Cher
é uma artista completa. Bem sucedida no cinema e na música, em 2018, a cantora
decidiu expandir as relações com a banda sueca ABBA e mergulhou na concepção de seu álbum mais recente, Dancing Queen. Lançadas em setembro, as
dez faixas que compõem o material tiveram produção musical assinada por Mark Taylor, parceiro de um dos seus
maiores sucessos, Believe,
contribuição para a história contemporânea do pop, álbum que a manteve
relevante diante do cenário de mulheres performáticas repletos de novidades no
final dos anos 1990, vide Britney Spears,
Christina Aguilera, Jennifer Lopez, dentre outras.
Parte
da onda gerada pelo sucesso de Mamma Mia
– Lá Vamos Nós de Novo, o álbum de covers do ABBA entrega ao público as faixas já conhecidas, levemente
modificadas no que concerne aos arranjos, tendo novidades em um detalhe e
outro. Desta maneira, o sentimentalismo da banda sueca é atualizado. Assim, ao
ganhar o “Efeito Cher”, com momentos
de muito ritmo e dança, principalmente nas sete primeiras faixas. Noutros trechos,
mergulhamos profundamente na melancolia, mais próximo ao final, parte menos
interessante de um álbum, o que não invalida a experiência da audição, mas
adentra num ritmo, digamos, menos dançante.
Para
Cher, o importante era “manter a essência ABBA” com fidelidade e
tentar não se misturar com ela, tarefa cumprida com louvor no 26º álbum de sua
carreira. Em Dancing Queen, a
cantora reveste as canções selecionadas com seu tom grave, adornado pelo ritmo
do dance pop, o que resultou num trabalho contagiante e bem sucedido. Com
presença forte de instrumentos como piano, percussão, baixo, bateria, guitarra
e teclado, Cher traz mais uma vez o
autotune para dar novos efeitos ao estilo do ABBA, diferente das cantoras que utilizam o recurso exclusivamente
para potencializar as suas respectivas vozes parcas. Voz e afinação são
elementos que não faltam no álbum.
Dancing Queen, por sinal, traz instrumentos novos para composição
dos arranjos, mas não modifica o estilo schlager típico das canções do ABBA. Termo alemão importado para
nomenclatura do pop de língua inglesa, as músicas do estilo são conhecidas
pelas baladas doces e sentimentais, adornadas por melodias ditas “cativantes”. Temas como amor,
relacionamentos, traições, incertezas e solidão fazem parte do feixe de
palavras-chave que representam o termo que designa, em alemão, o que conhecemos
por música pop. A faixa título dispensa grandes apresentações. Inspirada em Rock Your Baby, de George McCroe, versa sobre uma garota que deseja ser a rainha da
noite, dona da popularidade ideal para assumir o posto de chamariz da pista de
dança. Conduzida por 100 batidas por minuto, Dancing Queen tem como destaque a presença dos instrumentos de
corda/piano acústico.
Uma
marimba dá os primeiros tons de Mamma Mia,
faixa quase impossível de não se envolver emocionalmente. Na canção, somos
informados sobre a decepção de alguém que teve a confiança despedaçada por
parte de seu companheiro traidor. Fernando,
única faixa produzida por Benny Anderson,
parte integrante da trilha sonora de Mamma
Mia – Lá Vamos Nós de Novo, apesar de bastante sentimental, não é tão
arrastada quanto One of Us, última e
mais desinteressante parte do conjunto. The
Winner Take It All, apesar de embalada por um ritmo mais dinâmico que a
citada anteriormente, também é irregular. A versão para o filme Mamma Mia, nas vozes de Pierce Brosnan e Meryl Streep, em 2008, não é um dos melhores momentos do musical,
numa prova cabal de que a faixa até agora funcionou bem apenas no “original”.
Chiquitita ganha uma versão melhor que a do ABBA; SOS também; Gimme! Gimme!
Gimme! (A Man After Midnight) e The Name of
The Game ganham versões respeitosas. Waterloo, por sua vez, revela-se como uma das melhores faixas
do álbum. A guitarra elétrica é um dos instrumentos que acompanha a canção que
versa sobre alguém prestes a se render ao romance, tal como o tirano Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo, Com traços do
europop, a faixa que já foi parte integrante da trilha sonora de Perdido em Marte e O Casamento de Muriel também tem elementos do glam rock, ritmo
acompanhado por sintetizadores, baixo, teclados, piano e bateria.
Em
suma, um álbum “cheio de vida”, tal
como a sua artista. Cher, num
momento brilhante de sua vida, com um musical debruçado sobre a sua biografia
prestes a estrear na Broadway e com novos planos para outros covers do ABBA, demonstra para o público que
ainda é muito relevante e talentosa, lenda viva do pop, mulher de carreira
marcante e inspiradora.
Dancing Queen
Artista: Cher
País: Estados Unidos.
Elenco: 28 de setembro de 2018.
Gravadora: Warner Bros. Records
Estilo: Dance Pop, Europop, Disco Music
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