Os fãs de cultura pop
ficaram em alerta desde o álbum visual lançado por Beyoncé em dezembro do ano passado, na
esperança de algo tão surpreendente quanto a iniciativa da mulher de Jay
Z, hitmaker de “Superpower”, mas sejamos sinceros, até
rolaram alguns projetos igualmente trabalhosos, mas nada tão grandioso quanto o
feitoncé, que pode não ter parado o mundo, mas deu uma pausa e tanto em toda a
rede mundial de computadores.
De lá pra cá, tivemos outras artistas que souberam
ser assunto lançando seus discos e algumas, inclusive, utilizou da estratégia
surpresa para ver se colava, mas o álbum mais bem-sucedido do ano, entretanto,
ficou nas mãos de alguém que nadou contra a maré de Beyoncé, lançando um disco sonoro da maneira
mais convencional possível, nos avisando antes que ele fosse lançado,
promovendo seus singles de forma tradicional e, veja só você, até ousando em
suspender a transmissão de suas músicas em uma das maiores plataformas de
streamings da atualidade, o Spotify.
Além
do “1989”
da Taylor Swift,
o ano de 2014 contou com uma série de ótimos álbuns que, caso você não tenha
ouvido, deve fazê-lo o quanto antes, e abaixo estão os 10 melhores discos do
ano, eleitos pelo Ponto Zzero.
Acompanhem:
10)
Sam Smith - In the Lonely Hour
O britânico Sam
Smith foi dado como um nome em potencial para 2014 logo no começo do ano,
na tradicional BBC Sound Of..., e
não é que estavam certos? “Stay With Me”
foi uma das músicas que mais ouvimos no ano e, bem, essa é uma canção que nos
motiva a procurar o disco que foi extraída e é aí que chegamos no maravilhoso “In The Lonely Hour”. O disco de estreia
de Sam é tão completo, que nos preocupamos só de pensar na pressão que ele
deverá sofrer ao lançar um segundo material, ainda que confiemos e muito no seu
taco.
9) Azealia Banks - Broke With Expansive Taste
Parece que o jogo virou, não é mesmo? A rapper Azealia Banks prometeu TANTO seu disco
de estreia, que a gente já estava achando que era coisa da cabeça dela, mas
estávamos errados. O disco não só foi oficialmente lançado, como também era um
dos materiais mais incríveis do ano. Queremos o nome de todos os envolvidos na
demora deste lançamento pra ontem. Fazendo a espera valer a pena, “Broke With Expensive Taste” é um disco
complexo e pra lá de heterogêneo, o que tanto pode fazer com que sua digestão
seja confusa, como também contribui pra que não enjoemos do material
apresentado tão cedo. Essa é outra das surpresas positivas que tivemos neste
ano e Zezé está de parabéns.
8) Nick Jonas - Nick Jonas
O cantor Nick
Jonas foi morto e substituído. Em seu lugar, surgiu o irmãozinho mais novo
do Justin Timberlake, com todo o
talento que este tinha no começo dos anos 2000, mas transferido para a
modernidade da atual geração musical. Em seu álbum autointitulado, Nick não
apenas se reinventou sonoramente, como conseguiu enxergar pra si, através de um
amadurecimento artístico e sensual, um futuro no R&B/Pop, que temos a
certeza que será difícil tirá-lo de agora em diante. É música boa pra ouvir do
início ao fim, sem pular.
7) Kiesza - Sound of a Woman
Num cenário dominado, sobretudo por DJs, um nome
feminino chegou para abalar as estruturas com seu álbum de estreia. Este nome,
é o de Kiesza, com a fantástica
revisitação noventista atribuída ao seu "Sound of the Woman", que além de trazer toda a agitação EDM
com faixas grandiosas e batidas contagiantes, ainda lhe permite mostrar outros
talentos, quando se deixa aproximar do R&B, soulful ou da deep house, tendo
horas em que põe isso tudo num só lugar, criando toda atmosfera de um dos
grandes trabalhos do ano.
6) Ed Sheeran – X
Não sabemos vocês, mas sentíamos falta de alguma
coisa no Ed Sheeran do “+” e, ainda que não saibamos o que,
encontramos isso em seu “x”. Desde o
começo de sua divulgação, com um single produzido pelo Pharrell Williams, o disco soou bem mais atraente que seu material
de estreia e ganhamos a aposta com seu lançamento, quando confirmamos que ele
realmente tinha potencial para soar algo a mais. Um passo a frente dos
trabalhos anteriores de Sheeran, o álbum reforça seu talento como compositor,
com foco em suas narrativas, em tempo que também o mantém no ritmo das paradas
atuais.
