segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Alanis Morissette | Perfil


Ícone feminino em meados dos anos 90, Alanis Morissette começou sua carreira no Canadá quando ainda era uma adolescente. Estourou mundialmente em 1995 cantando sobre raiva e frustração em performances enérgicas, escoltada pelos longos cabelos que se tornaram sua marca registrada. Letras maduras para a sua idade e uma gaita tocada sem técnica alguma, fizeram com que Alanis fosse precocemente considerada uma espécie de “Bob Dylan da sua geração”. Mas a cantora não se sentia em paz com o sucesso (o disco que a apresentou ao mundo, “Jagged Little Pill”, vendeu 19 milhões apenas nos anos 90; hoje já alcançou a marca de 33 milhões de cópias vendidas) e antes que abandonasse a carreira e abrisse um bar, recrutou sua mãe e duas amigas para fazer uma viagem de auto-conhecimento, que incluiu Cuba e Índia no roteiro.

Desde então, Alanis parece ter dado às costas ao showbiz e procurado fazer o que queria, ora abandonando de vez sua gaita e arriscando sonoridades diferentes; ora assumindo a tarefa de compor e produzir sozinha suas músicas, buscando afastar de si mesma o fantasma de ser vista como “cantora fabricada por um produtor”. A premissa de fazer dos seus álbuns recortes de cada período da sua vida se mantém fiel desde a escolha dos títulos (geralmente pinçados dos versos de suas canções): todos dão a pista sobre os temas que iremos ouvir a cada novo lançamento. E, à exceção de breves momentos como o lançamento do seu “MTV Unplugged” no final de 1999, ou um single que eventualmente estoura nas rádios (como “Hands Clean”, em 2002) a cada lançamento, Alanis parece não conseguir conquistar o interesse de crítica e público, mantendo sua relevância apenas pelos feitos no início da carreira.


Esta discografia tenta jogar luz no trabalho muitas vezes deixado de lado da prolífica e premiada compositora, dona de mais de 150 composições conhecidas, espalhadas em dez álbuns, dezenas de colaborações e mais outra dezena de trabalhos diversos em 21 anos de uma carreira onde mais que reclamar de ex-namorados, Alanis escreveu pequenas crônicas sobre a ilusão da fama, feminismo, religião, sociedade, comportamento, família e depressão procurando não se envolver em polêmicas vazias e levantar bandeiras que não as sociais – pelo que foi homenageada com o prêmio Global Tolerance em 2001, dado pela ONU por sua “contribuição para a tolerância no mundo”.

Vale a pena mencionar também que seu relacionamento com o Brasil não podia ser melhor: tendo um dos seus maiores mercados por aqui, Alanis passou alguns anos sob contrato de exclusividade com a Rede Globo, que incluiu várias de suas músicas em novelas e contou inclusive com uma participação da cantora em “Celebridade”. Em 2009, Alanis, desembarcou por aqui para uma série de onze shows e sua passagem pelo Nordeste causou tanto barulho que ela chegou a comentar estar se sentindo de volta aos velhos tempos. Neste ano, Alanis escolheu o Brasil para iniciar sua turnê de lançamento do seu novo álbum, “Havoc and Bright Lights”, e vem declarando em várias entrevistas que o país é um dos seus lugares preferidos no mundo.