NOTA: 10
Nem
só de filmes cults se vive o cinema. E esses em questão são incríveis. Nos
levam a reflexões profundas sobre a condição humana em virtude da cultura de
celebridades (Birdman), abordam a
identidade com simbolismos e traumas (O
Casamento de Rachel), levam a temática familiar para outro patamar (Álbum de Família) e também passeiam com
leveza pela busca individual com humor e pitadas de drama (Sideways - Entre Umas e Outras). A sétima arte é constituída por
essas histórias maravilhosas, que se perpetuam e resguardam seu lugar no tempo
e nos nossos corações por décadas a fio. Mas entreter também é parte desse
denso emaranhado e aqui inclusive residem aquelas incansáveis e inveteradas
rom-coms, além de uma pancada de comédias teens que podem muito bem não te
levar a nenhuma reflexão, mas cumprem seu papel puramente distrativo.
A Barraca do Beijo é esse tipo de filme, nada substancial, que passa bem
longe de qualquer nível de complexidade. Como uma comédia romântica teen, ela
segue pelo mesmo viés de tantas outras repetitivas, com um artifício ao seu
favor, que consiste justamente na consolidação de personagens que de fato são
carismáticos. Desproposital e despretensiosa, a produção dirigida por Vince Marcello não busca tratar a
adolescência pela mesma ótica profunda de muitos filmes do gênero coming of
age, mas se encaixa ali por abordar o cenário da transformação hormonal teen,
ainda que de maneira superficial. Buscando apenas cumprir com a mesma meta de outras
obras adolescentes, ela extrai algumas boas risadas e serve bem ao seu
propósito, que seria aquele programa de um domingo leve, sem qualquer
compromisso com algo que seja mais sério. Além disso, a produção se esforça ao
trazer algumas referências setentistas e oitentistas com sua trilha sonora,
resgatando também a musa de John Hughes,
Molly Ringwald, e a canção-tema do clássico Clube dos Cinco, 'Don't You
Forget About Me'.
Com
piadas que se consolidam justamente nas distrações adolescentes, o filme baseado
no livro homônimo de Beth Reekles é
repleta de clichês, tem o ápice de sua narrativa nas artimanhas naturais da
faixa etária, mas é capaz de divertir. A partir de uma protagonista peculiar e
cheia de maneirismos, vivida por Joey
King, A Barraca do Beijo serve
como aquela produção que você assistiria quando não precisa e nem gostaria de
pensar em mais nada. Com um roteiro extremamente simples e uma direção que de
fato passa despercebida, a comédia poderia fazer parte daquelas produções
originais do Disney Channel, se não
fosse a quantidade surpreendente de cenas de sexo - contrariando boa parte dos
demais filmes do mesmo gênero.
E
é justamente este aspecto tão despretensioso que faz com que a comédia teen se
torne prazerosa. Se revelando como um genuíno prazer culposo, ela acaba sendo
aquele tipo de cinema que vez ou outra todos precisamos, a fim de simplesmente
nos desligarmos de qualquer coisa que seja substancial e reflexiva. Como um
doce refrigério para mentes cansadas por tamanha avidez, A Barraca do Beijo é aquele filme temerário, que faz de seus
defeitos, qualidades inesperadamente agradáveis. Talvez justamente por
significar tão pouco é que ele se torna essencialmente engraçado. E se isso não
for um clássico entretenimento, apenas admita que é o tipo de prazer culposo
que todos têm - ainda que neguem.
Eu
dei nota máxima sem culpa. E olha que já não sou mais um adolescente fã de
filmes românticos feitos para adolescentes.
Recomendo!!
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