A reedição dos três primeiros discos lançados pela Warner Music entre 1994 e 1998 de Zélia Duncan ganhou texto especial para imprensa falando sobre essa fase que a projetou ao sucesso no Brasil.
Para a cantora, os discos “Zélia Duncan”, de 1994, “Intimidade”, de 1996, e “Acesso”, de 1998, foram os passos fundamentais de sua trajetória na música, que esse ano completou 30 anos.
Confira o texto escrito por Zélia, que ficou conhecida nacionalmente após o estouro de “Catedral” em 1995:
Eu e os Álbuns
Euforia. É o que sinto, vendo a disposição da Warner Music em confirmar nossa parceria e imprimir no mundo o que fizemos juntos. A grande onda de ver algo (re)lançado depois de um tempo é justamente não ter nostalgia, mas compreender mais ainda de onde o tempo presente veio.
Quando Catedral estourou em todas as rádios do país, eu era uma ilustre desconhecida do grande público e a Warner Music não revelava ninguém há seis anos. Meu grande trunfo, para minha surpresa, parecia ser justamente o fato de ser compositora e tentar uma sonoridade bem folk, com a presença e influência de meu parceiro Christiaan Oyens, que não só trouxe a levada “mandolin”, ainda um tom abaixo da afinação tradicional, como slides, dobros e afinações abertas, o que também dava um tom ágil e singular que rolava naqueles meados de anos 90.
Esses três primeiros álbuns são emblemáticos dessa nossa parceria, onde eu tentava não me repetir, mas ainda assim imprimir algo que soasse particular. O álbum de estréia, Zélia Duncan, traz uma cantora séria na capa, agarrada a uma cadeira, como se a frente de um barco que procurava um destino. Mal sabia eu que ali estariam sucessos da minha carreira que, até hoje, me emocionam ao cantar, como Não Vá Ainda, Sentidos, Nos Lençóis Desse Reggae, O Meu Lugar, a ainda obscura Lá Vou Eu (Rita Lee/Carlini), as músicas com Lucina, minha parceira tão querida, que também me ajudou na missão quase impossível de soar original. E no meio delas Catedral, que estava ali apenas porque eu gostava. Não foi criada a versão com intenção de estourar, mesmo porque, ninguém no Brasil a conhecia.
Depois Intimidade, de 1996, um grande desafio, pois vinha depois do sucesso, gerando expectativas e curiosidade. Não, não tinha outra Catedral, pois nem era essa minha intenção. Mas tinha Enquanto Durmo, Não Tem Volta, Bom Pra Você, Coração na Boca, produção de Liminha e a sonoridade amadurecida.
Acesso, mixado em Los Angeles, com o engenheiro de som do Ben Harper - Eric Sarafin - artista que admiramos até hoje. Lembro, eu e Christiaan, chegando ao aeroporto, empurrando as grandes fitas pelo raio X, um rindo pro outro, arrastando nossa parceria mundo a fora! Ali, Verbos Sujeitos virou até parâmetro para outros artistas no Brasil, que levavam nosso álbum pro estúdio pra servir de referência de som. Itamar Assumpção abria os trabalhos, com direito ao arranjo do sensacional grupo mineiro Uakti.
Três álbuns, três passos fundamentais, para que eu fosse quem eu sou hoje. Eu e a WEA temos, juntas, uma bela história de amor, onde os frutos não param de gerar mais frutos e agora chegam com um sabor fresco, de pais orgulhosos. Com seus erros e acertos, acredito que o mais importante seja o percurso sempre e esse pedaço do meu caminho vale ouro pra mim!
Zélia Duncan
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