Interview with Netinho

Um pequeno bate bola do PONTO ZERO com um dos maiores representantes do axé music do Brasil, o cantor Netinho.

PZ: Como foi que tudo começou?

Acho que tudo começou quando minha mãe me deu um violão de presente no meu aniversário de 14 anos. Aprendi a tocar sozinho e daí para começar a cantar em bares na noite de Salvador foi um pulo. Aos 18 anos eu já cantava de domingo a domingo na noite baiana.

PZ: O que o fez desistir da carreira de Engenheiro Civil?

A certeza de que eu não havia sido feito para aquilo. Eu era um ótimo aluno, mas no quarto ano de faculdade eu já havia entrado para a Banda Beijo, já fazia muitas viagens para cantar e precisei tomar uma decisão. Precisava me dedicar a uma coisa apenas, pois o tempo já não dava pra levar bem as duas coisas. Decidi que iria ser cantor e nunca mais voltei na Universidade de Engenharia.

PZ: Por que a mudança do MPB e Bossa Nova para o Axé Music. Esse é o seu ritmo preferido?

Na verdade eu também toquei muito Axé nos barzinhos. Mas isso já foi no final desse período, durante os anos que saí como folião do Bloco Beijo por dois anos. Na época, quem cantava no Beijo era Luiz Caldas e sem dúvida aquela experiência me fez entrar no axé de vez.

PZ: Foram 13 discos lançado em toda sua carreira solo. Cada um acompanhado de shows pelo Brasil. Se fosse escolher um desses períodos, qual você voltaria atrás e reviveria?

Todos eles. Cada fase dessa, cada disco, cada tournée teve a sua particularidade, suas emoções, seu ensinamento. Tudo faz parte de um ciclo que vai, vem, vai, vem e outra vez se repete. São muitas histórias que acontecem e que trazem em si muito ensinamento. Hoje, com quase 23 anos de carreira, me vejo em situações únicas, de uma energia incrível. Espero que essas diferenças nunca deixem de acontecer.

PZ: O álbum “Netinho e A Caixa Mágica”, lançado em 2010, foi um trabalho que marca definitivamente sua volta ao showbizz brasileiro?

Não. Pra mim, o DVD/CD que marcou o meu retorno ao showbizz brasileiro foi o “Netinho por Inteiro” que lancei em 2006. Foi o primeiro DVD da minha carreira, filmado 100% em Salvador na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, e no qual eu regravei muitos dos sucessos da minha carreira mais quatro musicas inéditas. Eu estava sem fazer shows há dois anos e meio e com este trabalho retornei definitivamente à estrada. Após este DVD eu lancei o CD “Minha Praia” em 2008, quando fui indicado ao Grammy Latino como melhor álbum regional. Em seguida lancei o DVD/CD “Netinho e a Caixa Mágica”, primeiro DVD temático da minha carreira.

PZ: Um ídolo?

São muitos. E foram variando durante a minha vida. Hoje tenho ídolos na musica, na literatura, no cinema, enfim, são pessoas que admiro por coisas que fizeram ou fazem e por algumas dessas coisas me tocarem. Na musica, Stevie Wonder é um deles. Na literatura, Saramago, e não apenas pelo que ele escreveu. Na tecnologia, Steve Jobs.

PZ: Quais os planos para seu futuro musical?

Estou neste momento concluindo um CD que se chamará “Netinho – Uma Noite no Forró Elétrico”. Será um CD especial, para download gratuito no meu site (WWW.netinho.com.br), uma homenagem ao forró elétrico e aos 100 anos de Luiz Gonzaga. Adoro forró e Luiz Gonzaga é um mestre, grande orgulho nordestino e brasileiro. Acho maravilhoso poder visitar este gênero musical como intérprete e poder apresentar minha interpretação de sucessos recentes do forró. Terá uma inédita, “Quem Mandou Casar?”. Em seguida, no segundo semestre, filmarei e lançarei um novo DVD/CD, também temático, que se chamará “2012 – Uma Viagem ao Egito”. 

E para o futuro mais distante, você mesmo já disse, será musical. Estarei sempre com a musica, gravando e lançando o que o meu coração estiver mandando. Este é o meu ofício, o de mensageiro da alegria.