segunda-feira, 17 de abril de 2017

Crítica | A Bela e a Fera

A Bela e a Fera é um clássico da Disney que não é tão antigo assim. Diferente de Mogli – o Livro da Selva (lançado em 1967 pela empresa do Mickey, ganhou nova versão em 2016) o conto sobre o príncipe transformado em uma besta assustadora e a moça que se encanta por ele foi originalmente lançado como animação em 1991 e não parecia realmente necessário já fazer um remake live-action.

Entretanto, a desconfiança sobre a ideia ser boa ou não começa a se dissipar logo quando a canção sobre a vida de Bela na vila é cantada. As coreografias, as cores e os cenários são cheios de energia e resumem muito bem tudo que o espectador precisa saber sobre a vida naquele local e também mostra um pouco do que esperar dessa obra.

Além disso, é muito fácil para qualquer pessoa que em algum momento sentiu que não se encaixava nos padrões se identificar com as angústias de Bela (Emma Watson), que é tratada como a esquisita da vila e ostracizada por gostar de ler.
Temos aqui uma garota estranha

Bela é ainda mais destemida e criativa do que a animação. No live-action, a jovem heroína mostra que sua inteligência não é voltada apenas para leitura e inventa uma espécie de máquina para lavar suas roupas (conseguindo assim mais tempo para seus amados livros), enquanto no original apenas seu pai era uma espécie de inventor.

Todas as músicas clássicas continuam presentes e tão contagiantes quanto no longa de 1991, e algumas canções novas são adicionadas. As novidades na trilha sonora não são tão marcantes, mas não chegam a destoar do clima. A protagonista, interpretada por Emma Watson, consegue ser cativante e convencer na emoção, apesar de a atriz não ser uma cantora tão incrível.
Alguma coisa acontece

Em alguns pontos a história é melhor amarrada do que na animação original. Por exemplo, os inúmeros filhos da Madame Samovar (Emma Thompson), que simplesmente desapareciam da versão animada quando o encanto era quebrado, foram substituídos apenas por Zip, que agora é seu filho único. Além disso, o longa oferece uma rápida explicação sobre o motivo do desaparecimento súbito de tantas pessoas que trabalhavam no mesmo castelo não levantar nenhuma suspeita.

O passado dos dois protagonistas também é mais aprofundado na versão live-action, chegando a mostrar algumas semelhanças relacionadas às famílias deles, embora as circunstâncias e desfechos tenham sido completamente distintas.

Personagens secundários, como LeFou, ganham uma personalidade muito bem definida e o carisma de Josh Gad ao interpretar o melhor amigo de Gaston também ajuda bastante. Ele deixa de ser um capanga bobo para alguém que tenta fazer com que o melhor do vilão venha à tona e se destaca de tal maneira que consegue brilhar mesmo em um elenco que conta com nomes como Ian McKellen e Ewan McGregor.
Sentimentos são fáceis de mudar

É sempre uma surpresa quando alguém faz um remake de uma história amada e, mesmo sem inovar tanto, consegue encantar. Este não era um longa realmente essencial de ser refeito – especialmente considerando que se passaram apenas 26 anos desde o lançamento da animação da Disney –, mas A Bela e a Fera é bem sucedido em trazer novos elementos que contextualizam melhor a história, de maneira que ela passa a fazer mais sentido para a nova geração.

Existe espaço para recontar histórias clássicas e cativar um novo público e também para inovar em novas franquias, como Moana: Um Mar de Aventuras e Zootopia: Essa Cidade é o Bicho. Não é preciso escolher entre um ou outro, existe espaço para mulheres que se apaixonam e também para garotas independentes que salvam a própria vila.

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