Segura essa apropriação cultural! Iggy Azalea pode ter se perdido na sede
por outro hit tão grande quanto “Fancy”,
mas toda sua carreira antes disso foi desenhada da melhor forma possível e é
isso o que temos em seu “The New Classic”.
Ainda longe de ser um clássico, o disco, tão heterogêneo quanto o “Broke With Expensive Taste” de Azealia Banks, mas pendendo para algo
mais comercial, vem carregado de refrãos pra lá de grudentos e produções que
nos remetem aos trabalhos de M.I.A.,
Drake e Kanye West, além de coisas características do que já conhecíamos
por suas mixtapes. Andam dizendo por aí que essa é a temporada da rapper.
4)
Ariana Grande - My Everything
Se a Ariana
Grande não for uma artista muito esperta, todos os nomes por trás de seus
trabalhos são. Mantendo o legado que começou a construir em seu disco de
estreia, “Yours Truly”, a menina do
mesmo penteado enganou à todos quando parecia ter a reviravolta de sua carreira
no disco inicialmente promovido por “Problem”,
um smash hit certeiro produzido pelo Max
Martin em parceria com Iggy Azalea,
mas no fim das contas nos deparamos com uma proposta bem próxima do seu
primeiro CD, com alguns ajustes aqui ou ali que devemos ao seu amadurecimento.
Obviamente, a ideia não poderia ter dado mais certo e só trouxe mais público
para um trabalho que, de fato, merecia mais atenção.
3)
Sia - 1000 Forms of Fear
Depois de um bom tempo operando milagres nos
bastidores da indústria, Sia Furler
voltou com um sexto disco que, para o grande público, mais soou como seu álbum
de estreia. Seu primeiro material após sucessos como “Titanium” e “Diamonds”
funciona muito bem como uma introdução à toda sua discografia, ainda que deva
ser visto mais como um convite do que síntese dela em si. “1000 Forms Of Fear” não deixa a desejar em nenhum quesito e nos
alcança das mais diferentes formas possíveis, o que é algo válido em tempo de
álbuns visuais. É um CD que, caso se permita, você pode sentir, e garantimos
que essa sensação é a melhor possível.
2)
MØ - No Mythologies To Follow
Esqueça "Beg
For It", a malfadada parceria de Iggy
Azalea com aquela garota de nome estranho que ninguém sabe digitar e
pronunciar. MØ (pronuncia-se
"Mu" caso você ainda não saiba) é muito (mas muito) mais que aquilo.
Prova disso é o "No Mythologies To
Follow", nosso melhor álbum de estreia de 2014. A dinamarquesa já
havia conquistado nossos corações com o EP "Bikini Daze" e seus hinos poderosos e dançantes, que só foram
ampliados e reforçados com o álbum que o seguiu, um banquete completo de sons e
atitude brilhantemente construído pela escandinava apadrinhada pelo Diplo (vide "XXX 88"). A duplinha deu tão certo que ela foi convidada a
co-compor "All My Love" (da
trilha de "Jogos Vorazes: A
Esperança - Parte 1") e estará no novo single do Major Lazer, "Someone To
Lean On". Sem notarmos, MØ,
nossa nova diva alternê, já está acontecendo.
1)
Taylor Swift - 1989
O primeiro disco assumidamente pop da cantora Taylor Swift não poderia ser melhor. É
claro que a cantora já fazia música pop há muito tempo, mas só agora saiu do
armário country e, obviamente, isso gerou muita expectativa em seu público, que
temia vê-la fazendo “o mesmo” que outras artistas pop. Ela não fez. “1989” é um disco propriamente pop e
adequadamente produzido para tal, com direito à palmas, sintetizadores, grandes
refrãos e, oh meu Deus, o que são essas letras? Sempre foi esse o forte de
Swift, certo? Uma ótima opção pra quem ainda torce o nariz para a moça e melhor
ainda pra quem já se rendia aos seus trabalhos anteriores. O melhor disco pop
do ano e esse título não está aberto à discussões.
xxx
Por fim, 2014 não nos rendeu grandes acontecimentos
ou lançamentos pop, pelo menos essa é a impressão deixada por um ano marcado
por trabalhos de Ariana Grande e Iggy Azalea, mas parando para rever com calma tudo
o que escutamos e dançamos até aqui, não foi um período que realmente devemos
reclamar.
Sentimos falta da Rihanna e isso não vamos esconder, porém,
tivemos todos esses álbuns citados e alguns que nem couberam na lista, mas
também cumpriram seu papel de trilha sonora dos últimos trezentos e poucos
dias, o que é ótimo. A gente se vê em 2015! ;)