Não
é maldade dizer que ninguém estava dando nada pelo show da Fergie no Rock in Rio,
no fim da noite de sábado (16/9). A cantora não lança um álbum solo desde 2006,
saiu do Black Eyed Peas com o hiato
do grupo e vem de uma sequência de singles descompensados, que não tiveram
qualquer notoriedade. Então era para ser um show perdido na line-up,
descartável e esquecível. Mas foi totalmente o oposto disso. Arrisco a dizer
que foi memorável: Fergie entrou no
palco para lembrar a todos que a amam. E funcionou.
Com
quatro trocas de figurino – parciais ou totais – e mudanças até no cabelo, Fergie deu o show de diva que o Rock in Rio vai ter neste ano. Com uma
bota de cada cor, cinco dançarinos, banda pesada, DJ no palco, interludes bem
elaborados, e uma presença de palco incrível, a americana atestou o que já se
dizia por aí: era mesmo a melhor opção para substituir Lady Gaga como headliner. Sim, o show foi sofrível com todos os
problemas no microfone e no retorno da cantora (que levaram a algumas
desafinações): mas, por incrível que pareça, nada disso comprometeu a animação
do público – e no fim das contas é isso que importa.
01) Fergie levou uma drag queen para o
palco do Rock in Rio pela primeira vez na história desde 1985
A
participação surpresa de Pabllo Vittar
no show foi certamente um dos pontos altos. Antenada e amiga de Bruno Ilogti, diretor do clipe de “Sua Cara”, Fergie convidou a drag para participar do número de “Glamorous” e ainda abriu espaço para
tocar “Sua Cara”. Pena que foi
playback. Mas, mesmo assim, foi histórico. Pabllo
Vittar chegou dando um escapate na cara da sociedade.
02) A cantora fez questão de preparar
algo verdadeiramente especial
Fergie demonstrou verdadeiro amor e interesse pela cultura
brasileira. Além de Pabllo Vittar,
ela levou Sergio Mendes para cantar
“Mais Que Nada” e fez referência ao
Carnaval. Enquanto o compositor da bossa nova fazia seu número, os dançarinos
da popstar exibiam figurinos carnavalescos. Foi muito especial, e fez lembrar
um show histórico do Black Eyed Peas
para um milhão de pessoas na Praia de Ipanema no Réveillon de 2006/2007.
03) Fergie se emocionou duas vezes no
palco por conta do calor do público
Da
mesma maneira que a cantora se empenhou em demonstrar seu carinho pelo Brasil,
o público respondeu com muita energia. Teve gritos de “Fergie, eu te amo!” e “Ole
Ole Ole Fergie Fergie!”. Ela ficou emocionada de verdade e houve uma genuína
conexão entre o palco e a plateia – muito além de descer e dar a mãozinha para
o pessoal do gargarejo. “Sentindo o amor
de todos. Muito obrigada. Meu nome é Fergie, caso alguém não saiba. Esperei por
muito tempo para voltar aqui!”, disse a artista.
04) Fergie não teve vaidade na hora de
montar a setlist
A
cantora entregou para a galera o que eles queriam ouvir e sabiam cantar. Ela
tem um álbum novo – seu primeiro solo em dez anos, que deu muito trabalho para
conseguir distribuir e acabou vazando antes do lançamento – e ela poderia
querer usar o festival para promover esse material. Mas a cantora encheu a
setlist de canções do “The Dutchess”
e de sua fase no Black Eyed Peas.
Quando inseriu algumas novas, foi de maneira muito pontual. “Love Is Pain”, por exemplo, acabou se
tornando uma das coisas mais bonitas do show.
05) Ela não se abateu mesmo com os
problemas técnicos do festival (nota zero para vocês, aliás)
Em
tantos anos de festival, nunca se viu tantos problemas em um microfone – ainda
mais no Palco Mundo. Fergie foi
vítima de falta de retorno (o que significa cantar sem se ouvir) e de
microfones falhos. Por vezes, o público presente sequer ouvia sua voz – como em
“I Gotta Feeling”. Mas o mais interessante é que isso não abateu a artista e
nem a multidão. Pelo contrário. As pessoas cantavam em alto e bom som toda e
qualquer música que estivesse prejudicada pelo áudio do festival. Virou um
time.
É
sério. Fergie fez um show memorável.
Daqueles que merecem ser lembrados nas retrospectivas do festival nos próximos
anos. Pabllo, Sergio Mendes, Carnaval, grandes sucessos, carão… Ela merece
voltar em outra edição, para se apresentar com a qualidade técnica devida.
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