Terminou
em barraco um debate sobre o filme Que
Horas Ela Volta?, realizado em Recife, no sábado (29). O elogiado filme é
protagonizado por Regina Casé, que
foi chamada de gorda pelo cineasta Cláudio
Assis, de acordo com pessoas que estavam no debate.
Outra
confusão aconteceu porque o cineasta Lírio
Ferreira gritou durante o debate e impediu pessoas de fazerem perguntas.
Anna Muylaert, diretora do filme, também teria sido alvo de
machismo.
Thales Junqueira, diretor de arte em Que Horas Ela Volta?, comentou os problemas em sua página no
Facebook.
— Quero que o debate
do Que horas ela volta? realizado ontem no Cinema do Museu seja postado na
íntegra. As pessoas precisam assisti-lo. Não só porque conseguimos levantar
reflexões importantes - e novas - sobre o filme, mas também pelo show de
machismo escandaloso de Lírio Ferreira e Claudio Assis que tentaram impedir uma
mulher diretora de falar sobre seu próprio cinema. Não defendi Anna Muylart
ontem daquela violência porque ela não precisa ser defendida por mim nem por
homem nenhum. Falei pelo meu incomodo e pelo absurdo de ver tanta gente
interessada pelo filme abandonando o debate diante das tentativas de
desbaratinar a gente, de esculhambar com tudo. Show de machismo, sexismo,
gordofobia: insentos em volta da lampada. Não passarão. Me entristece ver
artistas ficando pra trás, sendo engolidos pela poeira da história, sem
conseguir pegar o bonde que já esta lá na frente. Eu estou no bonde. E não
tenho rabo preso com ninguém.
Jornalistas
presentes no evento publicaram nas redes sociais que Cláudio e Lírio estariam
embriagados. O Jornal do Comércio
fez a mesma afirmação. Em entrevista à publicação, Anna Muylaert falou que o ocorrido faz mesmo refletir sobre
machismo e preconceito.
— Eles estavam bastante alcoolizados. Agiram de maneira infantil e
boba, numa atitude de egolatria comum aos homens. Quando viram uma mulher em
evidência, precisaram atrapalhar o momento. O machismo é um tema levantado
recorrentemente em todos os lugares que frequento. Em países da Europa, em
várias cidades do Brasil que tenho visitado, o assunto sempre vem à tona. As
mulheres não aguentam mais. Estamos todas por um fio.
De
acordo com outras pessoas nas redes sociais, os cineastas ainda fizeram
comentários preconceituosos com relação aos homossexuais. Cláudio teria chamado
um maquiador do filme de "bichona".
A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), responsável pelo Cinema
da Fundação, onde aconteceu o evento, divulgou uma nota oficial sobre o
assunto.
— A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) informa que, diante do
comportamento lamentável dos cineastas Cláudio Assis e Lírio Ferreira no Cinema
do Museu, no último sábado (29), não permitirá qualquer evento envolvendo os
dois realizadores, e suas respectivas produções, em qualquer espaço da Fundaj.
A punição tem validade por um ano. Em respeito ao público e prezando pela
promoção da Educação e da Cultura, de forma democrática, a Fundaj reafirma seu
compromisso com a qualidade e o respeito aos seus diversos públicos.
Cláudio
e Lírio não comentaram o assunto até o momento. No Facebook, uma página de fãs
de Cláudio repudia a atitude do cineasta responsável por filmes como A Febre do Rato, Baixio das Bestas e Amarelo
Manga. Lírio é conhecido por filmes como Árido Movie e Sangue Azul.