quarta-feira, 30 de março de 2011

‘Ponto Zero’ apresenta... Paulo Henrique Alves Pinheiro, o poeta

Qualquer habilidade artística requer inspiração. O olhar de quem produz arte é um olhar sensível sobre o mundo e suas nuances, sobre o nosso “eu” e sobre o “eu” dos outros. Não sei precisar com datas o início do meu interesse pela literatura e pela escrita. Sempre fui inquieto, curioso. Ainda muito pequeno, no início da minha alfabetização, lia cordéis muitos antigos, que ganhava de uma querida tia avó, chamada Branca. Lembro-me ainda, brancamente, dos curiosos títulos que recebiam os cordéis, como o provérbio “Casamento e mortalha no céu se talha”.
A leitura nunca foi exercício rígido e rigoroso. Nunca fui obrigado a ler, ou sequer tive profícuos incentivos, mas creio que sensibilidade seja um dom, você nasce com ela, e aos poucos, diante do que a vida lhe oportuniza, você vai desenvolvendo habilidades. O tempo foi passando e, além da necessidade natural da leitura, que virou hábito, eu fui compreendendo a importância desse ato, a verdadeira dimensão da literatura.  Os gostos foram e estão se apurando e aguçando, a necessidade de descobrir e evoluir faz com que os horizontes se ampliem.
Comecei a ler com maior freqüência e sem regras, o que me despertasse interesse. Nisso tive oportunidade de passear pela literatura nacional, lendo um pouquinho de cada coisa, conhecendo mais e viajando nesse universo grandioso que revela nossa identidade em forma de arte. Rendi-me a eloqüência e os versos carnais de Augusto dos Anjos; com Auta de Souza tentei compreender dúvidas de certezas e aprendi a encarar “a noite” de outra forma; contemplo os imortais modernistas e muitos são os nomes de notáveis brasileiros que poderia citar e falar da delícia de lê-los. Em meio esse rico universo a única coisa que me considero é um pretenso poeta. Não só li ou leio poesia, longe dos que se prendem a um único caminho. Para ser coerente com o que penso, tenho de afirmar, poesia está presente até na matemática.
Nasci num lugar privilegiado, onde as serras se arranjam em forma de poesia e quando o verde extravasa é como de Deus recitasse versos, sou de São Miguel, Alto Oeste potiguar. Nasci inspirado. Hoje, tenho 21 anos de idade. A alma, talvez, seja um pouco mais envelhecida. O que faço é tentar harmonizar o que sinto em alguns pequenos versos. Escrevendo me distraio ao extrair de mim alguns sentimentos que penso e alguns pensamentos que sinto... E vou por qualquer caminho, como quem sai por ai sem direção, sem eira nem beira, daí me encontro em qualquer canto e qualquer coisa é motivo de poesia.
Sou fascinado pela liberdade, e a alma de quem escreve é livre, leve feito vento. A minha é assim, vive rindo à toa e mudando de cor à medida que invento... O maior motivo da vida é o riso. Esse riso me motiva a continuar lendo o mundo, os livros, a literatura do espaço e do tempo, a literatura dos sentimentos. Qualquer dia desses poderei ser um riso solto no universo da literatura. 
Paulo Henrique Alves Pinheiro
Poeta
“SENDO”

Sou tão apaixonado, chego a ser tolo, engraçado!
Desses que tiram maços de flores do coração,
Que escreve versinhos pulsantes de emoção,
Cheio de sonhos, invenções e amores achados...
Dos que sentam num bar e faz bilhetinhos,
Guardanapo de papel transforma-se em rosa,
A noite quieta ganha movimento, fica amorosa,
Qualquer coisa chorosa transformo em beijinhos.
Adoro calor, colar, ficar juntinho. Abraçar...
E sorrir, estampar na face carinho, fitar,
Emoldurar a alma com o brilho dos olhos...
Quero poder guardar comigo, sentir e ser,
Continuar a sonhar que invento e acho amores,
Dai poder voar muito além do meus temores!

5 comentários:

  1. Meu irmãoooo. O cara escreve bem demais. Sou muito fã de poesias não, mas gostei da sua. parabéns aí.

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  2. Paulo Henrique
    Parabens pelo texto. Muito bom!
    Não somente a poesia tá bonita, mas a história que a ela antecede.

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  3. Adoro sonetos e este é uma delícia de ler. Parabéns Paulo.

    Thiago Neves

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  4. Poeta, sua prosa já é um verso. Bacana apresentar assim autor e obra, as razões de se ser poeta, pela sensibilidade da vida, e o leimotiv, que é o sentimento do mundo - para valermo-nos de Drummond. Feliz de encontrá-lo aqui, não só em verso, mas também em toda prosa, em que também não é menor. Para quando é próximo?

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