Diante
do futuro incerto, cantores tendem a apostar no revival certeiro do passado,
mas haverá quem descortine a pele do futuro ao longo de 2019.
Com
as incertezas que rondam a chegada de 2019 na área cultural, sobretudo por
conta dos questionamentos sobre a Lei
Rouanet, motor da produção de grandes shows, a tendência na música é manter
aberta a cortina do passado, pintando a aquarela sonora do Brasil com tons já
vistos antes.
O
crescimento econômico ainda titubeante leva o público a escolher com critério o
show a que vai assistir e o disco que vai comprar, embora os players digitais
tenham democratizado o acesso a álbuns e singles de todas as modas e estilos.
Se há excesso de oferta, falta também disposição para ouvir e consumir álbuns
com músicas novas.
Por
isso mesmo, diante do quadro de incertezas, cantores e músicos tendem a apostar
no que é certo (ao menos, em tese) para garantir um retorno mínimo para os
investimentos necessários.
Não
por acaso, Milton Nascimento sairá
em turnê pelo Brasil com show calcado no repertório dos álbuns Clube da Esquina (1972) e Clube da Esquina 2 (1978). Já Ney Matogrosso põe Bloco na rua em
janeiro com show com muitas músicas já conhecidas, embora várias sejam inéditas
na voz do cantor de 77 anos.
Ainda
no panteão da MPB, Gal Costa seguirá
na estrada com show centrado em músicas antigas como Festa do interior (1981) e Chuva
de prata (1984). Já saudado pelo público como um dos melhores shows da
cantora, A pele do futuro será gravado em março para gerar álbum ao vivo e DVD.
No
mercado fonográfico, aliás, a ordem também é revisitar músicas e ídolos do
passado. Mart’nália abrirá o ano com
álbum dedicado ao cancioneiro do compositor poeta Vinicius de Moraes (1913 – 1980). E Nana Caymmi volta a lançar disco solo, após 10 anos, com tributo a Tito Madi (1929 – 2018), fino estilista
do samba-canção que morreu em julho.
Na
contramão da exaltação ao passado, haverá quem descortine a pele do futuro. Jards Macalé apresentará o primeiro
álbum de músicas inéditas em 20 anos, gravado com a mesma turma de São Paulo
que revitalizou a carreira de Elza
Soares em 2015. Seu Jorge também
volta ao mercado com disco gravado nos Estados Unidos com produção de Mario Caldato. Novos álbuns de Ana Carolina e Pitty também estão programados para 2019.
E
por falar nos Estados Unidos, Anitta
vai se dedicar em 2019 à conquista do território norte-americano após desbravar
o mercado latino de língua hispânica. Presumível gravação com Madonna, prevista extra-oficialmente
para ser lançada no primeiro trimestre, certamente ajudará nessa conquista da
voz brasileira mais ouvida atualmente no exterior.
Na
terra tupiniquim, não é preciso lustrar a bola de cristal para cravar que o som
sertanejo continuará hegemônico como em 2018, dominando a cena com mistura pop
que abarca funk, arrocha, reggaeton e os ritmos nordestinos genericamente
rotulados como forró.
Paralelamente,
os rappers vão continuar concentrando forças no lugar de contestação outrora
ocupado pelos roqueiros. Bia Ferreira,
voz emergente da cena de hip hop, deverá ter voz ativa com o primeiro álbum, Um chamado, previsto para fevereiro.
Nessa
dinastia segmentada, em que cada um é rei no próprio quadrado, Roberto Carlos festejará 60 anos de
carreira sendo sempre muito, muito romântico.
Na
era volátil dos singles e dos clipes, ídolos giram cada vez mais rapidamente na
roda-viva de um mercado que anseia pelo oxigênio bombeado pela Lei Rouanet. Talvez por isso já paire
no ar a sensação de que Pabllo Vittar
perdeu em 2018 um pouco do fôlego de 2017. Vittar conseguirá se revitalizar em
2019? Somente o tempo dirá.
No
mundo do sucesso fugaz, louve-se a permanência de Luan Santana no pódio pop romântico sertanejo por uma década. E
mais ainda o fôlego contínuo de ídolos septuagenários da MPB como Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia,
Ney Matogrosso, Chico Buarque e Caetano
Veloso. Todos ainda reverenciados por jovens e velhos fãs.
Nossos
ídolos ainda são os mesmos? A resposta será dada em 2019.
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