Daisy Jones & The Six, série baseada no livro homônimo de Taylor Jenkins Reid que conta a história de uma banda fictícia que conquistou os Estados Unidos, mas acabou repentinamente, deixando os fãs órfãos e confusos, finalmente concluiu sua primeira tempora no Prime Video.
Com um texto bem adaptado, ritmo adequado e excelentes atuações, a produção do streaming da Amazon agrada até mesmo quem nunca leu o livro, e mostra como é possível fazer uma boa adaptação de uma obra literária. Mérito da própria Taylor, que participou da produção, e de Reese Witherspoon, que assina como uma das produtoras executivas.
Um dos grandes acertos de Daisy Jones & The Six é dar o destaque necessário para Daisy e Billy, os dois protagonistas da banda, sem apagar as histórias coadjuvantes e nem o próprio grupo. Sendo assim, vemos um pouco mais de Simone — personagem vivida brilhantemente por Nabiyah Be —, sua relação com a música, com as gravadoras e com o preconceito sofrido por ser uma mulher que se relaciona com outra. O contraste entre a liberdade do rock ’n roll e a homofobia sofrida é um arco interessante da produção.
Outra trama que chama atenção é o relacionamento de Karen e Eddie, e posteriormente sua gravidez. Da decisão do aborto até o fim do romance, tudo é muito bem executado, mas vale falar que Karen merecia ainda mais destaque, tanto na banda quanto na trama.
Camila, por sua vez, esposa de Billy, também é uma personagem essencial na produção, e embora condescendente em alguns momentos, é forte, bonita, sincera e gentil. Camila Alvarez, que dá vida à personagem, soube construí-la sem torná-la uma coitadinha ou apática a tudo que acontece ao seu redor.
Não dá para negar que em Daisy Jones & The Six todos os personagens são interessantes e relevantes, até mesmo aqueles que não fazem parte da banda como o produtor Teddy Price (Tom Wright), responsável por fazer o grupo se tornar um dos mais bem-sucedidos dos Estados Unidos. No entanto, a relação de Daisy e Billy é mais evidenciada que as demais, e nos últimos episódios isso fica ainda mais nítido.
Embora a tensão sexual entre os dois seja evidente, fica difícil acreditar que eles possam ser um casal algum dia na vida. Isso porque, apesar de compartilharem a mesma afeição pelo estrago (drogas, depressão, etc), ambos são iguais demais para se darem bem além dos palcos. Isso faz com que a última cena da série — não revelada aqui para não estragar totalmente a experiência do leitor — seja agradável, ainda que soe como uma mentira.
O fato é que embora a série não se distancie da obra de Taylor e mostre o que precisa ser mostrado — essa relação tóxica e amorosa entre Daisy e Billy —, fica no público um gostinho de quero mais pelos outros personagens, que também têm o que contar.
Um dos momentos mais aguardados pelos fãs era saber como o término da banda seria retratado, e o que se pode dizer é que foi feito de maneira bem adequada. A trama mostrou as insatisfações de cada integrante e os motivos para não quererem mais subir aos palcos, mesmo levando multidões aos estádios.
Se Daisy precisava dar um tempo para se curar da sua paixão por Billy, o próprio precisava seguir em frente, tratar o alcoolismo e tentar reconquistar Camila. Eddie, por sua vez, cansado de ser menosprezado pelo líder da banda, decide abandonar o grupo após o fim da última turnê. Assim, quebrados, cada um de uma forma, os seis seguem caminhos distintos, provando que fama e dinheiro não são tudo na vida.
E se vamos falar de acertos, vale ressaltar que a forma como a série foi contada (mesclando depoimentos do presente com as cenas do passado) também foi um ponto positivo. Por se tratar de uma história pseudodocumental, havia o receio de ficasse muito “quadrada”, ou quem sabe até artificial. Mas a produção soube conduzir o texto e mesclar a dramatização com os depoimentos sem soar malfeito.
Outro grande acerto foram as músicas da obra. Protagonistas da série, elas embalaram os show da banda e ajudaram a contar a história do triângulo amoroso formado por Camila, Daisy e Billy. Vale falar que os próprios atores que entoaram as canções. Riley Keough que vive Daisy e é neta de Elvis, mostrou que o talento é de família e não decepcionou nos vocais. As músicas, inclusive, podem ser ouvidas nas plataformas de áudio.
Daisy Jones & The Six acertou no texto e atiçou a vontade de ver mais. A série realmente encontrou seu tom e se tornou um grande êxito do Prime Video.
O elenco também foi responsável por fazer a produção deslanchar, com destaque para Riley Keough, Sam Claflin, Suki Waterhouse, Camila Morrone, Will Harrison, Sebastian Chacon, Timothy Olyphant e Josh Whitehouse. Outro ponto que mereceu destaque foi o figurino, assinado por Denise Wingate, que teletransportou o público direto para os anos 1970.
Sendo assim, Daisy Jones & The Six é, sim, uma das principais adaptações literárias para o audiovisual e, certamente, vale o play. Quem quiser dar uma chance à obra, pode assistir Daisy Jones & The Six no Prime Video.
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