quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Madonna: “Uma Rebelde Constrangida?” – Tradução da crítica escrita por Liz Smith para o site BostonHerald.com


No site BostonHerald.com foi publicado a crítica da jornalista Liz Smith, conhecida pela personalidade autoritária e por sua renomada influência nas críticas em que publica.

Entretanto, a jornalista fala sobre o novo álbum de Madonna, Rebel Heart, e defende a Rainha do Pop sobre as recentes acusações de racismo:

"Madonna pode ser muitas coisas, mas racista é algo que certamente ela não é."


Confira a tradução completa da crítica:

Madonna: uma rebelde constrangida?
Por Liz Smith


"É um fato: o público odeia" reconhecer "o que lhe é familiar. Odeia ser incomodado. Se choca com surpresas. O pior que pode acontecer a uma obra de arte é não ter nenhuma falha, de modo que o seu autor não é obrigado a assumir uma atitude de enfrentamento."

Mas, diante da afirmação de Cocteau, lembrei-me do fim de semana, quando nossa amiga Madonna, de forma absolutamente "artística", encontrou-se envolvida em mais uma polêmica.


A capa do seu próximo álbum, "Rebel Heart", que foi lançado em formato demo - forçando Madonna a divulgar seis músicas com meses de antecedência - mostra a Rainha com um barbante amarrado no rosto, enfatizando sua opinião sobre si mesma, como uma "rebelde" que foi reprimida e desacreditada (ela o conseguiu de modo mais convincente em seu famoso vídeo "Human Nature", alguns anos atrás).

Seus fãs, em seguida, fizeram sua própria "rebel artenviando fotos de Martin Luther King e Nelson Mandela com cordas em seus rostosMadonna postou essas colaborações na rede e imediatamente se viu acusada de ser "racista" e, clarouma egomaníaca, ousando comparar-se a King e a Mandela.



Madonna pode ser muitas coisas, mas racista é algo que certamente ela não é. Ela já teve namorados africanos e latino americanos e adotou duas crianças do Malauí, David e Mercy, crianças, aliás, que Madonna não usou como acessórios em um desfile, como seus críticos insistiram que ela faria na época dessas adoções.

Outros que Madonna tem "amarrado" são a princesa Diana, Marilyn Monroe, Bob Marley e Jesus, os quais, na sua opinião, combateram o bom combate contra todas as adversidades.

Sobre as canções, três delas são verdadeiramente lindas, com muitos traços românticos da Madonna dos anos 80 e 90 (Ghosttown é particularmente comovente.). As outras três são dançantes . Não é minha praia.  mais seis faixas para vir em março.


Quem disse isso foi o dramaturgo, desenhista, artista e cineasta Jean Cocteau, em 1923. Encontrei esta observação, e dezenas de outras, no fabuloso livro "Bohemians, Bootleggers, Flappers & Swells: The Best of Early Vanity Fair". Falarei mais sobre esta coleção de ensaios no final da semana.

Egomaníaca? Digamos que ela tem uma boa dose de ego, misturada com um sentimento de vitimização. Isso a torna exatamente igual a todas as grandes estrelas (ela também é surpreendentemente vulnerável - mas você teria que conhecê-la muito bem para saber isso). E neste mundo em que não se pensa antes de postar algo no Facebook, Instagram ou Twitter, Madonna não é mais cautelosa do que centenas de outras personalidades e milhões de pessoas comuns. Madonna agora  tem que lidar com o ultraje falso de críticos, desculpando-se por qualquer ofensa, refutando a acusação de ser racista e negando que ela compara-se de alguma forma com King ou Mandela.

Alguns fãs de Madonna gostariam que ela mantivesse suas expressões artísticas em segredo no estúdio de gravação. Que bobagem! Por que ela deveria confinar-se ou confinar seu trabalho? As seis músicas que ela foi forçada a liberar foram direto para o #1 do iTunes em 40 países. Ela conseguiu fazer limonada dos limões.

Eu desejo que Madonna supere esse negócio de auto-referência, canções de caráter pessoalUma das novas é intitulada, "Bitch, I'm MadonnaQuerida, sabemos que você é MadonnaE é provável que ninguém se esqueça, nunca. Relaxe.