Assim
como o grupo gaúcho Fresno, o grupo
paulistano NX Zero ganhou projeção
no desolador cenário roqueiro brasileiro dos anos 2000 sob a batuta
padronizadora do produtor e empresário Rick
Bonadio. O Fresno e o NX Zero rompeu a parceria com Bonadio,
decidido a buscar outros timbres para seu som por vezes associado ao emo.
Em
busca de rumo para sua carreira, ameaçada por crise interna que quase provocou
o fim do quinteto, o NX Zero encontrou
seu norte na pessoa de Rafael Ramos,
que assumiu a função de diretor artístico do EP digital produzido e lançado
pela banda no ano passado. “Estamos no
começo de algo muito bom, não precisa ter nome não”, (Independente, 2014),
primeiro título da nova fase da discografia do NX Zero.
A
parceria com Ramos foi firmada no sexto álbum inéditas do grupo, Norte, lançado neste mês de agosto de
2015. É Ramos quem assina a produção deste disco que marca a estreia do grupo
na gravadora carioca Deck.
Produtor
habilidoso, Ramos afasta de vez o fantasma do emo que rondava a obra do NX Zero, eliminando resquícios do
hardcore melódico em bons rocks como “Modo
Avião” (Di Ferrero e Gee Rocha) e “Gole de Sorte” (Di Ferrero
e Gee Rocha), voos mais altos do
repertório inédito e autoral ao lado da balada pop “Meu Bem” (Di Ferrero, Gee Rocha, Dani Wersler, Fi Ricardo
e Caco Grandino), a faixa mais
radiofônica do disco.
A
alardeada influência do soul se mostra imperceptível ao longo das 12 músicas de
Norte. Mas o que importa é que,
entre rocks nervosos como “Por Amor”
(Di Ferrero e Gee Rocha) e baladas menos sedutoras como “Vibe” (Di Ferrero e Gee Rocha), o NX Zero está procurando outro caminho para seu som.
Com
a participação luxuosa de Lulu Santos,
cuja guitarra slide é ouvida em solo inserido na balada “Fração de Segundo” (Di
Ferrero, Gee Rocha, Dani Wersler e Fi Ricardo), Norte
aponta esse caminho, que passa pela valorização da guitarra na construção dos
arranjos e pela escrita de algumas letras de teor crítico.