quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

‘TEMPO’ – Por Paulo Poeta



A velhice é uma maldição:
olhar pro passado sem regressão.
Olhar pro espelho sem solução.
Olhar pro seu medo perder a visão.

Mas se não fosse à velhice,
que seria de todos, que seria de mim?
Não teria nem passado, nem medo,
nem compilado na face e nas mãos
os anos que carrego e ,sei, não foram em vão.

A velhice não é uma prisão.
Expressa e concretiza o brilho dos dias,
o sabor das poesias, a grandeza da vida, uma missão.
Ah e se não fosse a velhice?! Que tolice!!
Que seria de todos, que seria de mim?

Morrer novo nunca quis.
Nunca morrer? É ruim!
Agora que se chega
um pouco do peso que os dias trouxe
não há do que reclamar.
É buscar o fim como se começo fosse,
o que ficou só mudou de lugar.
Morrer, sei não vou, não vamos
assim que a respiração cessar,
porque daí são tantos outros anos,
que inda hão de lembrar.

Vivos permaneceremos por muito,
nosso nome hão de pronunciar.
No coração dos amados o amor não finda.
Que os bons atos se propaguem;
que erros e quedas sirvam de exemplo
e que da memória não apaguem
o maior experimento:
o amor a vida;
o respeito ao tempo.

A velhice não é maldição!
É ostentação de uma vida vivida,
é missão cumprida.
Ah que tolice,
se não fosse a velhice,
tudo era em vão.


Natal, 18 de junho de 2009.

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