sábado, 16 de setembro de 2017

Resenha: Maroon 5 tenta, mas não consegue driblar sensação geral de frustração

A primeira noite do Rock in Rio foi encerrada pela banda Maroon 5, já na madrugada deste sábado (16/9). Quando Adam Levine despontou no palco puxando “Moves Like Jagger” e “This Love”, todos os problemas pareciam resolvidos. Hit atrás de hit, a banda parecia entender a missão ingrata que era substituir Lady Gaga de última hora, para uma plateia de milhares de pessoas que queriam ver uma diva pop. Mas os americanos não seguraram a animação por muito tempo: o show logo esfriou e só voltou a ser interessante no bis, quando muita gente já havia desistido e ido embora. Houve, de verdade, uma evacuação enquanto Maroon 5 tocava.

Cabe aqui um parênteses – totalmente pessoal, mas resenhas são o espaço para isso também. Desde que foi anunciado o cancelamento do show de Lady Gaga, o Maroon 5 sofre no Brasil uma espécie de bullying. A banda não tem culpa de Lady Gaga não poder vir. Pelo contrário, os caras foram apresentados como a solução. Se a solução foi ruim ou de desagrado da maioria, a culpa certamente não é deles. Então, não, não escrevo esse texto como uma birrinha de little monster decepcionado. Mas, sim, foi inevitável ver o show e não pensar: “Lady Gaga teria feito uma noite mais interessante”. Dito isso, vamos lá.

A setlist do Maroon 5 era basicamente de singles, o que é sempre sábio quando se trata de festivais. One More Night”, “Love Somebody”, “Animals”, “Sunday Morning”, “Payphone”, “Daylight”, “She Will”, “Don’t Wanna Know”, “Sugar” são músicas que tocaram nas rádios e as pessoas conhecem. Por que não funcionou, então? Porque o fato é esse: não funcionou. O público estava morto. Morto de desinteresse.

Adam Levine não tem uma grande voz – ela falha ou falta em diversos momentos. O público que estava lá sabe o que é uma voz potente, então não se deixou impressionar fácil por suas dancinhas descoreografadas e supostamente sensuais. Não exatamente carismático, Adam também não consegue trazer a galera para junto dele. Havia uma distância abismal entre o Maroon 5 e o público – claro que pela razão óbvia de não ter pagado para ver a banda, mas em parte também pela desenvoltura do show. É bem médio. Não tem potencial para cativar uma plateia que já não seja de fãs. Trata-se de um show apático – e os little monsters estão acostumados com uma mulher que em sua última vinda botou fãs no palco, chorou, quebrou protocolos e ainda foi embora do país com “Rio” tatuado na nuca. Quer dizer. Uma pitada de sensibilidade não cairia mal.

E aí veio “Garota de Ipanema”, cantada em português, que foi uma das cenas mais fofas de toda a noite. O problema é que ela veio tarde demais. “Eu não falo português, mas hoje vou falar… nao me julguem ok?”, ele disse antes de cantar e depois emendou: “foi ok né? Ufa! Eu estava muito nervoso. Não estou brincando, estava mesmo”. Foi um raro momento de criação de vínculo com todas as pessoas que estavam em sua frente. Ali se viu que ele se esforçou para agradar. Mas já era o bis e muita gente já estava longe, levando sua frustração para casa.

Faço ainda um adendo: deveria ser uma regra de etiqueta você fazer uma menção simpática a quem você está substituindo.


SETLIST

Moves Like Jagger
This Love
Harder
Locked Away
One More Night
Misery
Love Somebody
Animals
Maps
Lucky Strike
Sunday Morning
Let’s Dance
Makes Me Wonder
Payphone
Daylight

BIS

Garota de Ipanema
She Will
Don’t Wanna Know
Sugar
Let’s Go Crazy

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