Cantora
que viveu breves e vertiginosos 36 anos, tempo suficiente para ficar imortalizada
na galeria de grandes vozes da música brasileira, Elis Regina (1945 – 1982) se alimentava de paixões e contradições.
A
aproximação da cantora com Rita Lee
– a partir de 1976, ano em que Rita foi detida por porte de maconha e, na
prisão, recebeu a visita solidária de Elis – pode ser encarada como (mais) um
movimento contraditório na vida dessa artista que nove anos antes, em 1967, era
uma das líderes de inacreditável e risível passeata contra a guitarra elétrica.
Inusitada,
mas sincera, a amizade de Elis e Rita justifica a inclusão da Ovelha Negra no roteiro da minissérie Elis – Viver é melhor que sonhar,
programada para ser exibida na TV Globo
em quatro capítulos que vão ao ar na próxima semana, de 8 a 11 de janeiro.
Na
minissérie derivada do filme Elis,
cinebiografia dirigida por Hugo Prata
e apresentada nos cinemas em 2016, Rita
Lee aparecerá na pele de Mel Lisboa,
atriz que interpretou Rita em musical de teatro estreado na cidade de São Paulo
(SP) em 2014.
Mel
gravou cenas exclusivas para a minissérie, cujo formato pode ser conceituado
como docudrama, já que o roteiro de George
Moura, Hugo Prata, Luiz Bolognesi e Vera Egito mistura cenas do filme e cenas inéditas com imagens
reais da cantora.
Na
ficção, Elis ganha a pele da atriz Andreia
Horta, cuja atuação convincente valorizou o filme de Hugo Prata, também diretor da minissérie.
Os
compositores Antonio Carlos Jobim
(1927 – 1994) e Vinicius de Moraes
(1913 – 1980) também entram no roteiro, interpretados pelos atores Sérgio Guizé (muito parecido com Tom em
caracterização exemplar) e Thelmo
Fernandes, respectivamente.
O
fio condutor do roteiro da minissérie é uma entrevista fictícia de Elis – a última, concedida pouco antes
da morte da artista em 19 de janeiro de 1982. A partir desta entrevista criada
a partir de declarações reais da cantora, os roteiristas construíram a
dramaturgia desse docudrama que repõe Elis
Regina em cena.
O
título Elis – Viver é melhor que sonhar
reproduz verso da música Como nossos pais
(Belchior), apresentada pela cantora
em 1975 no roteiro do show Falso
brilhante. Com direito ao toque de uma guitarra elétrica, indício de que Elis Regina Carvalho Costa preferia ser
uma metamorfose ambulante a ter velhas opiniões formadas sobre tudo.
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