quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A-ha – CAST IN STEEL (2015)

Retorno da banda tem disco equilibrado entre o synthpop, o romântico e o resgate da sonoridade antiga.


Após ter anunciado em 2010 o fim da banda, o a-ha decidiu voltar. E um dos motivos para o retorno da banda foi o convite do Rock In Rio para mais uma apresentação no festival. O Rock In Rio completou trinta anos em 2015, e o a-ha trinta e dois anos do lançamento do seu primeiro disco, Hunting High and Low (a banda foi criada em 1982). Portanto, nada mais justo que banda e festival comemorarem datas tão importantes em conjunto. E, em quatro de dezembro do ano passado, o anúncio do show no Rock In Rio para setembro desse ano foi concretizado no estádio do Maracanã, para a imprensa e alguns fãs.

Em 1991, o a-ha fez um dos shows mais empolgantes de todos os tempos do evento, e (certamente) o mais marcante da banda, em um Maracanã com recorde de público – cerca de 198 mil pessoas, que cantaram o single “Take On Me” a plenos pulmões. Morten Harket, a voz impecável do a-ha, regia aquela orquestra interminável de fãs e admiradores da banda.


Na época, o a-ha apresentava uma ligeira queda de popularidade, ao lançar o quarto disco East Of the Sun, West Of the Moon (1990), o quarto disco da carreira. Porém, o show foi um tremendo sucesso por conta da metralhadora de hits que a banda arrematou nos primeiros três discos, e a boa performance ao vivo dos três integrantes.

Após o quarto disco, o a-ha não conseguiu emplacar tantos hits como outrora. Não que a banda tenha lançado álbuns ruins, mas aquela “aura” oitentista não os acompanhou nas décadas seguintes. Então, quando o a-ha anunciou o show no festival, poucos acreditavam que desse anúncio seguiria o efetivo retorno da banda, bem como o lançamento de um disco de inéditas e uma turnê mundial. Afinal, a banda teria condições de, tranquilamente, apresentar um show com os hits já conhecidos, e já estaria muito bom. Mas, não. Agora, além do anúncio do show, temos também Cast In Steel, o novo disco de inéditas do a-ha, circulando pelos aplicativos de música e internet afora.

Cast In Steel possui dois CD’s, 18 músicas ao todo distribuídas em 73 minutos de música. Importante ressaltar que, apesar da banda estar inativa desde 2010, seus integrantes não pararam de criar. Morten Harket, o vocalista, possui dois discos lançados neste ínterim: Out Of My Hands (2012) e Brother (2014).


Segundo Paul Waaktaar-Savoy, o guitarrista do a-ha, as canções deste novo disco saíram da forma mais natural possível. Paul compunha boa parte das músicas, e Morten Harket frequentava o seu estúdio para ouvi-las e cantá-las. O produtor dos três primeiros discos do a-ha (Hunting High and Low, Scoundrel Days e Stay On These Roads) foi convidado pelos integrantes a participar da audição e ajudá-los a resgatar aquela sonoridade oitentista.

E o disco conseguiu resgatar essa sonoridade antiga? Sim e não. Primeiramente, difícil conseguir criar aquela atmosfera, confrontar hits tão consagrados quanto “Take on Me”, “You Are The One”, “Stay On These Roads”, “I’ve Been Loosing You”. É tarefa impossível resgatar aquela “aura”, sobretudo aquele frescor e juventude dos anos oitenta. Os tempos são outros, os integrantes do a-ha também passaram. “Não cruzarás o mesmo rio duas vezes, porque outras são as águas que correm nele”, diria Heráclito aos noruegueses, nesta nova empreitada.

Contudo, o disco tem boas composições. Nenhum hit estrondoso, nada que seja top da parada. Mas as canções são interessantes, e o álbum bem produzido e variado.


Temos músicas pop-românticas como “Cast In Steel”, “Under the Makeup”, “Living At The End Of The World”. Já as músicas “Forest Fire”, “Door Ajar”, “Mythomania” e “Giving Up The Ghost” possuem aquela atmosfera bem synthpop, estilo que o a-ha conseguiu marcar (sobremaneira) com as suas composições.

Morten Harket desenvolve, em Cast In Steel, um trabalho sóbrio. Não possui mais aquela juventude e alcance da década de oitenta, mas continua desenvolvendo um ótimo trabalho vocal. Consegue envolver as dezoito músicas numa alternância de dramaticidade e de frequência que tornam as músicas distintas e mais interessantes.