sei exatamente quem era aquela garota e porque
eu estava fazendo isso. Eu me diverti, e é incrível ver a evolução. Aquele
período foi como uma transformação… Não uma transformação, mas um período de
crescimento.
Com certeza, e se você não tivesse
experimentado essas coisas, mesmo que se constranja, pelo menos você se
aventurou, certo?
Sim,
sinto que, quando olho para trás, gostaria que tivesse tido mais ajuda. Eu
queria que tivesse conhecido algumas das pessoas que conheci mais tarde e que
me ajudaram a refinar meu visual. Mas acho que se isso tivesse acontecido, não
seria o que você falou – eu não teria influenciado as pessoas.
Você mencionou mais cedo a conexão
entre música e beleza, você poderia falar um pouco sobre como essa relação está
agora para você?
A
música para mim é algo que nunca nem imaginei que faria parte, mas ela se
tornou em uma parte muito grande da minha vida. Ela me curou nesse ano; eu
estaria morta sem a música. E então sair em turnê e ver como ela ajudou pessoas
que eu não conheço – essa relação – essa troca de amor através da música, é
algo que nem consigo tentar compreender. Sou tão abençoada por isso. É tão
poderoso e não é algo que eu posso ligar e desligar. Eu nem sei se conseguiria
escrever uma canção agora! Quero dizer, claro que provavelmente conseguiria,
mas é algo tão mágico quando acontece. Acho que maquiagem, moda e beleza são
mesmo uma recompensa disso. Quando estou me preparando para subir no palco, é
como uma pintura de guerra: ‘Esta é quem eu vou me tornar bem aqui, e vou lá
fora compartilhar esta versão de mim’ – mas eu preciso me apresentar assim. É
como Halloween, entrar no papel, mas o personagem é outro lado seu. E eu faço
isso todo santo dia sem falhar. Eu acordo de manhã e faço.
Mas
às vezes fico brava comigo mesma porque eu gosto muito disso e acabo perdendo
tempo. Como ontem. Eu estava me arrumando e sabia que iria fazer os lábios
claros, mas queria experimentar cílios postiços também. Então eu comecei
cortando uns cílios e os colocando individualmente. E isso leva tempo, entende
o que estou falando? Mas eu tinha essa ideia na cabeça. Usei dois tipos
diferentes de tiras e pensei ‘Aí sim, isso ficou muito bom, boa ideia Gwen
Stefani.’ Então eu até recebi elogio pelos meus cílios por uma mulher no
elevador. Eu falei para ela que eram falsos e ela disse, “Eu sei, mas eles
estão ótimos porque são todos diferentes.” Meu ponto é que eu faço experimentos
doidos. Amo experimentar e transformar. Não sei o que vou fazer hoje ainda, mas
sei que quando eu sair do telefone com você, vou fazer as unhas e colocar uma
maquiagem.