domingo, 18 de fevereiro de 2018

Simple Minds lança novo disco, revigorante e nostálgico

Walk between worlds ´o 17º da discografia do grupo

Para que a história continue, é preciso escrever novos capítulos. Caso contrário, nos calcificamos, nos tornamos nosso próprio museu”, adverte Jim Kerr, líder do Simple Minds, que retorna com o revigorante e nostálgico Walk between worlds, 17º álbum da banda. O álbum chega três anos depois do último lançamento de estúdio – Big music – e foi intercalado com um disco acústico e uma mini-turnê. “Esse intervalo nos permitiu abrir a novos caminhos, contratamos novos músicos e Charlie (Burchill, o outro membro original da banda) nunca tocou tão bem a guitarra. Assim, demos mais espaço a ele”, esclarece Jim Kerr. Que os fãs fiquem tranquilos, os teclados permanecem dominantes em certos trechos. O resultado assume a forma de oito canções vintage, com uma produção apurada.

No planeta pop-rock, o Simple Minds, em meados dos anos 1980, rivalizava com os gigantes U2 ou Depeche Mode em termos de vendas de álbuns. Dos seus sintetizadores e guitarras entrelaçadas saíam um som próprio e uma série de sucessos – Don’t you (forget about me), Mandela day ou Alive and kicking, que impulsionaram a venda de mais de 60 milhões de discos.
Embora a banda escocesa já não estivesse no topo das paradas na virada do milênio, continuou sua jornada. E tem se beneficiado há algum tempo de um retorno aos holofotes, devido ao revival dos anos 1980, mas também por conta de sua inegável simpatia.
Desta forma, entrevistar Jim Kerr é uma missão agradável, um pouco como conhecer, em um pub, seu vizinho de cerveja. Um homem afável, que deixa seu interlocutor à vontade, sem nunca dar a impressão de falar com uma estrela do rock que, em seu auge, rivalizava com Bono Vox. “A verdade para este álbum é que nos sentimos em grandeza”, disse ele em entrevista em Paris. “Big music, nosso trabalho precedente, foi muito bem recebido e eu queria manter essa energia positiva. Então, em vez de descansar, propus que começássemos imediatamente a trabalhar de novo.

Raiva e fé no entanto, Jim Kerr assume que cultiva uma certa nostalgia. “Magic fala sobre quando eu tinha 18 anos e queria mostrar ao mundo o que valia. Tinha raiva e fé ao mesmo tempo”, diz aquele que se lembra “como ontem” a primeira vez em que o Simple Minds tocou em Paris. “Foi em 1980, no Pavillon Baltard, havia a banda Marquis de Sade, e lembro-me da conversa com seu líder, Philippe Pascal.”
Na faixa Sense of discovery, um homem idoso transmite sua sabedoria a uma pessoa mais nova. Jim Kerr canta como David Bowie, um dos seus ídolos, cujo sucesso Jean Genie deu à sua banda o nome de Simple Minds, com sua estrofe “he’s so simple minded, he can’t drive his module”. “Nunca tive a oportunidade de encontrar Bowie”, conta o vocalista. “Conversei com ele uma vez por telefone, ele estava ligando da parte de seu agente, que também era o meu. ‘Escuta, este promotor italiano com quem você trabalha quer trabalhar comigo. Mas, aparentemente, ele é da máfia”. “Eu respondo: ‘Sim, é verdade. Mas isso não é problema, ele paga um rubi por unha e se tornou um amigo nosso. O que ele faz por fora não nos diz respeito’. Ele esperou um tempo: ‘Ele paga sem problema? Bom... Está tudo bem para mim’. E desligou. Depois, eles se tornaram muito amigos”, conclui o cantor, “mas isso não me ajudou a conhecer Bowie”.

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