Dez
anos é um intervalo considerável para evolução em qualquer área. Seja você um
editor de imagens, jogador de futebol, paisagista ou confeiteiro. Se você for
pedreiro, por exemplo, e comparar obras que fez pelo seu bairro, vai ver que o
acabamento foi ficando mais bonito ao decorrer do tempo. Se tiver interesse e
afinco, será referência entre os pedreiros de sua região com o passar do tempo.
Parece que a Katy Perry está
perdendo a mão a cada trabalho e estamos sendo testemunhas do rejunte mal feito
nas últimas temporadas.
Quando
a Katy Perry estourou com ‘One of the Boys’, em 2008, parecia ser
mais um cantora fabricada por alguma gravadora para tocar em rádios, vender
disquinhos e ingressos pelo mundo afora. Para quem gosta de música pop, o
trabalho foi um prato cheio, bem servido. Daqueles que saciam um trabalhador
numa construção pesada. ‘Hot N’ Cold’,
‘U R So Gay’, ‘Thinking of You’, ‘Waking Up
in Vegas’ e ‘I Kissed a Girl’
foram os singles trabalhados pela cantora. Não tinha como falar mal de uma
sequência de hits como esta, mas, como qualquer um que chega ao topo, será
cobrado em como continuar nesta fase.
No
ano seguinte, ao invés de soltar um disco novo, Perry topou gravar um Acústico MTV com os seus hits numa
pegada mais light (good vibes). Um baita acerto. Quando você é peão e está com
o nome bem falado no mercado, tu topas fazer umas reformas cafonas para
garantir um dimdim a mais. Ela ainda estava com uma turnê abarrotada e não
teria tempo para ficar num estúdio lapidando suas novas cantigas. A nova
roupagem dos hinos de forma desplugada caíram como uma luva e Katy Perry angariou um novo público.
A
prova de fogo veio em 2010 e a cantora atropelou quem estava em sua frente.
Sabe a expressão de nascer com a bunda virada para a lua? É aquela pessoa que
faz qualquer coisa e dá tudo certo. Tem sorte no jogo, no amor, no trabalho, na
vida e em tudo. Não foi à toa que a Katy
Perry fez a questão de aparecer assim na capa de “Teenage Dream”.
Se
o público achou que a cantora tinha chegado a seu ápice com ‘I Kissed a Girl’, se enganou
redondamente. ‘California Gurls’, ‘Firework’, ‘ET’, ‘Last Friday Night’
e ‘The One That Got Away’ serviram
como cartão de referência dos novos serviços prestados por Katy Perry. O álbum inteiro é extremamente pop e gostoso de se
ouvir.
O
pedreiro que está confiante com o seu trabalho, começa a inventar coisas
desnecessárias em suas obras. Colocar um acabamento gregoriano numa simples
garagem ou fazer uma laje na cobertura. Katy sentiu segurança e colocou uma
música inaudível chamada ‘Peacock’ no
meio de um disco redondo. Enfim, acontece em qualquer obra.
Após
dois trabalhos de sucesso e um acústico no meio do percurso, Katy Perry estava há meia década como
um nome cativo em premiações, festivais e lojas. Foram cinco anos irretocáveis
para quem penou no começo da carreira e passou por maus bocados. Agora é manter
uma boa rede de contatos para ficar cercada de bons profissionais e bons amigos
para entender quais serão os melhores passos para seguir em frente.
‘Prism’, de 2013, é um álbum que divide
muita gente. Sobre o olhar comercial, ele cumpriu com o seu papel. Os singles
foram certeiros, recordes foram quebrados e tudo caminhou de vento em popa. Eu
ainda sou uma pessoa que ouve o disco do começo até o fim, sou apegado com
isso. Ouvir ‘Prism’ do começo ao fim
é uma tarefa árdua, rapaz.
A
solução dos discos anteriores de resgatar elementos de disco music, batidas
eletrônicas dos anos 90 e elementos bregas com o vozeirão de Perry costuram o disco
inteiro. No começo soa até engraçado, mas esta piada, que parece ser interna,
incomoda. Poderia ter sido um bom EP com o estrondoso hit ‘Dark Horse’, que está chegando a dois bilhões de visualizações no
YouTube. Apenas.
De
‘Prism’ até ‘Witness’, Katy Perry
teve um intervalo de uma Copa do Mundo para construir algo bacana para os seus
fãs. Parece que o projeto deste disco foi parecido com o que vimos por aqui em
2014. Uma correria para entregar a obra. Dava um frio na espinha quando
começaram a rolar os eventos testes e as pessoas não conseguiam chegar para o
jogo. Os testes de ‘Witness’ foram
dois singles que causaram estranheza: ‘Chained
to the Rhythm’ e ‘Bon Appétit’.
Ambas tinham aquela pintura ‘sou brega, mas é de brincadeira’.
O
resto do disco é um retrato do que aconteceu em Prism. Parece que faltou capricho e um broder para falar: Poxa, mas
você vai entregar assim mesmo? Não é melhor darmos um tapa a mais aqui e acolá
para ficar show? Witness parece ser
uma trilha sonora de um barzinho caído que o peão faz uma pausa para tomar um
trago para voltar para a casa.
Seria
bacana a Katy Perry achar esta
conexão para sermos testemunhas de uma obra bacana como em ‘Teenage Dream’ ou ‘One of the Boys’.
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