Walk between worlds ´o 17º da
discografia do grupo
“Para que a história continue, é preciso
escrever novos capítulos. Caso contrário, nos calcificamos, nos tornamos nosso
próprio museu”, adverte Jim Kerr,
líder do Simple Minds, que retorna
com o revigorante e nostálgico Walk
between worlds, 17º álbum da banda. O álbum chega três anos depois do
último lançamento de estúdio – Big music
– e foi intercalado com um disco acústico e uma mini-turnê. “Esse intervalo nos permitiu abrir a novos
caminhos, contratamos novos músicos e Charlie (Burchill, o outro membro original
da banda) nunca tocou tão bem a guitarra. Assim, demos mais espaço a ele”,
esclarece Jim Kerr. Que os fãs
fiquem tranquilos, os teclados permanecem dominantes em certos trechos. O
resultado assume a forma de oito canções vintage, com uma produção apurada.
No
planeta pop-rock, o Simple Minds, em
meados dos anos 1980, rivalizava com os gigantes U2 ou Depeche Mode em
termos de vendas de álbuns. Dos seus sintetizadores e guitarras entrelaçadas
saíam um som próprio e uma série de sucessos – Don’t you (forget about me), Mandela
day ou Alive and kicking, que
impulsionaram a venda de mais de 60 milhões de discos.
Embora
a banda escocesa já não estivesse no topo das paradas na virada do milênio,
continuou sua jornada. E tem se beneficiado há algum tempo de um retorno aos
holofotes, devido ao revival dos anos 1980, mas também por conta de sua
inegável simpatia.
Desta
forma, entrevistar Jim Kerr é uma
missão agradável, um pouco como conhecer, em um pub, seu vizinho de cerveja. Um
homem afável, que deixa seu interlocutor à vontade, sem nunca dar a impressão
de falar com uma estrela do rock que, em seu auge, rivalizava com Bono Vox. “A verdade para este álbum é que nos sentimos em grandeza”, disse
ele em entrevista em Paris. “Big music,
nosso trabalho precedente, foi muito bem recebido e eu queria manter essa
energia positiva. Então, em vez de descansar, propus que começássemos
imediatamente a trabalhar de novo.”
Raiva
e fé no entanto, Jim Kerr assume que
cultiva uma certa nostalgia. “Magic fala
sobre quando eu tinha 18 anos e queria mostrar ao mundo o que valia. Tinha
raiva e fé ao mesmo tempo”, diz aquele que se lembra “como ontem” a primeira vez em que o Simple Minds tocou em Paris. “Foi
em 1980, no Pavillon Baltard, havia a banda Marquis de Sade, e lembro-me da
conversa com seu líder, Philippe Pascal.”
Na
faixa Sense of discovery, um homem
idoso transmite sua sabedoria a uma pessoa mais nova. Jim Kerr canta como David
Bowie, um dos seus ídolos, cujo sucesso Jean Genie deu à sua banda o nome de Simple Minds, com sua estrofe “he’s
so simple minded, he can’t drive his module”. “Nunca tive a oportunidade de encontrar Bowie”, conta o vocalista. “Conversei com ele uma vez por telefone, ele
estava ligando da parte de seu agente, que também era o meu. ‘Escuta, este promotor
italiano com quem você trabalha quer trabalhar comigo. Mas, aparentemente, ele
é da máfia”. “Eu respondo: ‘Sim, é
verdade. Mas isso não é problema, ele paga um rubi por unha e se tornou um
amigo nosso. O que ele faz por fora não nos diz respeito’. Ele esperou um
tempo: ‘Ele paga sem problema? Bom... Está tudo bem para mim’. E desligou.
Depois, eles se tornaram muito amigos”, conclui o cantor, “mas isso não me ajudou a conhecer Bowie”.
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