segunda-feira, 24 de agosto de 2015

NX Zero afasta fantasma do emo enquanto busca norte entre rocks e baladas

Assim como o grupo gaúcho Fresno, o grupo paulistano NX Zero ganhou projeção no desolador cenário roqueiro brasileiro dos anos 2000 sob a batuta padronizadora do produtor e empresário Rick Bonadio. O Fresno e o NX Zero rompeu a parceria com Bonadio, decidido a buscar outros timbres para seu som por vezes associado ao emo.

Em busca de rumo para sua carreira, ameaçada por crise interna que quase provocou o fim do quinteto, o NX Zero encontrou seu norte na pessoa de Rafael Ramos, que assumiu a função de diretor artístico do EP digital produzido e lançado pela banda no ano passado. “Estamos no começo de algo muito bom, não precisa ter nome não”, (Independente, 2014), primeiro título da nova fase da discografia do NX Zero.

A parceria com Ramos foi firmada no sexto álbum inéditas do grupo, Norte, lançado neste mês de agosto de 2015. É Ramos quem assina a produção deste disco que marca a estreia do grupo na gravadora carioca Deck.

Produtor habilidoso, Ramos afasta de vez o fantasma do emo que rondava a obra do NX Zero, eliminando resquícios do hardcore melódico em bons rocks como “Modo Avião” (Di Ferrero e Gee Rocha) e “Gole de Sorte” (Di Ferrero e Gee Rocha), voos mais altos do repertório inédito e autoral ao lado da balada pop “Meu Bem” (Di Ferrero, Gee Rocha, Dani Wersler, Fi Ricardo e Caco Grandino), a faixa mais radiofônica do disco.

A alardeada influência do soul se mostra imperceptível ao longo das 12 músicas de Norte. Mas o que importa é que, entre rocks nervosos como “Por Amor” (Di Ferrero e Gee Rocha) e baladas menos sedutoras como “Vibe” (Di Ferrero e Gee Rocha), o NX Zero está procurando outro caminho para seu som.

Com a participação luxuosa de Lulu Santos, cuja guitarra slide é ouvida em solo inserido na balada “Fração de Segundo” (Di Ferrero, Gee Rocha, Dani Wersler e Fi Ricardo), Norte aponta esse caminho, que passa pela valorização da guitarra na construção dos arranjos e pela escrita de algumas letras de teor crítico.

Se continuar por esse caminho, o NX Zero tem tudo para crescer e ganhar mais peso na cena roqueira do Brasil.