Esses dias, como faço de
costume, entrei na página da Comunique-se
e li uma resenha que falava sobre os perigos da profissão do jornalista no
Brasil. O que não é de se espantar em se tratando do nosso país.
O
Brasil está entre os dez países mais perigosos para jornalistas, de acordo com
o relatório do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) divulgado nessa
quinta-feira, 2, véspera do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O
levantamento leva em consideração o índice de impunidade em casos de
comunicadores assassinados.
O
ranking é liderado por Iraque, Somália e Filipinas. Casos de 2003 até o fim de
2012 são estudados. No Brasil, a análise identificou nove ocorrências não resolvidas
e destacou os quatro assassinatos de jornalistas ocorridos em 2012.
O Brasil não é o único a publicar matérias que vão
contra os interesses de algumas pessoas. Mas por ser um país famoso pela
impunidade, casos de atrocidades contra os jornalistas terminam em tragédias
não solucionadas. Não podemos esquecer que em muitos casos, os crimes nem são
físicos. Existem as chantagens, jogo de interesses por parte de governos e do
corporativismo e compra do silencio. As ameaças são inúmeras.
Lembro-me muito bem dos exemplos de alguns professores
de Jornalismo da UFRN, quando citavam a ética jornalística e suas desvantagens.
Sempre tinham como exemplo a revista Veja, que por, em muitos casos, não
procurar ser parcial, terminava monopolizando e distorcendo informações de
cunho governamental, mesmo que outras publicações mostrassem os fatos como
verdadeiramente ocorridos.
Não estou dizendo que em certos casos os
jornalistas também não tenham lá sua parcela de culpa. A corrupção e esquemas
que rendem muito dinheiro, sempre atraem os mais diferentes tipos de
profissionais. E por que jornalistas?!
“Três das quatro vítimas trabalhavam em
publicações digitais. Entre elas, o editor Mario Randolfo Marques Lopes, que
havia coberto incisivamente corrupção no governo e má conduta policial.
Repórteres do interior, trabalhando longe dos holofotes da mídia nacional e em
áreas onde a aplicação da lei é fraca ou sujeita à corrupção, têm sido
especialmente vulneráveis no Brasil”, diz o estudo.
De
acordo com a consultora da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo
(Abraji), Veridiana Sedeh, o envolvimento de policiais nos assassinatos agrava
a situação. “Há casos em que as próprias autoridades cometem os crimes e,
posteriormente, dificultam a investigação.”
Para muitos estudiosos, grande parte da culpa da
impunidade no Brasil está nas mãos de alguns policiais e políticos, que com a
oferta de dinheiro fácil pelo tráfico de drogas e outros tipos de crimes,
terminam atrapalhando as investigações.
Até quando o povo brasileiro vai deixar nosso país
nas mãos de pessoas assim? Até quando a impunidade será uma das maiores
estatísticas do Brasil?