A MPB sempre foi dominada por
mulheres. De Rita Lee à Marina Lima, o sexo feminino se
configurou como o principal expoente da música made in Brasil e, em tempos de
recessão e mudanças na indústria fonográfica, são elas que conseguem vendagens
razoáveis. Apostando nesse mercado, e em mostrar outras facetas da sua
musicalidade, a vocalista do Kid Abelha,
Paula Toller, lançou em 2007 seu
segundo trabalho solo – SóNós.
No primeiro CD, intitulado Paula Toller (1998), a cantora selecionou um
repertório meio “esquizofrênico” que
incluía canções tão díspares entre si como o xote “Eu Só Quero Um Xodó” e a sonolenta “Patience” do Guns´N Roses.
Em SóNós, Paula
conseguiu um resultado mais coeso, mesclando composições de artistas conhecidos
com as de nomes mais alternativos, alguns deles estrangeiros.
Da parceria gringa com Jesse
Haris (autor de “Don´t Know Why”,
o mega hit da americana Norah Jones)
surgiram as simpáticas “If You Won´t”
e “Long Way From Home”. “Tudo Se Perdeu”, uma versão em português
para “Vicious World”, do gélido
cantor canadense Rufus Wainwright,
acaba agradando mais pela ironia e pelas referências à carreira da cantora do
que pela musicalidade em si.
A turma do rock 80 aparece na chatíssima “Pane de Maravilha”, uma ode ao Rio de Janeiro com letra da cantora
e de Fausto Fawcett e música de Dado Villa Lobos. A balada “O Que É Que Eu Sou”, de Erasmo Carlos, fala de crises
existenciais e, de certa forma, sintetiza um pouco a carreira da própria Paula,
um dos raros ícones do pop nacional que se assume como tal.
O maior problema de SóNós é que, ao longo de suas
14 faixas, percebemos que a cantora, apesar de se distanciar da sonoridade
produzida no Kid Abelha, fez um
disco que está “apenas na média”.
Faltam melhores critérios na escolha do repertório e, principalmente, falta
mais emoção nas interpretações.
Apesar da falta de inovação ou
mesmo da ausência de músicas candidatas a hits, a cantora realizou um trabalho
honesto. Sem a “atitude” forjada,
recurso comum em muitas de suas colegas, Paula
Toller mostra que, sozinha ou acompanhada, conseguiu conquistar seu espaço
na música brasileira.
NOTA: 7,0