Elba Ramalho acalenta há anos o projeto de um álbum somente com
músicas de Chico Buarque. Desde
2010, a cantora paraibana já vem falando com mais frequência sobre a ideia
deste disco. Se enfim concretizar o projeto fonográfico neste ano de 2017, como
cogita, a artista deve focar a obra do compositor carioca com olhar
contemporâneo. Desde a década de 1970, Elba já cantou muitas músicas de Chico Buarque em discos e, sobretudo,
em shows. Por isso mesmo, corre risco de se repetir caso não se junte a
produtores musicais arrojados como, por exemplo, Yuri Queiroga e Luã Mattar,
pilotos do último (excelente) CD de estúdio da cantora, Do meu olhar pra fora, editado em 2015. O enfoque de Chico precisa
ser novo.
Elba
é cantora de voz e veia teatral. É intérprete talhada para encarar o
cancioneiro de Chico, mas fazer um disco com as músicas do compositor é projeto
volta e meia realizado por algum cantor ou cantora. Até pela forte conexão com
a obra de Chico, Elba precisa ir além do já feito, revisitando este cancioneiro
sem obviedades na seleção do repertório – não há razão para regravar músicas já
tão bem gravadas pela própria Elba – e com um olhar para fora que faça o álbum
oferecer uma visão menos previsível da obra do compositor e, assim, manter o
alto nível da discografia recente de Elba. Cacife para a empreitada é o que não
falta a Elba.