quinta-feira, 20 de novembro de 2014

SóNós | Trabalho honesto e muito na média da musa do Rock 80 Paula Toller


A MPB sempre foi dominada por mulheres. De Rita Lee à Marina Lima, o sexo feminino se configurou como o principal expoente da música made in Brasil e, em tempos de recessão e mudanças na indústria fonográfica, são elas que conseguem vendagens razoáveis. Apostando nesse mercado, e em mostrar outras facetas da sua musicalidade, a vocalista do Kid Abelha, Paula Toller, lançou em 2007 seu segundo trabalho solo – SóNós.

No primeiro CD, intitulado Paula Toller (1998), a cantora selecionou um repertório meio “esquizofrênico” que incluía canções tão díspares entre si como o xote “Eu Só Quero Um Xodó” e a sonolenta “Patience” do Guns´N Roses. Em SóNós, Paula conseguiu um resultado mais coeso, mesclando composições de artistas conhecidos com as de nomes mais alternativos, alguns deles estrangeiros.

Da parceria gringa com Jesse Haris (autor de “Don´t Know Why”, o mega hit da americana Norah Jones) surgiram as simpáticas “If You Won´t” e “Long Way From Home”. “Tudo Se Perdeu”, uma versão em português para “Vicious World”, do gélido cantor canadense Rufus Wainwright, acaba agradando mais pela ironia e pelas referências à carreira da cantora do que pela musicalidade em si.
A turma do rock 80 aparece na chatíssima “Pane de Maravilha”, uma ode ao Rio de Janeiro com letra da cantora e de Fausto Fawcett e música de Dado Villa Lobos. A balada “O Que É Que Eu Sou”, de Erasmo Carlos, fala de crises existenciais e, de certa forma, sintetiza um pouco a carreira da própria Paula, um dos raros ícones do pop nacional que se assume como tal.
O maior problema de SóNós é que, ao longo de suas 14 faixas, percebemos que a cantora, apesar de se distanciar da sonoridade produzida no Kid Abelha, fez um disco que está “apenas na média”. Faltam melhores critérios na escolha do repertório e, principalmente, falta mais emoção nas interpretações.

Apesar da falta de inovação ou mesmo da ausência de músicas candidatas a hits, a cantora realizou um trabalho honesto. Sem a “atitude” forjada, recurso comum em muitas de suas colegas, Paula Toller mostra que, sozinha ou acompanhada, conseguiu conquistar seu espaço na música brasileira.

NOTA: 7,0