domingo, 15 de maio de 2011

Caça-níqueis?

Por Jô Fagner

A televisão brasileira vem assistido nos últimos anos uma super-exploração da figura do homossexual em telenovelas: FATO! Diversos tipos de personagens têm ocupado destaque na teledramaturgia, nos reality shows e programas de televisão. Enquanto o tão esperado beijo gay não sai, o que se costuma ouvir por aí são os burburinhos sobre a representação da imagem do gay na TV. Caricatas, palhaços: enfim, de que "bichas" estamos falando?

Dos afeminados, exagerados e pintosos até os mais discretos, masculinos e mariconas, uma coisa não pode deixar de se pensar: todos merecem o seu lugar na telinha. A gente às vezes pensa mais na forma como queremos ser mostrados, numa fantasia extra-realidade, e esquece de reparar nos vários rostos que vão às ruas numa Parada de Orgulho Gay. E vale a pena perguntar aqui: com quantas cores se faz um movimento LGBT?

Se a TV também mostra heterossexuais exagerados e caricatas, por que não mostrar também as personagens hilárias do mundo alternativo? Por que não explorar a diversidade do movimento ao invés de se inserir num discurso que nem sempre condiz com o que acontece de verdade. Se for pra representar a realidade do mundo gay, uma ótima forma de se começar seria mostrando as violentas rachaduras que existem no próprio movimento, frutos de uma homofobia internalizada que ergue muros entre o ativo/passivo, discreto/pintoso, másculo/afeminado.

Às vezes alguns autores têm seus devaneios ao mostrar situações surreais, como o exemplo de ex-gays, mas principalmente com relação aos caricatas. Quanto a isso, o nosso olhar também precisa ser educado pra uma coisa: é muito mais fácil pra sociedade em que a gente vive aceitar um gay engraçado que ver dois homens se beijando na TV. Essa também é uma forma de se chamar a atenção. E caso alguém não se sinta representado, basta olhar pra bandeira do movimento: uma bandeira de sete listras coloridas, cada uma representando uma identidade.

Criticar novelas e programas é fácil, qualquer um faz. Difícil é reconhecer a fragilidade de um movimento que, ao invés de união se apresenta em rupturas, segmentações, estereótipos que são tratados com hostilidade um pelo outro. É preciso entender que existem diferenças dentro do próprio grupo, isso é diversidade. Se a Globo, SBT, Record ou qualquer outra emissora mostra isso do jeito que for, então parabéns! Visibilidade é fundamental na conquista de cada um dos nossos direitos de cidadão, enquanto gays.

4 comentários:

  1. Ótimo texto. Parabéns Jo! Mais uma vez você saiu do lugar comum para discutir um tema que é lugar comum. Como eu disse da outra vez no seu outro texto: gosto do seu deslocamento de olhar.

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  2. Não sei se a resenha é boa ou regular. Faltou um tempero no feijão com arroz. Quem sabe numa próxima tentativa ele consiga alcançar seu objetivo.

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  3. De muito mal gosto essa resenha. Melhor mudar de profissão Jo Fagner.

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