Ícone feminino em meados dos
anos 90, Alanis Morissette começou
sua carreira no Canadá quando ainda era uma adolescente. Estourou mundialmente
em 1995 cantando sobre raiva e frustração em performances enérgicas, escoltada
pelos longos cabelos que se tornaram sua marca registrada. Letras maduras para
a sua idade e uma gaita tocada sem técnica alguma, fizeram com que Alanis fosse
precocemente considerada uma espécie de “Bob
Dylan da sua geração”. Mas a cantora não se sentia em paz com o sucesso (o
disco que a apresentou ao mundo, “Jagged
Little Pill”, vendeu 19 milhões apenas nos anos 90; hoje já alcançou a
marca de 33 milhões de cópias vendidas) e antes que abandonasse a carreira e
abrisse um bar, recrutou sua mãe e duas amigas para fazer uma viagem de auto-conhecimento,
que incluiu Cuba e Índia no roteiro.
Desde então, Alanis parece ter
dado às costas ao showbiz e procurado fazer o que queria, ora abandonando de
vez sua gaita e arriscando sonoridades diferentes; ora assumindo a tarefa de
compor e produzir sozinha suas músicas, buscando afastar de si mesma o fantasma
de ser vista como “cantora fabricada por
um produtor”. A premissa de fazer dos seus álbuns recortes de cada período
da sua vida se mantém fiel desde a escolha dos títulos (geralmente pinçados dos
versos de suas canções): todos dão a pista sobre os temas que iremos ouvir a
cada novo lançamento. E, à exceção de breves momentos como o lançamento do seu
“MTV Unplugged” no final de 1999, ou
um single que eventualmente estoura nas rádios (como “Hands Clean”, em 2002) a cada lançamento, Alanis parece não conseguir
conquistar o interesse de crítica e público, mantendo sua relevância apenas
pelos feitos no início da carreira.
Esta discografia tenta jogar
luz no trabalho muitas vezes deixado de lado da prolífica e premiada
compositora, dona de mais de 150 composições conhecidas, espalhadas em dez
álbuns, dezenas de colaborações e mais outra dezena de trabalhos diversos em 21
anos de uma carreira onde mais que reclamar de ex-namorados, Alanis escreveu
pequenas crônicas sobre a ilusão da fama, feminismo, religião, sociedade,
comportamento, família e depressão procurando não se envolver em polêmicas
vazias e levantar bandeiras que não as sociais – pelo que foi homenageada com o
prêmio Global Tolerance em 2001, dado pela ONU por sua “contribuição para a
tolerância no mundo”.
Vale a pena mencionar também
que seu relacionamento com o Brasil não podia ser melhor: tendo um dos seus
maiores mercados por aqui, Alanis passou alguns anos sob contrato de
exclusividade com a Rede Globo, que incluiu várias de suas músicas em novelas e
contou inclusive com uma participação da cantora em “Celebridade”. Em 2009, Alanis, desembarcou por aqui para uma série
de onze shows e sua passagem pelo Nordeste causou tanto barulho que ela chegou
a comentar estar se sentindo de volta aos velhos tempos. Neste ano, Alanis
escolheu o Brasil para iniciar sua turnê de lançamento do seu novo álbum, “Havoc and Bright Lights”, e vem
declarando em várias entrevistas que o país é um dos seus lugares preferidos no
mundo.