Os
planos da Marvel eram claros para o
encerramento da segunda fase do próprio universo cinematográfico. Desmontar o
que havia sido apresentado na primeira leva de filmes. E Vingadores: Era de Ultron, que chega aos cinemas brasileiros nesta
quinta-feira, uma semana antes dos Estados Unidos, é cirúrgico nisso.
Na
primeira fase do pomposo plano, heróis como Homem de Ferro, Hulk, Capitão América e Thor eram apresentados no auge de suas “divindades” (o único
realmente deus é Thor, mas dá para
entender, certo?). Nesta segunda, tudo começa a desandar. O grupo com os
maiores heróis da Terra também apresenta falhas. E tudo isso culmina em Era de Ultron – assim como desandará de
vez em Capitão América: Guerra Civil,
quando Tony Stark/Homem de Ferro e Steve Rogers/Capitão América partem
para lados distintos da briga.
O
ano de 2012, quando o primeiro Vingadores
arrecadou US$ 1 bilhão em bilheteria, parece distante hoje. O superlativo
perdeu espaço para os detalhes. Não é por acaso que o Gavião Arqueiro e Viúva
Negra, os menos superlativos dentre os heróis, interpretados por Jeremy Renner e Scarlett Johansson, tenham recebido tanta atenção de Joss Whedon nesta sequência. Não se
trata mais do super-humano, mas, sim, do humano dentro de cada super.
A
Batalha de Nova York, como ficou conhecida o confronto final do primeiro filme,
deixou marcas muito mais profundas do que se poderia imaginar. Além de ajudar a
gerar as tramas das séries de TV Agents
of SHIELD e Demolidor, criou
fantasmas de medo dentro de cada um dos Vingadores.
Ultron,
o escancaradamente vilão do novo longa, não é tão vilanesco assim. Ele só é uma
criação do próprio medo dos heróis. Não fosse o ocorrido em NY, o personagem
sequer existiria. Pior que ele é a novata Feiticeira
Escarlate, vivida por Elizabeth Olsen,
capaz de acessar os maiores medos de cada um dos heróis e destruí-los por
dentro.
São
três novos heróis. Além da Feiticeira, somos apresentamos ao irmão dela, o Mercúrio (Aaron Taylor-Johnson). Ele, por sua vez, funciona apenas para
acrescentar número à quantidade de heróis do grupo e como um serviço aos fãs,
apenas. Por fim – e bem no fim, mesmo – Visão entra em cena. Sim, já sabíamos
disso através do mar de trailers, clipes e vídeos lançados até a estreia, mas o
visual do herói, interpretado por Paul Bettany
ainda é de tirar o fôlego. Embora a profundidade do personagem tenha sido
esvaziada por falta de tempo em tela, ele promete ser uma adição inteligente ao
grupo.
Sabendo-se
o que nos espera nos anos a seguir, como novos filmes de Capitão América, Thor, Homem Formiga, Doutor Estranho, Guardiões
da Galáxia, assim como um duplo longa dos Vingadores, A Era de Ultron
soa como um filler (nome dado a episódios criados apenas para “encher
linguiça”), mas a sacada de Whedon foi fugir disso partindo para aspectos
inesperados das personalidades de cada um dos heróis que ele tinha ali à
disposição. Não fugiu das grandes batalhas, ameaças planetárias, etc, afinal,
estamos tratando de Vingadores e é para isso que eles existem como grupo, mas
ele esmiúça o improvável, a fraqueza, enquanto um vilão faz piadinhas e finge
ser um problema maior do que é. A força deste novo Vingadores está nas falhas
deles.